A 1ª viagem ao estrangeiro, do Belenenses, foi feita pela equipa Campeã de Lisboa 1929/30

Marrocos, 31 de Março de 1929 - de pé e da esquerda para a direita: Rodolfo Faroleiro, Severo Tiago, José Manuel Soares "Pepe", Carlos Seabra, João Dória, José Luíz, Augusto Silva, Carlos Rodrigues, João Belo, Joaquim Almeida, Alberto Bernardo «Bolacheiro», César de Matos e Júlio Marques. Agachados: os dois "keepers azues"; João Tomás e Jerónimo Morais

A equipa do Belenenses vencedora da Taça «Mutilados da Guerra»

Foto do «onze» que disputou a final contra o Carcavelinhos (2-1), no dia 8 de Julho de 1923
De pé: César de Matos, Azevedo, Alberto Rio, José Pires, Mário Duarte, Fernando António, Joaquim Rio e Joaquim Almeida. Sentados: Júlio Morais, Augusto Silva e Anacleto

Taça «Mutilados da Guerra», o primeiro troféu conquistado pelo Belenenses

"Com a inscrição de oito clubes, que jogariam por sorteio em eliminações sucessivas, foi posta em disputa, pela 2ª vez, na época de 1920-21.
Coube a vitória ao Belenenses.
Na sede do Clube ficou de novo o mais importante e valioso troféu, que até então se disputara em provas desportivas.
Hoje ainda, esta taça é das mais imponentes que existem no País. O Clube entrara na sua posse provisória, para dois anos depois a conquistar definitivamente." Acácio Rosa


Os jogadores que, em 23 de Junho de 1921, conquistaram definitivamente o 1º troféu da História do Belenenses: Mário Duarte, César de Matos, Eduardo Azevedo, Alberto Rio, José Pires, Fernando António, Joaquim Rio, Joaquim Almeida, Júlio Morais, Augusto Silva e Anacleto.

Luís Filipe Andrade de Oliveira

Andrade, Valdo e Fertout

João Vieira Pinto e Andrade

Andrade, um grande profissional, representou o Belenenses nas épocas 1996-97 e 97-98

Fotos do álbum de Andrade, amigo do BI, no Facebook

Quem os viu e quem os vê...(II)

Gonçalves, Vicente Lucas e Celestino Ruas


Gonçalves, Vicente Lucas, Calila, Jaime e Pio

Fotos da página dos Veteranos no Facebook

A equipa do Belenenses em cromos da colecção «Futebol 2002-03», edição Panini (I)


  • Marco Aurélio, Franklin, Wilson, Orestes, Filgueira, Carlos Fernandes, Francisco Silva, Tuck e Rogério.

  • Craques em destaque: Wilson (a voz de comando dos azuis do Restelo) e Neca (classe, visão de jogo e poder rematador)
  • Últimas novidades: Antchouet e Sousa.

A equipa do Belenenses em cromos da colecção «Futebol 2000-01», edição Panini (II)


João Paulo Candeias Brito, Eliel Henrique dos Santos, Jesus Seba Hernandez, Arlindo Gomes Semedo 'Cafú', Rui Pedro Viegas Silva G. Duarte, Nerival Bezerra 'Verona', Marcos Fernando Nangi 'Marcão', José Augusto Santana Santos 'Guga', Marco A. Pinto da Silva Botelho

A equipa do Belenenses em cromos da colecção «Futebol 2000-01», edição Panini (I)


Marco Aurélio Siqueira, Paulo Sérgio Martinho Cabra, Luiz Carlos Filgueiras, Pedro Ricardo Quintela Henriques, Wilson Constantino Novo Estrela, Franklin Luís Manuel, José Carlos Fernandes Vidigal 'Lito', João Carlos Novo A. Gonçalves 'Tuck', João Alexandre Duarte Fernandes 'Neca'

Zé Afonso

José Afonso Moreira Ferreira, Nasceu em Conceição do Castelo - ES (Brasil) a 07-11-71. 
Atacante de grande envergadura física (192 cm de altura e mais de 90 kg de peso) representou entre outros clubes o Grêmio de Porto Alegre (4 épocas), Guarani (SP) e América Mineiro (MG).
Jogou no Belenenses na época 2001-02 (12 jogos, 6 deles incompletos: num total de 585 minutos) e marcou 4 golos, sendo um deles inesquecível, porque já tem indícios de histórico, nas Antas, dando a vitória ao Belenenses.
O Zé, chegou ao Restelo pela "mão" de Marinho Peres: "baratinho" e útil para a equipa. Tão útil que até a defesa central jogou.

Rui Manuel Guerreiro Nobre Esteves

Nasceu em Lisboa em 30/01/1967
Posição: médio - Plantel de 1995-96
[11 jogos completos e 12 incompletos]
e 1996-97 [34 jogos completos: 3 golos]

A solução ! - Escolas, escolas carinho e ensino sem interrupções “Belém viveiro de jogadores”, a verdade dos primeiros 25 anos do Belenenses.




Lembrar as palavras sábias de Homero Serpa (A Solução ! - como ele escreveu), através de três equipas de três diferentes modalidades, representando duas gerações de juventude Belenense: Andebol (1986-87), Futsal (2009-10) e Futebol (Infantis B, 2009-10).

Eleições: 'Os Belenenses' dão sinais insofismáveis de querer acabar com as «Comissões Liquidatárias» - Quem ousará traí-los?

Plano de acção da Lista "B" (para memória futura)
"O Belenenses precisa dum presidente que goste da bola mas que não se esqueça das outras actividades. O atletismo deu muitas alegrias e taças ao clube assim como as outras actividades.
Parabéns ao presidente eleito, da Georgete Duarte, A Gazela de Belém"
Dona Georgete Duarte in Belenenses Ilustrado no Facebook
O NOSSO CADERNO DE ENCARGOS
1) Modalidades. Se nos últimos anos a sala de troféus vai mantendo o seu estatuto de condomínio de luxo, ao invés dos T0 de outros emblemas com mediatismo esporádico, é às modalidades que o clube deve agradecer.
Urgente, por isso, acabar de uma vez por todas com a indefinição em torno desta matéria e com as respostas vagas. 90 anos de História dizem que é possível um Belenenses plural e ecléctico.
O respeito por aqueles que no passado contribuíram com o seu esforço e dedicação para construir um património desportivo invejável deve estar acima da “solução mais fácil”.
A “escola” que vai crescendo, da qual os recentes êxitos do rugby, voleibol, andebol ou futsal são bons exemplos, deve ser observada como uma oportunidade e não como um problema.
Saber tirar partido de uma conjectura favorável. Hoje, dos emblemas mais representativos de Lisboa, apenas no Restelo a prática desportiva mantém-se em actividade e concentrada na cidade.
Os rivais dispersaram para a periferia onde vão concentrando a formação dos seus atletas. É a oportunidade para o clube cativar jovens desportistas, ao mesmo tempo que vai incutindo nestes a paixão pelo Clube assegurando a renovação geracional dos seus adeptos.

2) Séc XXI. A modernização do clube a vários níveis com medidas que de tão simples a sua não concretização até ao momento dava só por si um case-study. O pagamento de quotas por MB ou transferência bancária.
Introdução do bilhete de época a preços apelativos, com opção para sócios e não sócios.
Uma loja azul com imaginação e criatividade, sabendo tirar partido de um mundo de oportunidades que a História deste emblema permite.

3) Futebol. Construir uma equipa com ADN Belenenses. Com identidade. Começando no treinador e prolongando-se pelo restante plantel. Dotar o clube de um departamento de prospecção eficaz e competente.

4) Infra-estruturas. Renovar as condições nas piscinas, no pavilhão Acácio Rosa e promover uma utilização mais racional do espaço, nomeadamente no que respeita à sua utilização pelos atletas de formação.
Conscientes das dificuldades financeiras do clube, procurar estabelecer parcerias para eventuais patrocínios que permitam reduzir substancialmente os custos. Por exemplo negociar o naming do pavilhão.

5) Comunicação. Um site oficial digno desse nome, acabando com uma triste realidade que faz com que do ponto de vista informativo certos blogues sejam mais úteis do que o órgão máximo de comunicação do clube.
Apostar numa campanha de marketing que não se esgote numa triste faixa “faça-se sócio” escondida algures na bancada de sócios, onde estão pessoas que…..já são sócios.
Ser ousado e alargar horizontes. Maior intervenção pública e defesa do clube perante eventuais tratamentos injustos na comunicação social. Desde a questão das “secretarias”, que provocou danos irreparáveis na imagem por nunca ter merecido resposta digna desse nome, até às notícias surgidas na imprensa, em vésperas de arrancar as meias-finais do playoff de futsal, onde atletas do clube são dados como certos em emblemas rivais na disputa do título.

6) Inovação. No fundo assumir um Belenenses diferente, orgulhoso do seu passado mas com os olhos postos no futuro e com uma matiz moderna que acabe de vez com as ideias feitas sobre um clube envelhecido, amorfo e sem capacidade de se re-inventar.
Quem vive o Belenenses sabe que a realidade está muito longe do que defendem os “Bonifácios” deste país, e que no Restelo há muito mais do que “meia dúzia de velhotes”.
Só falta é avisar as pessoas lá fora que isto é mesmo verdade e que elas são mais do que bem-vindas a juntar-se à família.
Gennaro (o BI subscreve na integra).

Belenenses-Sporting nas Salésias, em jogo para a «Taça de Honra» de Lisboa


"BELENENSES - SPORTING nas Salésias - Sidónio carrega lealmente e dificulta a acção de Sério. A bola escapa-se, mas o guarda-redes executará mais tarde a defesa.
Os guarda-redes estão expostos às cargas, e devem ser protegidos quanto possível !"
Capa da revista "Stadium" de 22 de Outubro de 1947


  1. Jesus Correia, levando a melhor em luta com Serafim, que ainda se vê junto dele, dispara o golpe certeiro. Feliciano, vendo o perigo, acorre lesto, mas já era tarde… A bola anichara-se nas redes, onde ele se agarra desesperadamente…Jesus Correia e Sidónio cantam vitória erguendo os braços !
  2. Sidónio joga a bola de cabaça para Albano; Feliciano e Figueiredo preparam-se para cortar o golpe !
  3. Uma fase curiosa junto das balisas de Belém ! O guardaredes, estendido na selva, procura ansiosamente agarrar a bola que está entre os pés dos belenenses - sem aparecer um pé sportinguista que a empurre !
  4. Um bom defesa procede desta maneira ! Azevedo, num mergulho, é protegido por Soeiro, Moreira está no chão, e F. Rocha vem ao lance !
  5. Azevedo blocou a bola com segurança, Soeiro, ocorre, e Narciso não perdeu de todo as esperanças…

Notas do Belenenses - Sporting:

  1. Dizem que o futebol é um desporto de inverno contra-indicado nos dias de calor. Mas no domingo passado jogou-se...
  2. Começa o desafio nas Salésias, e logo o extremo Albano chocou nos pés de Vasco e deu umas bizarras reviravoltas no ar. Soubemos depois que se tratava de um número de circo ensaiado pelos dois jogadores.
  3. Quando dois elementos, um alto e outro baixo, lutam contra o outro, vê-se com mais clareza o que falta ao mais baixo mas especialmente o que não tem o mais alto.
  4. A primeira fase das Salésias foi muito confusa ! Por isso não chegou a ver-se nada…
  5. Num lance próximo das balizas, quando dois belenenses perseguiam a bola, Azevedo defendeu sem hesitações a pontapé e a bola foi parar ao meio do campo. Prova-se, deste modo, que Azevedo sabe fazer uma coisa que os guarda-redes ingleses também sabem fazer…
  6. Um adepto belenenses de boa qualidade diz-nos antes de começar o encontro, que o extremo-direito Manuel Rocha era igual aos outros argentinos, isto é, tão bom como eles. Recolhemos pacificamente esta opinião. E não nos custa nada acreditar que haja lá pela Argentina jogadores tão bons como este argentino do Belenenses !
  7. A avançado-centro do Sporting alinhou Sidónio. Mas Peyroteo, o titular, também jogou. Numa das vezes que a bola saiu pela linha lateral aplicou uma cabeça certeira e à Lawton, de cima para baixo…Calculamos que semelhante intromissão não será fundamento protesto…
  8. Entre um homem chamado Feliciano e outro homem chamado Sidónio deram-se várias colisões…Qual dos dois ficaria mais amolgado? As opiniões dividem-se mas nós achamos que é difícil escolher !
  9. De repente, sucedem-se coisas espantosas no futebol português…Soeiro, o novato acabou com o mesmo fôlego com que começou; e também lá estava em campo um jogador chamado Moreira…
  10. Quando Jesus Correia tem a bola nos pés - a terra estremece…
  11. O Sporting teve uma sorte diabólica no passado domingo ! Jogou num campo e venceu em dois lados !

Matateu: O Deus Velho - que não dizia mal de ninguém !

Matateu-Monumento foi incubado nas Salésias, num famoso encontro de futebol que opôs as equipas do Belenenses e do Sporting.
Fautor primeiro da clamorosa vitória do grupo de Belém, o rapaz foi sacado aos ombros por uma multidão congestiva, que o transportou pela provecta Rua das Casas do Trabalho, onde meninas se debruçavam das janelas, subtraindo da morfologia do negro atónito resquícios de uma beleza de Apolo. E exclamaram:
«Que simpático !»
«Bonito, mesmo !»
A coroação processou-se no dia imediato.
Cronistas desportivos, em lufa-lufa de imagética, besuntaram o nome de Lucas Sebastião da Fonseca com cognomes bizarros: «O Napoleão do Futebol Português», «O Artilheiro Negro» ou «Perigo na Grande Área com Matateu ao Remate».
Foi assim. depois, certa imprensa alvoroçou-se em atribuir-lhe comentários aos sistemas de jogo, dissertações didácticas sobre a galeria de futebolistas portugueses, avisos esclarecidos sobre as grandezas e misérias da bola.
Matateu (termo que no dialecto landim, significa «crosta»), perplexo, deslumbrado, deixou-se ir nas sugestões da popularidade doméstica.
Sofreu, de bom grado, as metamorfoses psicológicas determinadas pela súbita celebridade - mas nada conseguiu destruir-lhe a pureza inicial.
A metade-instinto de que o carácter do homem é formado permaneceu fiel em si. As subtilezas da corrente arte da hipocrisia não aprendeu nunca. Os malabarismos com as palavras - desconhece-os.
Matateu não sabe nada de nada e confessa isso abertamente, honradamente, porque a honra, nele, não é uma conquista, mas um instinto nato.
Falo com Matateu, Pergunto:
- Costuma ler ?
Ele: - Jornais. A secção desportiva dos jornais. Gosto muito de ver o meu nome nos jornais.
- Sabe quem é Hemingway ?
- Não.
- E Picasso ?
- Esse também não.
- E Aquilino Ribeiro ?
- N… Espere aí… Ribeiro, disse Aq… a quê? A-qui-ni-lo Ribeiro ?
- Não foi Aquinilo Ribeiro, foi Aquilino Ribeiro.
- Pois. Não, não conheço mesmo nada desse nome.
- Gosta de música ?
- Um pouco.
- Sabe quem foi Beethoven ?
- Não.
- E Wagner ?
- Não.
- Mas gosta de música ?
- Um pouco. Samba. Sim, gosto de samba.
- Sabe quem foi Dick Farney ?
- Não.
- E Maysa Matarazzo ?
- Não.
- Que divertimentos prefere ?
- O cinema. Mas é uma chatice. Adormeço sempre. As letras daquilo que eles dizem passam a correr. adormeço sempre.
- Leu alguma vez um livro ?
- Nunca até ao fim.
- Porquê ?
- Não percebo o que os livros querem dizer.
- Você tem viajado muito. de que país gostou mais ?
- Da Itália.
- Porquê ?
- Por causa das mulheres. Lindas. Comi algumas. muito boas. Gosto bastante da Itália. Que rico país para um preto viver !
- Ouça uma coisa, Matateu…
- Olhe, escreva o que quiser; é assim que eu faço sempre, quando estou com um jornalista que me parece bom rapaz. Escreva o que quiser e ponha essas palavras na minha boca. À vontade. Mas não ponha lá que eu disse mal… Matateu não diz mal de ninguém !
Que factores típicos originam, entre nós, o aparecimento e a fomentação dos «monumentos-mitos»?
O caso de Matateu é particularmente relevante para, sem delírios de interpretação, nos aproximarmos de uma perspectiva justa.
O factor «paixão clubista» é, aqui, periférico, pois o avançado belenense não é um caso local, mas sim geral.
Problemas de ordem vária entre os quais um, porventura o mais importante, o de sociologia, entram na parada: repare-se que, servindo-nos da tábua cronológica, Vítor Silva e Pepe, Pinga e Mourão, Chico Ferreira e Rogério, foram famosos no seu tempo - mas não tão populares como Matateu.
Porquê ? Porque, nos últimos decénios, os adeptos do futebol aumentaram em cifras impressionantes, implicando, necessariamente, o aparecimento de uma imprensa dita especializada, com terminologia e características próprias, assim como o desenvolvimento, na rádio e na televisão, de programas estritamente dedicados ao futebol. É diferente vistoriar se foi acréscimo do público adepto que originou o acréscimo de uma nova teoria informativa, ou vice-versa. A verdade porém, é que vários jornalistas desportivos passaram a ser conhecidos, e discutidas as suas opiniões, só depois das duas últimas décadas, embora muitos de entre eles (agora com o académico rótulo de «mestres») tivessem na banca assente nos periódicos de há mais de trinta anos.
Pormenor curioso: quase todos os «mestres» conseguiram um estilo redactorial típico. que lhes conferiu uma chancela de elite.
De facto, ao analisarmos as prosas de Cândido de Oliveira, Ribeiro dos Reis, Tavares da Silva, Raul de Oliveira ou Ricardo Ornellas, verificamos que reflectem um tom contrapontístico com o dos originais dos jornalistas desportivos considerados menores.
A reforçar esta concretização de pormenor vem, depois, o facto de o futebol receber um decisivo apoio das entidades governamentais: as facilidades e as verbas concedidas para a construção de estádios e de campos de jogos, as medalhas e as honras atribuídas, são do conhecimento geral.
Uma sociologia específica ? Sem dúvida. E com toda a espécie de razões implicativas: interesses privados, primazia do acessório em detrimento do essencial…
Matateu-Monumento é uma consequência, não um princípio. Em Lourenço Marques, donde é natural, levava uma existência sem sobressaltos, saudavelmente rotineira. Tinha amigos, as solicitações de que era objecto traduziam-se nas necessidades mais elementares, praticava o futebol como actividade marginal e tencionava especializar-se num ofício mecânico.
Gostavam dele como era, não por aquilo que era.
Há alguns meses, durante uma viagem que fez a Lourenço Marques, o autor destas linhas notou que o círculo dos amigos de Matateu se disseminara: tomavam-no por uma espécie de apóstata. De tal maneira ele estava que já nem falava landim !

(Posteriormente, na conversa que tive com o futebolista, este próprio me confirmou que se esquecera, quase totalmente do dialecto.)

Os largos anos passados em Lisboa haviam-no transformado, sem que talvez ele mesmo se apercebesse. 
Matateu todos os gatos e cães de pêlo escuro ? O automóvel ? As viagens ? O certo é que o jogador de futebol. Arredado do seu habitat natural, continua, apesar de viver há largos anos na capital portuguesa, a não resistir à mais banal sabatina.
O que se lhe tem imputado como de sua lavra é inventado - é uma tenebrosa traição ao próprio Matateu.
Que não diz mal de ninguém. Que nunca leu um livro até ao fim, porque não entende o que os livros dizem.

Baptista Bastos, in "As Palavras dos Outros" (2ª edição, revista e aumentada - 1975) Editorial Futura.