DI PACE – Ocupa o espaço das coisas que desejamos esquecer e não conseguimos. Quase 50 anos depois, continuo a preferir falar de outra coisa.
RECORD – Foi uma derrota que deixou marcas...
DI PACE – Deixou marcas em todos quantos a viveram. A quatro minutos do fim, vencíamos o Sporting e éramos campeões; sofremos um golo e foi o Benfica a fazer a festa. Foi uma coisa de doidos… Em suma, não tivemos sorte.
«O futebol é um negócio»
RECORD – Está desiludido com o futebol que hoje se joga?
DI PACE – Não sou do estilo saudosista, mas a verdade é que nos dias de hoje não se consegue jogar futebol. As marcações são apertadas e destruir é o objectivo principal da maioria. Dou um exemplo: não há pontapé de canto que não dê um "penalty" – os árbitros é que não assinalam as faltas na área.
RECORD – A qualidade é mais baixa…
DI PACE – O futebol tornou-se um negócio com muitos interesses financeiros, que faz fortunas à custa da televisão e da publicidade. Para os jogadores é óptimo, para os espectadores é um martírio.
«Di Stefano, Pelé e Maradona foram grandes no seu tempo»
RECORD – Tem a idade de Di Stefano (nasceram em 1926), viu Pelé e Maradona. Quem foi o melhor de todos?
DI PACE – Essa comparação não se pode fazer. Era preciso que todos tivessem jogado nas mesmas condições e em circunstâncias idênticas. O melhor de sempre não existe.
RECORD – É uma questão de sensibilidade…
DI PACE – Maradona não teve cabeça; Pelé teve, mas não tinha a habilidade de Maradona; Di Stefano era um jogador de todo o terreno, que recebia a bola do guarda-redes e era capaz de a levar até à baliza adversária. Há uma coisa sobre a qual tenho poucas dúvidas – e isso pode dizer-se: foram os melhores do tempo em que jogaram.
Autor: RUI DIAS - Record
Data: Sábado, 8 Maio de 2004
Golo espectacular contra o Vitória de Guimarães
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