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Pepe o forward belenense frente a frente ao goal-keeper João Tomaz tenta enfiar a bola nas rêdes do S.C. Império

Varela (Império) com todo o seu peso e energia «salvou-se» de dois belenenses que estão no chão e prepara-se para ajudar o seu goal-keeper que decididamente está em maus lençóis 

Homenagem aos jogadores do Club de Foot-Ball Os Belenenses - 1ª Categoria Divisão de Honra - em cromos dos rebuçados «Azes do Foot-Ball», do ano de 1930

Júlio Moraes, João Tomaz, João Belo, Carlos Rodrigues, Augusto Silva, Cesar de Matos
Rodolfo Faroleiro, Soares (Pepe), Francisco Silva Marques, Alfredo Ramos, José Luíz


👉 Frases nas laterais das páginas da caderneta:
✔ O sr. Valentim de Carvalho rei dos discos é um bom freguez da fábrica de chocolates Regina 
✔ A rainha dos fadinhos Maria Alice para cantar bem compra bombons da fábrica Regina 
✔ Isidro Silva reclamista mundial anda sempre bem disposto porque almoça janta e ceia na Regina 
✔ Dr. Menano, o rouxinol do Mondego compra todos os produtos Regina 
✔ Comam rebuçados Azes do Foot-Ball 

 📘Edição da Fábrica de Chocolates Regina. Rua Sá de Miranda, 2 - Lisboa. Telefone: Belém 107.

Porto de Honra oferecido pelo jornal «O Século» à equipa do Belenenses, Campeã de Portugal 1928/29

Lisboa, 4 de Julho de 1929. Pessoas identificadas: 2. Álvaro Falcarreira, 3. Carlos José de Oliveira, 4. Carlos Eduardo Rodrigues, 5. Eduardo Azevedo «Peras», 6. João Belo, 7. Francisco Silva Marques «Zabala», 8. João Tomaz, 9. Heitor Nogueira, 10. Rodolfo Faroleiro, 11. José Belo, 12. José Manuel Soares «Pepe», 13. Augusto Silva «Sobral», 14. José Luís, 15. Miguel Butler

José Manoel Soares pelo lápis de José António Marques

José António Marques caricaturou José Manuel Soares «Pepe»,
para a edição de 18 de Abril de 1927 da revista “Eco dos Sports”

  • post publicado originalmente em 20/09/2008

José Manuel Soares Louro "Pepe"

José Manuel Soares Louro. Pepe. Simplesmente Pepe. 
Para a fama, para a tragédia, para a história. 
Nado e criado nas Terras do Desembargador, ainda garoto de rua apresentou-se num dia de 1926 a jogar, nas Amoreiras, pelo Belenenses, contra o Benfica — numa equipa em que militavam astros como Augusto Silva, César de Matos, Almeida... Fora Augusto Silva quem insistira em pôr o miúdo a interior-direito. 
A 15 minutos do fim o Benfica ganhava por 4-1. Acabou por perder por 4-5, o golo da vitória dos homens da cruz de Cristo foi apontado, já ao lavar dos cestos, por Pepe, na transformação de um penalty. 
Ninguém queria assumir a responsabilidade de o bater, olhavam todos uns para os outros, Pepe, em jeito de puto reguila, disse para Augusto Silva: «Deixem estar que eu chuto!» 
Naquele pontapé nasceu uma nova estrela. 
Nesse mesmo ano estreou-se pela Selecção Nacional, contra a França, marcando dois dos quatro golos de Portugal. 
Severiano Correia passa duas pinceladas sobre o seu génio: «Era de facto um jogador extraordinário! Irrequieto e franzino, dentro do rectângulo era um elemento que chamava as atenções do público. Chutador por excelência, de uma combatividade extraordinária, constituía perigo para qualquer defesa, por muito valiosa que fosse. Era o menino mimado das gentes de Belém, de tal modo que nem com uma rosa se lhe poderia bater — expressão do seu mestre Artur José Pereira.» 
Em apenas cinco anos contribuiu para o crescimento fulgurante do Belenenses, que viu passar do Campo do Pau do Fio para as Salésias, ajudou à conquista de três Campeonatos de Lisboa, em 1926, 1929 e 1930, num jogo contra o Progresso marcou 10 dos 11 golos do seu clube — um record nunca mais batido em competições oficiais... 
Na época de 1931/32 o Belenenses voltou a sagrar-se campeão da AFL. 
A fotografia comemorativa do título mostra todos os heróis de fumo negro. Por Pepe. Fora assim que jogaram o ano inteiro.
In "O Século XX do Desporto" Ed. "A BOLA"
este post foi publicado originalmente em 26/01/2008

Pepe: História e Lenda

Num dia sujo de Outubro de 1931 a morte ceifou o génio e abriu um mistério que o tempo nunca mais desfez, adensou, transformou em lenda. Em lendas. Pepe estava a caminho dos 23 anos, nascera a 29 de Janeiro de 1908. Comprovado está que morreu ao comer um chouriço. Versões sobre o envenenamento há várias. Uma que foi a namorada que deixara que se infiltrou à sorrelfa pela casa, deitando na cozedura deletério qualquer. Outra que foi a irmã Ana, casada com o também futebolista Rodolfo Faroleiro, que por inveja o quisera matar — no que, em Belém, ninguém acreditou, por ser Pepe quem mais a ajudava em momentos de aflição e penúria. Outra ainda que fora uma osga que caíra do tecto e na fervura espalhara peçonha. No entanto, a partir de trabalho publicado por Homero Serpa, em A BOLA magazine, se desvenda a versão mais credível. Muitos anos depois da tragédia um agente da PJ haveria de contar que fora a potassa que a mãe confundira com sal que matara Pepe, que a versão oficial se guardou em silêncio para não destroçar ainda mais quem tão tragicamente perdera o filho destinado a herói. O veneno segregara-se no chouriço, o pai e a irmã, que apenas comeram o caldo, salvaram-se com simples lavagens de estômago no Hospital de São José. Pepe, quando agonizava no Hospital da Marinha, já só teve força para lançar meia-dúzia de dramáticas últimas palavras: «Cortem-me as pernas mas salvem-me a vida.» Nada se conseguiu. E foi, então, um país inteiro em pesadume, o mito em voo largo para a eternidade — e todos os anos a imagem, que não deixa de comover, das flores que os jogadores do F. C. Porto depositam no monumento que se transferiu das Salésias para o Restelo, o mausoléu construído para perpetuar o ídolo grande, apesar da vida pequena

In "O Século XX do Desporto" Ed. "A BOLA"
  • este post foi publicado originalmente em 26/01/2008

Pepe: História e Lenda - O rapaz da praia (II)


O pai de Pepe mercanciava hortaliça de porta em porta numa carrocinha, a mãe vendia fruta no velho mercado de Belém, destruído em holocausto à Exposição do Mundo Português — a família vivia assim numa pobreza cortante, só atenuada quando o filho começou a ganhar algum (secreto) dinheiro no futebol e o ordenado de operário no Arsenal da Marinha. Para almoço de gente em paupérie, numa altura em que o País continuava mergulhado em crise profunda, sopa havia e pouco mais. Luxo era juntar-lhe um enchido. Foi o que se fez naquele dia trágico. À mesa comeram-se os legumes apenas na malga, o chouriço foi posto carinhosamente, pela mãe, na lancheira de Pepe para que merendasse no trabalho. Deu uma lasca a uma gata e ela morreu. Ele faleceria algumas horas depois. Em O Século, Tomé Vieira conta assim os primeiros sinais da tragédia: «Às 10.30 Pepe sai do torno e vai buscar a bucha. Meia hora depois sentiu-se mal. Ainda ironizou — ‹há quinze dias que tomei o purgante e só agora é que está fazendo efeito.›» Flamínio Azevedo, no Diário da Manhã, desvenda as horas amargas, a angústia do morbo, a vida a desfazer-se, no entardecer do dia triste — as palavras de Mendes Belo, médico do Hospital da Marinha: «Impressionou-me com a sua modéstia, vinha de fato de ganga e boina e quando lhe perguntei do que sofria queixou-se de violentas dores de barriga. Daí por duas horas apareceram sintomas de mais gravidade, aquilo foi vertiginoso: algidez, hemorragias, colapsos, reacções deficientes às excitações exteriores, Pepe a queixar-se de que tinha vontade de vomitar e não podia... O pulso desaparecera e duas transfusões de sangue não deram qualquer resultado...»
In "O Século XX do Desporto" Ed. "A BOLA"
  • este post foi publicado originalmente em 26/01/2008 

Pepe: História e Lenda - O rapaz da praia

Mistério e romance. A abordagem do velório de Pepe por Belo Redondo, um dos maiores repórteres portugueses deste século. Aliás, o título da peça era como algodão, não enganava: O Mistério da Dama de Luto. «Chamava-se Celeste, figura simpática da cidade noctívaga, uma personagem da cidade maldita. Tinha a paixão pelo Benfica e de vermelho aparecia muitas vezes, de madrugada, na Leitaria Martins, na Rua da Escola Politécnica. Mas mais forte fora a paixão pelo Pepe, que vira pela primeira vez no Portugal-França. E por ele se encantou, pelo Belenenses se apaixonou. Na câmara-ardente, sentou-se à esquerda da mãe de Pepe, à direita estava Rosa do Carmo, a noiva do jogador, que residia na Calçada do Galvão. Existia entre as duas mulheres um abismo e um mistério.» Homero Serpa recontou em A BOLA magazine o que Belo Redondo desvendara então, a propósito da cena de ciúmes que uma coroa de flores, com mensagem de amargura e paixão e transportada até junto da urna por Augusto Silva, provocou em Rosa do Carmo: «Só ela tinha o direito de ser ali a noiva enlutada» — e por isso quis expulsar da sala a dama de luto, mulher que sofrera o amor impossível e ali estava apenas para chorar o seu ídolo. Soube-se depois que a coroa fora enviada por uma senhora portuense chamada Maria das Dores.
In "O Século XX do Desporto" Ed. "A BOLA"

  • este post foi publicado originalmente em 26/01/2008
  • Um grande "match" nacional !! O ataque fortíssimo do Belenenses às redes do «Sporting»

    O ataque fortíssimo do Belenenses às redes do «Sporting». Dia a dia o nosso «foot-ball» ganha foros e categoria, tornando os nossos homens dos primeiros «sportsmen» do mundo.
    • Capa da revista "O Domingo Ilustrado" de 27 de Março de 1927

    Belenenses, 2 - Marítimo, 1

    Campeonato de Portugal de 1929/30 
    2ª mão dos quartos de final (15/05/1930)
    Na foto - Viveiro salta e encaixa um remate de Rodolfo Faroleiro

    Uma família enlutada na inauguração do monumento

    A família do desditoso «Pepe» durante a cerimónia da inauguração do monumento que consagra em pedra o amigo e o filho !

    Joaquim Almeida, porta-estandarte do Clube de Foot-Ball Os Belenenses

    Joaquim Almeida à frente de fileiras de estandartes, garridos e cheios de significados guerreiros, de cerca de 70 clubes, representando as mais afastadas regiões do País, enviaram para cima de 700 atletas a saudar o nome da nossa gloriosa figura desportiva gravado na pedra, «Pepe» !

    Desfilando na parada atlética em "continência Olímpica"

    A delegação «belenense» desfila no seu Estádio, em "continência Olímpica", nas cerimónias da inauguração do monumento a Pepe, um nome que não se apaga da memória do clube dos rapazes da praia

    Nomes que não se apagam

    O monumento ao «Pepe», depois de descerrado pelo Governador Civil e antigo presidente da direcção do Belenenses, João Luiz de Moura