Foto do final do jogo em que o Belenenses se sagrou campeão nacional
«Registe-se a formidável apoteose feita no final do desafio por grande número de espectadores elvenses e lisboetas, que evadiram o campo abraçando e trazendo aos ombros os jogadores belenenses.»
Estádio Municipal de Elvas, 26 de Maio de 1946, que registou " hoje a maior enchente de todos os tempos".
Constituição da equipa do Belenenses: Manuel Capela; Vasco de Oliveira e António Feliciano; Mariano Amaro, Francisco Gomes e Serafim das Neves; Armando Correia, Artur Quaresma, Manuel Andrade, José Pedro e Rafael Correia
Constituição da equipa do Sport Lisboa e Elvas (em 1947 seria rebaptizado como "O Elvas" Clube Alentejano de Desportos): Semedo; Ameixa e Santos; Rana, Alcobia e Inácio Rebelo; Morais, Massano, Patalino, Aleixo e Quim
Árbitro: Domingos Miranda, do Porto
Marcadores: 1-0, aos 3' por Patalino; 1-1, aos 67' por Quaresma; 1-2, "quase no último pontapé", por Rafael
«Elvas, 26 (crónica ao telefone, directo á nossa redacção). Iam decorridos 3 minutos quando Patalino de posse da bola e aproveitando hesitação da defesa contrária logrou bater Capela, que não teve culpas.
Depois o Belenenses reagiu e lançou-se abertamente ao ataque, obrigando os locais a defenderem-se com energia. As melhores ocasiões de que os «azuis» desfrutaram para empatar pertenceram a Rafael, que deixou fugir a bola e a Feliciano, que marcou um livre a rasar a trave.
A primeira oportunidade que o Belenenses teve para empatar verificou-se, aos 13 minutos, quando Rafael rematou com força e boa direcção. Surgiu, entretanto, um pé providencial dum defesa elvense e a ocasião perdeu-se.
Os lisboetas não se refizeram ainda da surpresa que o tento dos adversários lhes causou. Á passagem da meia hora Rafael deixa escapar uma bola que José Pedro lhe passara em boas condições, depois de Feliciano ter rematado um «livre» por alto.
O esforço dos avançados «azuis» para alcançarem o empate é notório. Mas, a defesa local, porta-se com galhardia. Por seu turno, os avançados de Elvas não perdem a oportunidade de contra-atacar e embora não o consigam muitas vezes, são, contudo, sempre perigosos. Mas o intervalo chega com o resultado de 1-0 a favor dos locais.
O Belenenses começou a segunda parte com mais vontade, mas jogando por alto, o que não é aconselhável. Quer dizer: continua a não encontrar a sua toada.
Quer Rafael, quer Armando, não fazem um centro de capaz.
Depois Feliciano marca primorosamente um livre, aos 14 minutos, mas Ameixa intervém de cabeça e perigo passa. O Belenenses está a jogar com pouca sorte. Uma defesa de Semedo para perto não encontrou adversário para a recarga.
Aos 18 minutos, Serafim esteve prestes a enfiar a bola nas suas próprias redes, quando pretendia anular uma jogada de Patalino.
Vasco fez-se punir por uma entrada desleal a um adversário, sendo repreendido por Amaro.
Os jogadores belenenses descuram, por vezes, a defesa da sua baliza e cerca da meia hora os elvenses conseguem um período de domínio.
O empate surgiu aos 22 minutos. Vasco, na posse da bola, correu em direcção á baliza contrária e perto da grande área, entregou o esférico a Quaresma, que rematou rasteiro, fora do alcance de Semedo. Fez o golo do empate.
Quaresma, endossou a Rafael, dando azo a que este marcasse o ponto da vitória. No último minuto, Feliciano foi chamado a marcar um livre, saindo a bola a centímetros do poste.
E acabou: Belenenses, 2 - S. L. Elvas, 1 »
- A foto deste post, foi publicada em 29/08/2008, com outro titulo
Página 4 da edição do «Diário de Lisboa» de 27 de Maio de 1946