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Equipa de Honra do C.F. “Os Belenenses” da época 1954/55


Oliveira Martins, Serafim das Neves, Raúl Figueiredo, Vicente Lucas, Francisco Pires, Lucas «Matateu», Diamantino Silva e José Pereira.
Alberto da Silva «Tito», Miguel Di Pace, Ricardo Perez, Manuel Vinagre, António Castela, Carlos Angeja e Francisco Rocha.
Post originalmente publicado em 21/08/2008 

Um eficiente «ferrolho», Quaresma a «libero» e um felino chamado Carlos Pedro - eis o resumo da derrota do Benfica

Carlos Pedro beija Carlos Silva, junto ao banco de suplentes, durante a comemoração do primeiro dos dois golos que marcou. No meio dos dirigentes reconhece-se o treinador e antigo jogador do Clube, o argentino Ricardo Perez.
«Lágrimas... vi, sim, lágrimas nos olhos de alguns belenenses anonimamente instalados na bancada fronteira ao «aquário» reservado aos órgãos de informação. Mas eram lágrimas de alegria, fios de prata a brilharem em rostos abertos num sorriso de contagiante satisfação.    
Quando Carlos Pedro (que diria ele?) se aproximou, após o seu primeiro golo, do local dos sócios do seu clube, gesticulando e saltando - ah!, o fascínio das «loucuras» do desporto - compreendi, compreendemos todos, a razão de ser de algo que se festejava, quase que infantilmente, na bela e apetitosa tarde de ontem. 
O Belenenses a viver momentos de angustia dolorosa, com laivos de tragédia, queria significar, aliás significou isso mesmo, o regozijo que transbordava da sua alma. E não ofendeu ninguém com essa atitude. Era legitimo. Era fundamentado. Era enfim o primeiro êxito, à 12ª jornada (!), do Belenenses no «seu» Restelo. Aleluia !»
Estádio do Restelo, 1 de Janeiro de 1967 - 12ª jornada do campeonato nacional. Árbitro: Mário Mendonça.
Belenenses - Gomes; Quaresma; Rodrigues, Cardoso, Alfredo e Bernardino; Canário e Adelino; Ramos, Carlos Pedro e Simões. Treinador: Ricardo Perez
Benfica - Costa Pereira; Cavém, Raúl Machado, Humberto Fernandes e Jacinto; Santana e Coluna; Jaime Graça, Eusébio, José Augusto e Yaúca. Treinador: Fernando Riera
Marcadores: 1-0, aos 27' e 2-0, aos 40' (penalti) ambos por Carlos Pedro; 2-1, aos 80' por Coluna. 

Equipa do Belenenses embarca para o Brasil para disputar o «Torneio Internacional do Morumbi»

✈Aeroporto da Portela, Lisboa, 12/06/1957. Dr. Camilo, José Maria Pellejero, Ricardo Perez, Miguel Di Pace, Eduardo Massey e o massagista Carlos Pama aguardam o embarque para o Brasil, onde a equipa iria disputar, no Maracanã, o «Torneio Morumbi», com um misto Vasco da Gama/Santos, Flamengo e Dínamo de Zagreb (Grupo «A»).
➤ Clicando aqui pode ler o que publicámos sobre o «Torneio Internacional do Morumbi»

Belenenses vence o Porto por 4 a 3 num desafio em que os «keepers» tiveram uma tarde desastrada

«Uma oportunidade que se perde ! Teixeira, Vicente e António José (no chão) 
revelam claramente a sua ansiedade, ainda que por motivos diferentes...»
🏟 Estádio do Restelo 24/02/1957 - 23ª jornada do campeonato nacional. Estádio praticamente cheio, somente uma pequena clareira na parte inferior da bancada do topo norte. Muita da assistência viajou do norte para apoiar a sua equipa. Árbitro: Paulo de Oliveira, de Santarém. Constituição das equipas:
«Os Belenenses»: António José; Carlos Silva e Raúl Moreira; José Maria Pellejero, Raúl Figueiredo e Vicente Lucas; Miguel Di Pace, «Matateu», Ricardo Perez, Álvaro Inácio e «Tito». Treinador: Fernando Riera (chileno). 
F.C.Porto: Pinho; Virgílio e Osvaldo; José Maria Pedroto, Arcanjo e Monteiro da Costa; Hernâni, Gastão, Jaburu, Teixeira e José Maria. Treinador: Flávio Costa (brasileiro). 
⚽ Marcadores dos golos: 1-0 aos 5' por «Tito» a passe de Matateu; 1-1 aos 7' por Teixeira; 2-1 aos 44' por Matateu, no seguimento de um «corner» apontado por «Tito»; 3-1 aos 68' por «Tito» a passe de Matateu; 3-2 aos 71' por Pedroto, num remate fortíssimo fora da área; 3-3 aos 74' por Jaburu, graças a um «brinde» de António José; 4-3 aos 78' por Ricardo Perez, como se fosse um relâmpago, no seguimento de um «corner» marcado por «Tito»
Perto do final do encontro, Carlos Silva e Jaburu foram expulsos. Já após o apito final, o árbitro, tomou nota do «sururu» em que se envolveram os jogadores expulsos, Hernâni, Matateu e Pellejero. Na 4ª-feira seguinte, a Comissão de Disciplina da F.P.F. decidiu os seguintes castigos: Carlos Silva, 6 Jogos; Jaburu, 3 jogos, Hernâni, 2 Jogos, Matateu e José Maria Pellejero, 1 jogo cada um;
🏆 Resultado final: «Os Belenenses», 4 - F.C.Porto, 3
Este foi um dos dois jogos que o guarda-redes António José Fevereiro foi titular, no campeonato de 1956/57. O outro, foi na jornada seguinte (24ª), a 10 de Março, no Barreiro, contra a CUF (derrota por 3-2). António José, chegou a Belém vindo de oito épocas a representar o Sporting da Covilhã. Esteve em Belém uma única época.
António José foi igualmente titular em jogo contra o Newcastle, inserido nas festas dedicadas à Rainha Isabel II, realizado no Estádio do Restelo no dia 19 de Fevereiro de 1957. O Belenenses venceu por 2-1.

A equipa do Belenenses da época de 1956/57 em cromos dos caramelos da colecção "Favoritos do Futebol" da Altesa

Francisco Pires, José Pereira, Raúl Moreira
Carlos Silva, Raúl Figueiredo, Vicente Lucas, Miguel Di Pace
«Matateu, Vítor Miranda, Ricardo Perez e Alberto da Silva «Tito»
📘 Edição da Fábrica de Confeitaria Produtos Altesa, Lda. - Rua Tenente Raúl Cascais, 13 e 13A - Telefone 672170 - Lisboa  
➤ publicado originalmente em 03/08/2011 

A comitiva belenense que se deslocou ao Funchal em 1954

Junho de 1954, o Belenenses desloca-se à ilha da Madeira para disputar a 2ª eliminatória dos quartos-final da Taça de Portugal. Na foto reconhecem-se entre outros, José Pereira, Miguel Di Pace, Serafim das Neves, Ricardo Perez, Pires, Dimas, Diamantino, Carlos Silva, Feliciano e José Sério

Ricardo Perez

Vice-Campeão Nacional da época 1954/55
                                                 

Pires: rijo, coriáceo, forte como uma rocha

Pires, como todos os jogadores de primeiro plano, tem no futebol muitos motivos de valorização pessoal. As viagens, então, além do seu aspecto turístico, sempre agradável, proporcionam inestimável fonte de convívio social e de cultura. Aqui vemos Pires, com os seus colegas do Belenenses, na Ilha da Madeira.

Dimas, a locomotiva do expresso azul

O "Expresso azul"
Dimas está sempre em jogo e se, por vezes, os planos tácticos o obrigam a posição recuada, nunca o seu extraordinário poder de arranque deixa de se manifestar-se.
Onde está a bola estão os seus olhos - está ele todo, pode dizer-se.
De tal maneira a sua velocidade é explosiva, que houve quem lhe chamasse a "locomotiva" ou o "expresso de Belém".

Na avançada de Belém!...
Matateu, Ricardo Perez, Dimas, Francisco André e «Tito» 
Dimas, na avançada de Belém, é, hoje por hoje, elemento indispensável. Seja a extremo (direito ou esquerdo) ou a interior, o excelente jogador tem o seu lugar no quinteto. Aqui o vemos na posição de "eixo de ataque". Porque não - um dia?

Ricardo Perez

"Ricardo Perez é argentino. Nasceu em La Plata (Buenos Aires), em 25 de Agosto de 1930. Até ingressar no Belenenses, na época 1953-54, Perez representou o Estudiantes de La Plata, desde os doze anos até aos vinte e três.
Ricardo Perez é o protótipo do profissional brioso, que ama a camisola que enverga. Quer a interior ou a avançado-centro, tem-se notabilizado por ser um construtor de jogo e um marcador de espectaculares golos, que deixam a marca de subtileza do seu autor. "

A entrevista de Ricardo Perez à revista "Crónica Desportiva"

📸O maior golpe da sua carreira desportiva: o Belenenses perdeu o campeonato nos últimos minutos da pugna. O massagista Pama e o médico dr. Silva Rocha tentam consolar o argentino que sofre como um belenense de gema.


(...) Estávamos sentados na larga varanda de um dos cafés da Baixa, desdobrando-se a praça do rossio sob os nossos olhos.
Foi assim num ambiente bem lisboeta que Ricardo Perez nos contou a sua história - recordando largos trechos passados na longínqua Argentina.
- Nasci em La Plata, a 30 quilómetros de Buenos Aires - começou por nos dizer, acedendo ao nosso convite para nos fazer uma breve autobiografia. (...)
(...) Como surgiu a ideia de vir para Portugal?
- A história da minha vinda para o Belenenses é simples: Zozaia esteve em Portugal, como sabe, e quando regressou à argentina levava o encargo de arranjar dois jogadores para o Belenenses, segundo pedido do seu amigo Calixto Gomes.
E continuou:
- Zozaia, que era "persona grata" no Estudiantes pediu aos directores do clube para que me dispensassem, tendo também convidado Benitez.
- O Estudiantes acedeu...
- Sim, dispensou-me por duas épocas, mas lá os convenci a ficar completamente livre, isto é, a não fazer um "contra-passe", que me qualificasse de novo, passados os dois anos. Como tinham muitos jogadores, deram-me completa liberdade.
- Como encarou a família o convite para vir para Portugal ?
- Minha mãe não queria. Mas meu irmão concordou comigo em que estava em boa idade para procurar outro rumo na vida e viajar. E assim foi..
- Em que condições ingressou no Belenenses ?
- Contrato por duas épocas, 30 contos em cada, e ordenado mensal de 30 mil escudos.
(Comparem-se estas cifras com as ultimamente citadas e verificar-se-à que o Belenenses fez bom negócio...)
- Lembra-se da sua estreia no Belenenses ?
- Foi contra o Benfica no Estádio Nacional. Ganhámos por 1-0 (golo de Matateu). Joguei contraído, com medo das coisas me correrem mal. Bem vê, nunca tinha saído da argentina e tinha apenas 21 anos...
- Que impressões lhe suscitou então o nosso futebol ?
- Logo me pareceu de bom nível.
- E confirmaram-se os seus receios ?
- A princípio não. Julgo que agradei, mesmo. Mais tarde atravessei um período de má forma. Foi Riera que me restituiu o moral e a boa condição física.
- Desde que se encontra em Portugal já foi assediado muitas vezes para mudar de clube?
- Convites formais, não unicamente, o Académico de Viseu me endereçou uma proposta para jogador-treinador, que não aceitei pois sou muito novo ainda para assumir um cargo desses e também porque o Belenenses tem continuado a interessar-se pelos meus serviços.
- Qual foi o seu melhor golo?
- O mais precioso foi contra o F.C. porto esta época, que nos valeu uma vitória. O mais bonito, em Braga. O Matateu deu-me a bola, de cabeça, parei-a com o peito, e depois apliquei-lhe um "bico" potentíssimo.
- Qual foi o melhor jogo da sua vida?
- Foi na época passada contra o Benfica, que ganhámos por 2-1.
- E a maior alegria?
- Quando "debutei" na I Divisão argentina e vencemos o Boca Juniores.
- A maior tristeza?
- Sem dúvida alguma, quando o Belenenses perdeu o campeonato há anos.
- E qual é o lugar que mais gosta de ocupar?
- Interior. Gosto de marcar golos, e jogando recuado não se pode marcar tantos, mas parece-me que jogo melhor atrás do que à frente.
- Como encara o recrutamento de um estrangeiro para o seu lugar habitual: Suarez ?!
- Julga-me preocupado por isso? estaria bem enganado. Para mim é um estímulo. Além de que, julgo haverá lugar para dois, se não em todos, pelo menos para muitos jogos. Suarez à frente, a avançado-centro e eu...
Interrompeu-se, quando se lembrou que estava a falar à imprensa, e disse:
- Bem, isso não é das minhas atribuições; é com o técnico do clube...
Mas é evidente que, nas íntimas cogitações, Perez está convicto que pode continuar a ser útil ao Belenenses, como interior recuado.
Todavia...será certo que Perez continuará no Belenenses? Renovará o clube de Belém como todos os anos, o contrato com o jovem avançado argentino?
- Ignoro-o ! - replicou-nos.
- E se não renovar, mudará de clube em Portugal ou regressará à Argentina?
- Na altura própria resolverei. Francamente, não tenho uma ideia assente sobre isso. Sabe, eu este ano, vou à Argentina....Vou à Argentina, porque estou já cheio de saudades da família, que não vejo há seis anos já! Aproveito a viagem do Belenenses ao Brasil, e depois dali a Buenos Aires, é um "pulo"...
- Voltará?
- Para o Belenenses, decerto. Se não renovar o contrato, entretanto, não sei, lá verei o rumo a seguir!
E todos nós ficamos na expectativa se voltaremos ou não a ver o simpático e dedicado futebolista belenense, Ricardo Perez.(...)

In "Crónica Desportiva" de 16/06/1957