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Os jogos do Jamor foram "jogos" de...Treinadores

Em Setembro de 1959, Pargana, caricaturou os quatro treinadores (Manolo Ibañez, Fernando Vaz, Otto Glória e Bela Guttmann) que treinavam as equipas dos Clubes que disputaram, no Jamor, os jogos da edição desse ano da Taça de Honra.
Só Fernando Vaz é que estaria ausente na edição de 1960. Os outros três, continuaram ao comando das mesmas equipas. 

Agora só me falta "dar" o campeonato ao Belenenses

Num cartoon datado de Setembro de 1960, Pargana, enumera os troféus que Otto Glória conquistou, e faltava conquistar, ao serviço do Belenenses.

O Belenenses de «seu» Otto fecha a época com «chave de ouro» conquistando a Taça de Portugal de 1960

O lápis de Pargana regista o Belenenses como o «campeão dos campeões» porque venceu dois dos três títulos oficiais em disputa. Iniciou a época de 1959/60 com a conquista da «Taça de Honra» e terminou vencendo a «Taça de Portugal». Em ambos os casos a «vitima» foi o Sporting. 

Belenenses conquista a Taça de Honra da A.F.L. de 1959 ao vencer o Sporting na final por 1-0

 Ilustração do genial Pargana

Estádio Nacional, 13 de Setembro de 1959. Árbitro: Virgílio Leitão, de Lisboa.
Belenenses - José Pereira; Pires e Moreira; Marciano, Figueiredo e Vicente; Dimas, Yaúca, Tonho, Matateu e Estêvão. Treinador: Otto Glória.
Sporting - Octávio de Sá; Hilário e Morato; Mendes, Galaz e Julius; Hugo, Fernando, Vadinho, Faustino e Cafum. Treinador: Fernando Vaz.
Marcador: 1-0, aos 88', por Yaúca.  

A defesa do Belenenses derrotou os minhotos alcançando um triunfo expressivo (embora enganador) e meritório

Charge relativa ao jogo, publicada no dia 07/12/1959 pelo magnifico Pargana

⚽Jogo no Estádio 28 de Maio, em Braga. Domingo, 6 de Dezembro de 1959. Jogo a contar para a 10ª jornada do campeonato nacional. Capela Nogueira, do Porto, arbitrou perante reduzida assistência. Os grupos formaram assim:

⛹Belenenses - José Pereira; Moreira e Marciano; Carlos Silva, Paz e Vicente; Dimas, Estêvão, Hugo Chavez, Matateu e Yaúca. Treinador: Otto Glória 
⛹ Sporting Clube de Braga - Faria; Armando e José Maria; Passos, Calheiros e Pinto Vieira; Velez, Livinho, Teixeira, Mendonça e Matos.
⚽ marcadores: 0-1, aos 27' por Matateu; 1-1, aos 77' por Mendonça; 1-2, aos 78' por Yaúca; 1-3, aos 85' por Estêvão; 1-4, aos 89' auto-golo de Pinto Vieira. E assim terminou o encontro com 4-1 a favor do Belenenses.
⛹ José Pereira, foi a grande figura do desafio. Bem apoiado pelos companheiros, especialmente por Paz, José Pereira formou o melhor sector do seu quadro, podendo até dizer-se que foi o reduto defensivo que venceu o jogo. Na linha avançada, Dimas, Matateu, Yaúca e Chavez, mostraram-se sempre perigosos. Nos locais, Livinho fez talvez o seu melhor jogo desde que está ao serviço aos minhotos.

O Porto perdeu com o Belenenses no seu próprio campo. Esforço e recompensa para os «Azuis» de Belém

Charge relativa ao jogo publicada no dia 19/10/1959 pelo magnifico Pargana

⚽Estádio das Antas, 18 de Outubro de 1959. Jogo a contar para a 5ª jornada do campeonato nacional. Mário Costa, de Braga arbitrou perante uma grande assistência.
⛹Belenenses - José Pereira; Pires e Moreira; Carlos Silva, Paz e Vicente; Dimas, Carvalho, Vítor Silva, Matateu e Yaúca. Treinador: Otto Glória.
⛹F.C.Porto - Acúrsio; Virgílio e Barbosa; Luís Roberto, Miguel Arcanjo e Monteiro da Costa; Morais, Hernâni, Humatá, Ferreirinha e Perdigão. Treinador: Ettore Puricelli.
⚽ marcadores: 1-0, aos 16' por Hernâni; 1-1, aos 28' por Yaúca; 1-2, aos 43' por Yaúca; 2-2, aos 68' por Humaitá; 2-3, aos 70' por Matateu. 
Com o Porto a procurar o empate e o Belenenses a garantir a vitória, terminou: Porto, 2 - Belenenses, 3

Quem o Viu e Quem o Vê

José Manuel Castro em 1962 e em 2013 (foto "A Bola")
Vencedor da Taça de Portugal e da Taça de Honra de 1960

  • «Pelos jogadores, Eusébio tinha ido para o... Belenenses»

José Manuel Castro, ex-jogador do Belenenses e Académica e que treinou, em Moçambique, Desportivo, Ferroviário e Seleção nacional, revela que no Verão de 1960, vários jogadores dos azuis pediram ao treinador Otto Glória e aos dirigentes para contratarem urgentemente um miúdo que ainda não conheciam e que se chamava... Eusébio da Silva Ferreira.   

Vencedora da Taça de Portugal de 1960, a equipa do Belenenses fez, no final da época, uma digressão por Angola e Moçambique. Em Maputo, defrontou o Sporting de Lourenço Marques (hoje Maxaquene), seleção de Maputo e seleção de naturais. E José Castro, a A BOLA, conta o que aconteceu.  

«Fiquei com a incumbência de marcar um jogador que tinha apenas 18 anos. Fiquei de boca aberta com o que vi. Marcá-lo era um tormento para qualquer jogador. Perguntei-lhe o nome, disse-me que se chamava... Eusébio», conta. 

«Após o primeiro jogo que ele fez contra nós, alguns jogadores, eu incluído, foram ter com o nosso treinador, o Otto Glória, e dissemos: `temos de levar este jogador. O miúdo é um talento enorme`», junta José Castro. E o que aconteceu a seguir? «O treinador desvalorizou um pouco. Disse que como aquele jogador havia muitos. Deve ter sido o pior erro de julgamento do Otto Glória», respondeu.   

Apesar do aparente desinteresse do treinador, o certo é que o Belenenses não esqueceu Eusébio. E incumbiu um representante em Maputo de falar com a família e ver se era possível contratar o Eusébio para o Belenenses.  

«A pessoa que ficou a tratar não era do mundo do futebol, não deu o andamento rápido que era preciso, não foi hábil e, poucos meses depois, o Benfica contratou-o», resumiu.  «Já tínhamos o Matateu, imagine se o Belenenses tem sido mais rápido e hábil e tivesse contratado o Eusébio?»...  
  • Recordar Matateu  
José Castro fez toda a formação no Belenenses e ali jogou até ter 24 anos. Depois, decidiu mudar de ares e foi para a Académica.
  
«O Matateu estava a ter uma fase menos produtiva e começou a ser maltratado, ele que era o nosso abono de família. Uma vez, ele estava farto de ouvir um treinador a dar a palestra tática, pediu a palavra e disse: `deixe lá a tática e ponham mas é a bola no meu pé que eu resolvo...` Isto para lhe dizer que se estavam a tratar assim o Matateu, imagine o que fariam comigo. E como até queria ir para a Universidade, apostei na Académica», conta.
  
Em Coimbra, com 29 anos, viu terminada a carreira devido a uma lesão grave no joelho direito. Foi convidado para treinador-adjunto de Mário Wilson e, depois, Juca.  

Ainda regressou ao Belenenses para o departamento de futebol, mas desligou-se - tirando os veteranos dos azuis - em 1974, dedicando-se em exclusivo à profissão de Engenheiro Químico.

Excerto da entrevista de José Castro a Jorge Pessoa e Silva, para o jornal "A Bola", edição de 2 de Maio de 2013

Otto Glória e Fernando Vaz

  • Otto Martins Glória, (Rio de Janeiro, 9 de Janeiro de 1917 - 2 de Setembro de 1986) treinador do Belenenses em 1959-60 (3º lugar) e 1960-61 (5º lugar). Vencedor da Taça de Portugal de 1959-60.
  • Fernando Vaz, (Lisboa, 5 de Agosto de 1918 - 25 de Agosto de 1986) treinador do Belenenses na época de 1951-52 (4º lugar), 1952-53 (3º lugar), 1958-58 (3º lugar), 1962-63 (4º lugar) e 1963-64 (6º lugar). Ficou na história do Belenenses por ter sido o treinador que 'empurrou' Matateu para fora do clube, afirmando que ele estava acabado para o futebol. Acácio Rosa lutou, 'sózinho', contra tal malfeitoria, a qual nunca perdoou. 
  • As fotos de ambos treinadores são datadas de 1959.

Os treinadores vencedores da «Taça de Portugal» de 1960 e 1989 vistos pelo lápis de Francisco Zambujal


Os treinadores brasileiros Marinho Peres e Otto Glória, vencedores da Taça de Portugal de 1989 e 1960 respectivamente, no traço único e inimitável de Francisco Zambujal.

Otto Glória pelo lápis de Francisco Zambujal


Vencedor da Taça de Portugal de 1960

Foi para o Belenenses, a troco de um ordenado mensal de 10 contos e 70 de luvas. Com a cruz de Cristo, ganhou a Taça de Portugal, contra o Sporting, graças a um golo de Matateu, que, no final da partida, declarou: «O sr. Otto é bruxo!»
Alguns meses depois, sem acabar o contrato que o ligava ao Belenenses, ingressou no Sporting.
Na véspera rescindira o contrato, dizendo que queria regressar ao Brasil. Foi parar a Alvalade. Assinara em Março, mas, em Outubro, indignado com as posições tomadas a seu respeito pelo Boletim do Sporting, despediu-se. Abruptamente.
Por uma questão de honra. Lançara frase que ficaria famosa, que não poderia fazer omeletas sem ovos, e os redactores sportinguistas não lhe perdoaram.
Poucos dias antes havia dito: «Quando não se pode andar de casaco, anda-se de jaqueta.» Era assim: um poeta no futebol. Sempre com frases desconcertantes na ponta da língua.

In "100 figuras do futebol português" Ed. "A BOLA"