Capela, Vasco e Feliciano ficaram amarrados à história do Belenenses por grossos cordões de fama, feitos de aplausos, simpatia e adoração. Eram as três «Torres de Belém». Após a conquista do título nacional de 1946, o profissionalismo, ainda escondido em várias capas, despontou para o seu fenomenal reinado. Em Belém, houve relutância em aceitar o novo estado de coisas, mas...Capela haveria de transferir-se para a Académica, a pretexto de estudar. Substituiu-o Sério. Vasco e Feliciano nunca se deixaram seduzir pelo canto de sereia dos escudos. Feliciano, um desportista e um dos defesas mais categorizados de sempre, era de uma honestidade a toda a prova, de um belenensismo como dificilmente voltará a haver – de tal modo que, antes de partir de férias, corria a assinar a ficha que o vincularia ao clube no ano seguinte, nunca exigindo dele um tostão que fosse. Mas, no final da sua época de ouro, o Celta de Vigo acenou-lhe com um contrato fabuloso: 200 contos de luvas e um salário mensal de 3000 pesetas para Feliciano e 300 contos para o Belenenses. Quase irrecusável, pois. Ficou de pensar. No regresso de férias, para espanto de todos, abeirou-se de Acácio Rosa e predispôs-se a assinar, de novo, a ficha pelo seu Belenenses. Assinou. E perdeu uma fortuna...
In "Os goleadores do século" Ed. "A BOLA"
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