Mostrar mensagens com a etiqueta Georgette Duarte. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Georgette Duarte. Mostrar todas as mensagens

Francelina Moita (do Belenenses) vice-campeã nacional dos 80 metros barreiras

🏃Olga Ribeiro (Sporting C.P.), Francelina Moita (C.F. Os Belenenses) e Georgette Duarte (Casa Pia A.C.), respectivamente 1ª, 2ª e 3ª classificadas nos 80 metros barreiras. A vencedora estabeleceu novo «record» nacional. 
Setembro de 1943 

Equipa Feminina de Atletismo do Belenenses Campeã de Portugal e de Lisboa da época 1954/55

De pé e da esquerda para a direita: Hermenegildo Gomes (dirigente), Maria Orminda, Maria Helena Gonçalves, Judite Rodrigues, Laura Rodrigues, e João Inácio Silva (massagista). Agachadas: Georgete Duarte, Rosália Pena, Celeste Trindade, Georgete Moura e Fernanda Amaro

Imagens da inauguração do Estádio do Restelo


  1. Içar da bandeira, pela primeira vez, no Estádio do Restelo;
  2. O Presidente da República, General Craveiro Lopes, condecora o estandarte do Belenenses;
  3. O sócio-fundador do C.F.B., Francisco Pereira, empunhando o estandarte condecorado, ladeado pelos atletas Georgete Duarte e Rui Ramos;
  4. Homenagem da Federação e Associação de Lisboa de futebol, Passos e Travaços transportam os respectivos estandartes;
  5. A representação do Benfica associa-se à homenagem dos clubes, o atleta olímpico Matos Fernandes é o porta-estandarte, ladeado pelo futebolista Jacinto e pelo hoquista Fernando Cruzeiro;
  6. A parada dos atletas belenenses;
  7. Miranda marca o primeiro golo do Estádio do Restelo;
  8. Gabriel vai marcar o primeiro golo dos visitantes do novo parque de jogos;
  9. O presidente da Assembleia Geral do C.F. "Os Belenenses" entrega a Taça "Restelo" a Figueiredo, "capitão" dos "azuis", vencedores do desafio inaugural do novo Estádio.
post publicado originalmente em 24/10/2009 

Georgete Duarte


"Símbolo do atletismo em Portugal, Georgette Duarte, é homenageada na Sexta-feira à noite no Restelo, figurando no programa atletismo e futebol e com o concurso dos clubes Benfica, Sporting, Casa Pia, Belenenses, CDUL, Atlético, Sport Lisboa e Saudade e Velha Guarda Belenense."
Post publicado originalmente em 25/01/2008

Estandarte ao Alto

23 de Setembro de 1956 - Inauguração do Estádio do Restelo
Três grandes Belenenses: Georgete Duarte, Rui Ramos e Serafim das Neves
Futebol e Ecletismo, eis o Clube de Futebol "Os Belenenses"

Lucinda Simões é uma das mais valorosas atletas do Belenenses

revista "Stadium" de 20 de Novembro de 1946
Legenda da foto: «Lucinda Simões, uma das mais valorosas atletas do Belenenses, que é ao mesmo tempo uma fresca e graciosa rapariga»

📷 A foto: a revista "Stadium", certamente por lapso, ao invés de publicar a  foto de Lucinda Simões, publicou a de Georgete Duarte.

Georgete Duarte, a Eterna Campeã das Campeãs e Campeões Belenenses

Vá lá, na primeira vez em que voltei aqui, 
às Salésias, as lágrimas fugiram-me dos olhos

Custa muito ver esta miséria. Foi aqui que encontrei o meu destino e daqui que parti para ir pôr a primeira pedra ao Restelo.
Como é que o atletismo entrou na minha vida? O meu pai era maquinista dos Caminhos de Ferro - e para ter passe grátis fui jogar basquetebol para o Ateneu Ferroviário.
Uma colega desafiou-me para as corridas, fui com ela para o Casa Pia.
Também fazia voleibol e pingue-pongue. Pingue-pongue foi pelo Benfica porque senhor do Ferroviário, que tocava guitarra com a Dona Amália, viu-me jogar com os rapazes, era todo benfiquista, dirigente, achou que eu tinha jeito, levou-me para lá, para os campeonatos. Mas paixão era o atletismo, deixei tudo o resto..."
.
"Olhe, ali ainda um pedaço do rebordo da pista. Não, a minha primeira vitória não foi aqui, foi no Lumiar, no velho estádio do Sporting. O meu pai não sabia que eu corria, eu tinha assinado a ficha como se fosse ele, ninguém notou. Um fogueiro do comboio apareceu-lhe com um jornal a perguntar-lhe se a rapariga que lá estava não era a filha dele. Era, numa reportagem do Casa Pia. Soube da corrida, apareceu no Lumiar e ao aperceber-me dele nas bancadas fiquei em pânico, a gritar que não corria, não e não.
Os senhores do Casa Pia foram pedir-lhe autorização, disse que sim. Ganhei e nunca mais me esqueci da imagem do meu pai, eufórico, a bater palmas.» Essa foi uma prova de 100 metros. Algures, por 1944."
.
"Blocos de partida não havia — fazíamos buracos no chão, escavávamos a pista, até os pés ficarem presos. Foi sempre assim, comigo. Bicos, só quando passei do Casa Pia para o Belenenses, mas eram uma coisa muito tosca, feitos por sapateiros que lhe encaixavam pregos nas solas. Às vezes, os bicos soltavam-se, espetavam-se nos pés, acabávamos as provas a coxear.O que eu mais gostava de fazer era barreiras. Na primeira vez que apareci no Belenenses, Alberto Freitas, o nosso treinador, mandou-me passar uma barreira e... a única coisa que disse foi: Meu Deus, que mulher nós temos..."
.
"É verdade, para além das 11 vezes que fui campeã nas barreiras e das nove no comprimento, ganhei oito vezes os 100, cinco nos 200, quatro no pentatlo e poderia ter sido campeã de Portugal muitas mais.
Os regulamentos não me deixavam fazer as provas que queria, nem estafetas, nem altura. Nas únicas três vezes em que pude ir ao salto em altura nos campeonatos, venci.
Colchões, não havia! Fazia-se um monte de areia para amortecer a queda, saíamos, todas, de lá esfoladas. Não, não treinava muito, só antes dos campeonatos, oito vezes, duas por semana.
Sabe porquê? Nem os oito tostões para o eléctrico me davam, tinha de vir por minha conta. Acácio Rosa, um dos nossos dirigentes históricos, oferecia-me alpercatas para correr e às vezes o dinheiro para os bilhetes que gastava nessas oito vezes..."
.
"Eu era da Moita, sempre lá morei. Agora a Moita está grande, mas naquela altura era só campo, repolhos, batatas, os batelões que levavam a hortaliça para Lisboa, meia dúzia de casas.
O que eu passava por ser como era. Havia um rio onde as mulheres lavavam roupa e ao verem-me a caminho do comboio chamavam-me tudo.
Às vezes chorava, de raiva. Depois casei, ainda foi pior, mesmo com o meu marido comigo.
A primeira vez que fui à televisão, em 1958, havia só um café na Moita, as mulheres a espreitar na vidraça, a dizerem: que vergonha, até na televisão ela aparece! Não sei se uma prostituta teria tantos nomes como eu tive, tanto falatório, só porque andava a correr de calções.Eu era uma moça... boazonazinha, por isso os rapazes da Moita vinham a Lisboa às provas só para me verem as pernas.
Às vezes penso que se me tivessem dado condições, tinha sido campeã da Europa, olímpica. Com as minhas qualidades, vontade...
Era empregada na CUF, no departamento de projectos. Depois do trabalho e dos treinos ainda tinha a lida da casa.
No atletismo nunca ganhei nada. Fizeram-me uma homenagem nas Salésias em 1952 e uma festa de despedida no Restelo. Foram as únicas vezes que me deram dinheiro. Sabe para o que deu? Comprar a mobília para a minha casa..."
.
No BI de Georgete Duarte a idade: 84 anos
"Na cabeça e no corpo ainda não cheguei aí!" Percebe-se. Há 14 anos que dá aulas de ginástica a um grupo de mulheres no Pavilhão da Moita.
"Muitas delas poderiam ser minhas filhas, netas. A única coisa de que se queixam é de eu puxar muito por elas. No ano passado fomos à caminhada da Meia Maratona da Moita: sete quilómetros. Umas vezes a correr, outras a marchar, eu sempre a dar-lhes gás, tiveram de ir atrás de mim. Está-me no sangue. É o que vou fazer, domingo, na Corrida dos 90 Anos do Belenenses, que é a minha vida. Só tenho pena que as Salésias, de onde vamos partir para o Restelo, onde me coube a honra de colocar a primeira pedra para o estádio, estejam neste abandono. Era tão bom que alguém nos ajudasse..."
.

Quando saltou pela primeira vez uma barreira, o seu treinador disse-lhe: "Temos mulher"
Hoje, aos 84 anos, Georgete Duarte ainda recorda a frase que a catapultou para as pistas de atletismo.
Desde pequena que Georgete não se identificava com coisas de meninas. "Queria correr e saltar. Era uma maria-rapaz!", lembrou a antiga atleta a Record.
Depois de ter experimentado várias modalidades (do basquetebol ao ténis de mesa), despertou para o atletismo no Casa Pia, mas foi no Belenenses, em 1944, que começou a brilhar no tartan - ainda no tempo em que os "bicos dos sapatos muitas vezes se espetavam nos pés e faziam-se as provas a coxear" - e a coleccionar títulos: foi recordista nacional nos 80 metros barreiras e no pentatlo, sagrou-se campeã nacional e regional nos 60 m e 150 m, assim como no lançamento do disco e do salto em comprimento.
Ao todo foram 46 títulos em 10 modalidades diferentes que a tornaram na atleta portuguesa mais medalhada, mas sempre com uma grande humildade. "Nunca deixei de trabalhar.
Andava a cair. Treinava-me depois de sair do trabalho e ainda tinha a lida da casa quando chegava", afirmou.
Quando, em 1958, se despediu da alta competição, Georgette nunca se desvinculou do desporto. Há 14 anos que dá aulas de ginástica, às terças e quintas-feiras, a um grupo de mulheres no Pavilhão da Moita. "São minhas amigas e não minhas alunas", afirma a desportista.
Dia 8 de Novembro, Georgete Duarte irá participar na caminhada comemorativa dos 90 anos do seu Belenenses

Das Salésias ao Restelo...pelo futuro!


Das Salésias ao Restelo... pelo futuro!

Dos 15 tostões do autocarro à sardinhada na superior Fonseca e Costa e a razão de tudo.

É dali, das Salésias, que, domingo, vai sair a Corrida dos 90 Anos do Belenenses.
Nasceu, em 2006, de uma ideia de António Fonseca e Costa: «Estávamos nas comemorações do 50º Aniversário do Estádio do Restelo – e eu propus em Conselho Geral corrida que fosse um compromisso entre o passado e o futuro e sobretudo uma forma de sensibilização para o estado de abandono das Salésias. Fez-se. Decidimos continuá-la até que as Salésias sejam devolvidas ao clube ou se tornem em algo mais digno, ao serviço da comunidade.
Parece que com esta vereação da Câmara Municipal volta a haver a esperança, vamos ver – pois custa muito olhar para toda esta degradação, lama, lixo, barracas...»
Antes do tiro, em operação de marketing a puxar ao sentimento, Fonseca e Costa fez questão de passar por lá com alguns históricos de Belém.
Januário Costa, dos melhores especialistas de 400 metros da década de 50, que logo largou em memória: «Ai como era o atletismo! Não tínhamos equipamentos, davam-nos umas alpergatas, de pano com sola fininha, calções que já tinham servido no futebol, camisolas às vezes com buracos. Nas Salésias calcei bicos pela primeira vez, feitos em sapateiros que atarraxavam pregos às solas.
Quando aparecia uma pedra na cinza –o prego entrava, furava-nos os pés.
Em 1953 fui campeão nacional de juniores – e por causa disso o Belenenses começou a dar-me três escudos por cada treino, fazia dois por semana, às terças e quintas, eram 15 tostões para o autocarro de Belém ao Alto do Carvalhão, mais 15 para o regresso. E mais nada.
Mas como nem sempre recebia, o meu pai punha-me os três escudos no bolso e dizia-me: leva, se não te pagarem, devolves. Era o que fazia, claro...»
Para Fonseca e Costa, a Corrida dos 90 Anos do Belenenses – deve ser mais do que uma corrida, espaço para a memória, memórias assim, cruzadas no tempo. «Para além desse traço de união entre o passado, o presente e o futuro, as Salésias e o Restelo, um espaço de unidade e partilha.
E é por isso que apelo a que toda a gente venha, quem não puder correr, caminha. E depois, na superior, vamos fazer uma sardinhada, uma churrascada, recordar, viver – mostrar o que o Belenenses foi e é.
Pode e deve vir gente que foi de outros clube, é óbvio. Temos a certeza de que a Rosa Mota vai estar, a Aurora Cunha só não estará porque, nesse dia, o FC Porto vai homenageá-la pelos 25 anos do seu título de campeã mundial de estrada, no intervalo do jogo com o Rio Ave...»

"Vicente, o golo ao FC Porto, Pelé e o vidro que o cegou
Golo histórico na primeira vez que jogou nas Salésias, cinco contos o seu maior ordenado
Vicente Lucas saiu do carro – e atirou, súbito, os olhos para o campo.
Para baliza ao fundo – contou: «Foi ali, naquela, que eu marquei o meu primeiro golo pelo Belenenses. Ao FC Porto.
No jogo da minha estreia oficial. Queriam chamar-me Matateu II, por causa do meu irmão, eu disse não, que era Vicente, Vicente fiquei.»
Uma velhinha passa - e grita-lhe: «Ai meu querido, o homem que não deixava Pelé jogar.» Há no sorriso de Vicente - um traço desarmante de timidez e um murmúrio: «É o que toda a gente diz, sempre, isso do Pelé.
A primeira vez foi no Estádio Nacional – e o Pelé ficou logo no meu bolso. Depois, foram mais quatro vezes.
Até que chegou aquele jogo do Mundial de 1966. Dizem que ele, mal me viu - ficou assustado. Não sei. Só sei que lhe disse: Joga o teu futebol, que eu vou jogar o meu! Não, não tinha nenhum segredo.
Com ele, fiz o que fiz com toda a gente: nada de porrada, só antecipação, eu nunca fui de bater...»Um ano depois, o drama. À beira do Estádio do Restelo: «O condutor de outro carro fez manobra perigosa, para não o apanhar bati num poste, o vidro do pára-brisas atingiu-me o olho direito, cegou-me. Tinha 30 anos, não mais pude voltar a jogar.» Organizaram-lhe festa de despedida – com a receita comprou dois andares, montou café-tabacaria.
O negócio fracassou, teve de vender os andares - passou a treinador. «O quê? Se não fosse o acidente, poderia estar agora rico?! Não! Naquela altura não se ganhava nada de especial, o meu maior ordenado no Belenenses foi cinco contos. Não havia contratos para o estrangeiro, o Salazar não deixava, nem ao Eusébio.
Como é a minha vida agora? Normal! Vivo da reforma – e desta paixão pelo Belenenses, que é até morrer. Só quando não posso é que não passo todos os dias pelo Restelo. E desejo muito que toda a gente que, como eu, tem o Belenenses no coração faça esta corrida...»

" Argentina de Matateu por causa de A BOLA
Filha está a escrever livro «íntimo» sobre o... «Terror dos Guarda-Redes»
Chama-se Argentina, Argentina Lucas. «O meu nome é o que é por causa de A BOLA, sabia?
Em 1954, o meu pai estava a jogar contra a Argentina – e ao intervalo foram dizer-lhe que eu tinha nascido. Ficou eufórico - e marcou um golo.
O jornalista brincou com ele: agora, até podia chamar Argentina à menina, ficava giro. Disse logo - que era mesmo isso, Argentina fiquei.»
O pai é Matateu, o mito do Belenenses – que explodiu nas Salésias, ainda. Foi o primeiro jogador de futebol do clube a ter automóvel - e, por ali, para além de se recordarem as lágrimas a soltarem-se por causa do golo do sportinguista Martins que, a quatro minutos do fim, tirou o título de campeão de 1954, deu-o ao Benfica, de Matateu se contaram outras coisas.
Que havia dias em que bebia 30 cervejas – e que nas Salésias, tinha escondida, na casa de banho, atrás da sanita, garrafinha que tinha de beber, sagrado, sempre, ao intervalo. Bebia e nunca nenhum treinador descobriu. «Era o seu doping!»
Outras revelações promete Argentina. «Estou a escrever a biografia do meu pai. As histórias mais profundas, mais íntimas, muito engraçadas, hilariantes até – que ninguém sabe. Ainda não tenho editora, o livro é para 2010, há tempo. Ah! E sabe que também fiz atletismo? Comecei aos 14 anos, os meus treinadores foram o Matos Fernandes e o Rui Mingas. Depois, a minha mãe e o seu segundo marido foram para Angola - e eu não continuei porque dizia que desporto só fazia no Belenenses. Era birra por amor à camisola. Também tinha andado no basquetebol, era lançadora de dardo e peso, para correr não dava muito, era um bocadinho gordinha...»