José Silva de Oliveira «Bife»


Morreu o maior goleador de Mato Grosso (MS/Brasil). Artilheiro do Estádio Governador José Fragelli, morre aos 57 anos.
Morreu ontem (*), aos 57 anos, o ex-jogador José Silva de Oliveira, o “Bife”. 
Maior ídolo da história do futebol mato-grossense, ele tinha cirrose hepática, diabetes e estava há quase uma semana internado com um quadro de infecção generalizada. 
Detentor do recorde de gols marcados no estádio Verdão – 92, com as camisas de Mixto e Operário - Bife foi enterrado no Cemitério Municipal de Várzea Grande, sob o aplauso de torcedores, amigos e muitos ex-jogadores. 
Um triste reencontro para quem viveu, ou acompanhou das arquibancadas, alguns dos melhores momentos do futebol profissional do Estado. 
“Nunca houve um centro-avante como ele em Mato Grosso”, relembrou o ex-jogador Djalma de Oliveira, companheiro de Bife no Mixto. 
Rápido, mas com grande controle da bola. Eficiente, sem abdicar da beleza do toque. Bife conseguia estar sempre no tempo certo da bola e raramente perdia o equilíbrio. Essa combinação de talentos era um pesadelo para os marcadores. 
“Era muito veloz na arrancada. Mesmo assim, tinha domínio da bola e só fazia gol bonito”, disse o irmão e também ex-jogador Gerônimo Silva de Oliveira, o “Peninha”. “Além de irmão e quase um pai, pois foi quem me criou desde pequeno, era também o meu ídolo”. O talento sem igual o trouxe de Aquidauna para Campo Grande – então, no sul de Mato Grosso. 
“Aos 15 anos de idade, Bife já era campeão com o time adulto da cidade. 
Quando foram buscá-lo para o Operário de Várzea Grande, já sabiam que se tratava de um jogador diferenciado”. Como profissional, Bife teve passagens pelo Comercial, Mixto, União de Rondonópolis e São Bento (SP). 
Também chegou a ser contratado, por indicação do técnico Telê Santana, pelo Atlético Mineiro. 
“Ele ficou pouco tempo por lá, pois teve saudade dos filhos”, contou Peninha. 
Seu talento também o levou a Portugal, onde defendeu as cores do Futebol Clube do Porto e do Belenenses por um ano e meio. “No Porto, ele chegou a vice-artilheiro da temporada. Chegou a ter um rendimento melhor do que o craque do time à época”. 
Bife, porém, nunca chegou a atingir em outros gramados a dimensão alcançada por aqui. “Aqui ele foi o maior ídolo, um craque sem igual. 
E esta é uma lembrança que guardarei para sempre comigo”, dizia, entre lágrimas, o torcedor do Mixto, Frank Sabiá. 
Bife morreu pobre. Para a segunda mulher e os seis filhos – a mais nova, Rita de Cássia, com apenas sete anos – deixou apenas uma casa popular e um carro com mais de 20 anos de uso. 
Para a torcida, ficará a lembrança de gols, títulos e um sorriso que deixará saudades.
(*) 16/02/2007 - Rodrigo Vargas e Admar Portugal In “Diário de Cuiabá” de 17/02/2007


E por que ele se chamava “Bife” no futebol? Dia 31 de Maio de 2008, fui até Cuiabá e soube. O apelido do craque deu-se quando ele tinha 12 para 13 anos, já era um bom jogador entre a molecada, e sua mãe era “marmiteira”. Ou seja, ela preparava e entregava 150 marmitas por dia para os soldados de um quartel.

E a entrega era em três viagens numa velha camionete de um tio. Bife viajava atrás segurando as marmitas para que a comida não derramasse. Um dia, as marmitas estavam muito cheirosas, ele abriu uma e comeu o bife que ficava em cima do arroz e do feijão. E estava tão bom que comeu 15 bifes, ficando 35 sem “mistura”.
Entrega feita, os soldados, famintos, “sorteados” pela ausência da preciosa mistura, chiaram com o sargento. Na entrega seguinte, o moleque foi “detido” e confessou. A mãe dele não foi destituída do fornecimento, o moleque continuou fazendo as entregas, nunca mais aprontou, mas ficou com o apelido de “Bife”! Não é uma maravilha?
Texto de Reinaldo Gonçalves de Queirós

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