Adelino Moura do Belenenses não mais envergará a camisola da Cruz de Cristo, e muito menos outra qualquer...

Há jogadores que nunca passam da mediania, tendo valor para ir mais além...
É o caso de Adelino Moura, vinte e nove anos e pico, jogador de futebol do Belenenses, que todos conhecem pelo FIXE.
Jogando nove anos dos seus catorze de praticante no Clube, Moura só não se fixou no grupo de honra por lá estarem atletas de valia. O Clube, que sempre contava com ele na Reserva, exercendo o lugar de capitão, também dispôs dele algumas vezes no grupo de honra, quando chamado por necessidade a tapar algum buraco.

De Moura pode dizer-se que tem uma vida pura dentro do Belenenses, jogando cada partida sempre com mais entusiasmo e espírito de sacrifício. Abandona o futebol e deixa atrás de si o rasto do dever cumprido.
A festa do Fixe foi, digamos, diferente de todas as outras, quase sem publicidade, não intervindo grandes clubes, mas apenas dois teams caseiros, o grupo de honra e a reserva de Belém, que jogaram na passada quarta-feira, à tarde, nas Salésias. A equipa principal ganhou por 2-0, com golos marcados por Pedroto e Martins.
Os grupos alinharam da seguinte maneira:
Primeira categoria: Sério; Figueiredo e Serafim; Rebelo (na segunda parte, Castela), Feliciano e Frade; Mário Reis, Martins (ex–Ferroviários do Entroncamento), André (ex–Farense), Pedroto (na segunda parte, Castanheira), e Castanheira (depois Narciso).
Reserva: Caetano (na segunda parte, Pereira ex – júnior do clube); Moura (depois Henrique Silva) e Portas; Amorim, Figueiredo 2º e Rocha (na segunda parte, Leoneto); Vieira, Narciso Pereira (ex– Seixal), substituído na segunda parte por Bruno, Etelvino (ex–Lusitânia, da Ilha Terceira), Aires Martins (depois Rocha) e Tito. No segundo tempo, Vieira e Etelvino permutaram de lugares.

Os comentários técnicos são de ordem secundária nesta partida de homenagem, apesar de se verificarem bons lances – o Belenenses deve melhorar na presente temporada! – e dos novos elementos revelarem qualidades que é o que fundamentalmente interessa.
Mas o que há principalmente a focar é o carinho que envolveu a festa do Fixe, ele próprio decerto surpreendido com movimento de tão grande ternura. O certo é que o estádio das Salésias registou elevada assistência.
Moura foi submetido há dois meses a uma operação ao menisco, mas não é isso que o leva a abandonar os rectângulos. Entende apenas haver chegado a hora da abalada. E é tudo. Disse-nos:
- Só se o meu Clube precisasse de mim é que voltaria de novo a jogar, mas não teria coragem de envergar outra camisola !
Eis, nesta simples exposição, o retrato de um homem e de um jogador, que recebeu de Francisco Mega, o presidente do Clube, a justiça de um agradecimento sincero.

In Revista "STADIUM" edição de 8 de Setembro de 1951

1 comentário:

Anónimo disse...

Boas Tardes,

Que Saudades de um Grande Presidente como Francisco Mega!

Que orgulho em ter jogadores com a alma e sentir de Adelino Moura!