In Memoriam: Há um ano que Pepe morreu !

No dia 23 do corrente passará o primeiro ano sôbre o desaparecimento do inditoso internacional belenense José Manuel Soares, o «Pepe».
Figura particularmente querida, que passou mesmo a ser símbolo no nosso desporto, o recorte do saüdoso jogador reaparece-nos, na hora que passa, com as côres vivas da saüdade, nimbado suavemente com o friso de uma evocação onde há mixto de carinho e de respeito.
Stadium associa-se, no momento de consternação, á grande família dos «azues», mais que nenhuma ferida com a - ainda hoje - insubstituível perda. E, no momento em que Belém descerra uma lápide evocativa, agrega o seu pensamento maguado ao de quantos, pelo país fora, tiveram de verdadeiro e lutuoso recolhimento.

Recordando…

Morreu o Pepe, mas a sua imagem viverá sempre no espírito de todos quantos o conheceram.
Cá longe, nesta quebrada, onde veio repercutir-se o éco sentido da sua morte, Pepe contava amigos tão sinceros e admiradores tão entusiastas, como entre aqueles que o rodeavam.
Disseram-nos os redactores de o Sport Ilustrado, que tão dignamente souberam tratar das coisas do inolvidável Pepe, e os inumeráveis admiradores do Belenenses, que soube com tôda a altivez sustentar dentro do seu clube um desportista como o Pepe… Nestas linhas humildes e obscuras, a Covilhã desportista tem o fim único de relembrar o Pepe, prestando assim uma homenagem viva, embora modesta, - sentida, ainda que nobre, desejando assim levar um pouco de calor à sua campa fria, um raio de luz ao seu coração inerte. E porque Pepe era um dos grandes desportistas na verdadeira acepção da palavra.
José Manuel soares, o Pepe, desapareceu na luta em que a sua actividade se definia brilhantemente.
A sua modesta bondade, o seu coração ardente e fervoroso, tornaram-no conhecido e respeitado de todos, até mesmo dos seus adversários.
Há um ano que das fileiras do desporto a morte levou o nosso «player» internacional.
Em plena mocidade, de 22 anos, e depois de uma época em que o seu incansável coração alcançava um brilho esplendente ao desporto, Pepe morreu… Esta nova fatídica correu célere, como, afinal, tôdas as más novas, e chegou até nós, apesar de escondidos no coração de Portugal.
Era triste, então, ver a multidão num mixto de ânsia e incredulidade, perguntar a si mesmo: quem morreu? Aonde e como morreu o Pepe? É impossível; o Pepe não podia deixar-nos tão cêdo !...
Mas, infelizmente, foi possível. O popular Pepe morreu, e, com a morte, perdeu o Belenenses um grande desportista, e o desporto um grande amigo.
Pepe morreu, sim, mas a sua memória ficou vincada nos corações de todos os desportistas de Portugal e até do estrangeiro.
A Covilhã recorda com saüdade os seus feitos, e jamais esquecerá que a dentro dos seus muros Pepe passou algumas horas, que para nós foram curtos instantes.
Da memória de todos os desportistas covilhanenses jámais se apagará a figura simpática de José Manuel Soares, o Pepe.
E aos vindouros será apontada a sua fotografia, como a de um homem que soube ser leal, honrando assim o seu nome e o do seu clube.

Covilhã, 4-10-932
Joaquim R. Gonçalves

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