Caricatura de Matateu publicada no jornal brasileiro 'O Globo', faz hoje 61 anos

"Matateu foi o tal que chegou, viu e venceu.
Ei-lo numa caricatura interessantíssima de Martins"


Caricatura publicada na página 8 da edição matutina do dia 20 de Agosto de 1952, do jornal brasileiro 'O Globo', a ilustrar uma notável matéria da autoria de Álvaro Melo e Silva, com o titulo "Matateu... Chegou, Viu e Venceu".

(...) Rodada inicial do campeonato luso. O calendário indica 23 de Setembro de 1951 e vai jogar-se no estádio das Salésias, o «clássico» Belenenses - Sporting. Ao entrar em campo integrando o quadro dos donos da casa, ninguém reparou em Matateu.
Começa o jogo, inicia-se a luta, batem-se os contendores. Os sportinguistas são favoritos, pressionam, tudo parece indicar que a vitória não lhes fugirá. Vários minutos decorridos, os espectadores atentam num jogador, no seu labor, consecutivo, no perigo que representam todos os seus lances, todas as suas escapadas, todos os seus "raids", conduzindo o couro junto às chuteiras, semeando o pânico e tornando-se figura central da peleja; é negro, não muito alto mas forte, domina bem a bola, é veloz e empolga, sobretudo quando usa o seu dribling curto e serpenteante. Tem nas costas o nº 10 mas atua  em posição adiantada, na linha do centro-avante, autêntico «ponta de lança».
Quem é ? Como se chama ? Donde veio ?
Ninguém tem tempo de pensar nas respostas. Num lance rápido e desconcertante, ei-lo que bate um, dois, três adversários, e o seu tiro não deixa dúvidas a ninguém. Tem um destino ... o fundo das redes!
Empertiga-se o Belenenses, ganha moral, luta e combate com mais ardor e confiança. A contenda ganha novos matizes e os torcedores "azuis" com o coração pequenino só tem olhos para o nº 10, esperam dele qualquer coisa de sobrehumano, qualquer coisa que nenhum dos seus companheiros conseguirá realizar.
E a bola saltita, desvia-se, morre nos pés hábeis do meia negro, dois toques de rara habilidade e intuição, umas redes que se oferecem, um goleiro que tenta impedir a consumação do ato, um tiro que parte - colocado, indiferente, venenoso. Um grito, um grito imenso ... Goooooolo !
Poucos minutos depois o juiz termina o prelio. Alguém pronuncia um nome - Matateu! 
Depois é o delírio coletivo; não há vedações, não há policias, não há proibições, não há resistências. O Belenenses havia triunfado em cima da hora por 4 a 3 e Matateu com uma exibição esplendorosa possibilitara a vitória. Os torcedores do clube da Cruz de Cristo invadiram o gramado, ergueram Matateu ao ar e passearam-no aos ombros, verdadeiramente empolgados ! (...)

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