Walter Ferreira

Walter ou Valter Caetano Carvalho Ferreira
Nasceu em Porto Alexandre (Angola) em 28 de Fevereiro de 1946
Faleceu em 10 de Setembro de 2006
Jogou no Belenenses nas épocas 1968/69 e 1969/70
(campeonato: 27 jogos - 4 golos marcados)

Vítor Cabral

VÍTOR CABRAL Martins‏
Nasceu em Folhadela (Vila Real), em 2 de Janeiro de 1941
Guarda-redes do plantel da época de 1970/71

Mourinho: O Matateu era um fenómeno dentro da área, melhor até que o Eusébio


José Manuel Mourinho Félix
Ferragudo - Lagoa, 12/02/1938
Setúbal, 25/06/2017

Defendeu a baliza Belenense de 1968/69 a 1973/74

Treinador-adjunto de Homero Serpa, após demissão de Joaquim Meirim, na época de 1970/71 

Treinador principal na época de 1982/83

Vice-Campeão Nacional de Futebol da época 1972/73

39º jogador Internacional “A” do Clube de Futebol 
“Os Belenenses” 
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"Comparei as luvas do Petr Cech com as minhas e é para rir"

- Entrevistámos o Eusébio há um mês para a edição de Natal e ele falou-nos de um penálti falhado por ele, na estreia, com o V. Setúbal. O guarda-redes era o Félix. Lembra-se disso?
- Sim. Há coisas que não nos esquecemos.
- Mas Eusébio ainda não era Eusébio. Era só um menino de 19 anos.
- É verdade, mas já se via aquilo que ia ser. Tenho até uma história curiosa. Uma vez [entre a chegada de Eusébio a Portugal em Dezembro de 1960 e a sua estreia oficial em Junho de 1961], encontrei o José Augusto por acaso e perguntei-lhe: ''Então, que tal é o homem? É tudo aquilo que a imprensa escreve?'' A resposta dele foi só esta: ''Alguém tem de sair para ele entrar'' [acabaria por ser Santana]
- E do penálti em si, do que se lembra?
- Foi uma defesa por instinto. O Eusébio atirou para a minha esquerda e defendi. Foi ali nos Arcos [e Félix aponta para a sua frente, em direcção ao Bonfim].
- E mais?
- Tenho mais histórias, sim. Olhe, só joguei por dois clubes: V. Setúbal e Belenenses. Na inauguração dos estádios deles, defendi um penálti. Na inauguração do Bonfim, defendi um penálti da Académica. No primeiro jogo oficial no Restelo, pelo V. Setúbal, defendi um penálti do Matateu.
- "Só"?
- Também defendi um penálti do Yazalde, no Restelo, num Belenenses-Sporting.
- Eusébio, Matateu e Yazalde: os três avançados mais completos da sua era.
- Sem dúvida. O Matateu era um fenómeno dentro da área, melhor até que o Eusébio. Quero dizer, dentro da área, a rodopiar sobre os adversários. Fora dela, o Eusébio foi o rei. O Yazalde era um espectáculo para qualquer um. De um fair-play sensacional.
- E esses três penáltis foram defendidos com luvas ou sem?
- Naquela altura, sem luvas.
- Como???
- Era moda, sem luvas e cuspo nas mãos. Só comecei a usar luvas a meio da carreira, quando torci o pulso. Vesti as luvas para remediar.
- E como eram elas?
- De borracha. E é curioso, porque o meu filho guardou as minhas últimas luvas e há dias estávamos a compará-las com as luvas do Petr Cech. É para rir. Eu digo sempre isto ao meu filho: só gostava que um guarda-redes de agora fizesse um treino sem luvas. Ui, que dor!
- Mas então nunca lhe aconteceu um acidente à Cech na cabeça?
- Uma vez. Num Belenenses-Varzim. Perdi a memória. Não me lembro de nada mas lá continuei na baliza. Depois, fui para casa. Se fosse agora, ia para o hospital, seria observado...
- Quando é que foi para guarda-redes?
- Quando é que eu fui para guarda-redes? (olha para o ar, pensativo, repete a pergunta) Nasci no Algarve (Ferragudo) e comecei a jogar à bola. Com os moços da minha idade, era avançado. Com os homens, ia para a baliza. Como andava calçado, graças a Deus, eles mandavam-me para a baliza. Mas o curioso é que a primeira proposta que tive foi do Olhanense, para jogar à ponta-esquerda. Eles tinham-me visto naqueles jogos entre terrinhas (risos).
- E recusou?
- Sim.
- Então porquê?
- Disse ao senhor que não era ponta esquerda, era guarda-redes.
- E como chegou a júnior do V. Setúbal?
- Uns dois anos depois, um senhor viu-me jogar à baliza e convidou-me.
- Quem era o guarda-redes do Vitória?
- O Baptista. Já tinha 36/37 anos. No ano seguinte, eu substitui-o.
- Em que jogo?
- Atlético-V. Setúbal, 2-1.
- Quem foi o treinador que o lançou?
- Biri, Janos Biri, um húngaro campeão nacional pelo Benfica. Na verdade, ele lançou-me nos juniores. Nos seniores, foi um italiano chamado Rino Martini, antigo guarda-redes do Milan e até da selecção italiana. Ele gostava muito de mim e deu-me a camisola dele. Era preta e e eu joguei com ela! O equipamento não era totalmente preto, porque as meias eram verdes, cor do Vitória.
- E como é que o Félix se definia?
- Era ágil. Bom entre os postes, menos bom fora. Como era franzino, tinha mais dificuldades nos cruzamentos.
- Uma espécie de Bento, portanto?
- Se fosse mais alto, o Bento seria o melhor guarda-redes de sempre. Ou perto disso. Era ágil, saía-se bem, jogava bem com os pés. Até marcou penáltis.
- E o Félix, com os pés?
- Olhe, o meu neto quer ser guarda-redes. Às vezes, jogo com ele e dou-me bem com os pés (risos). Safo-me, claro. Então, tinha sido ponta-esquerda no Algarve...
- Qual foi a sua melhor defesa?
- Cabeceamento de Espírito Santo num V. Setúbal-Benfica. A bola ia entrar no ângulo superior. Saltei e agarrei-a. Tenho a foto desse lance lá em casa. Por trás da baliza.
- Fantástico. E o seu maior frango?
- Num Belenenses-V. Setúbal, eu como guarda-redes do Vitória. Estava a jogar tão bem que nem acreditei no meu erro. Na pressa de reatar o jogo, quis agarrar na bola e organizar um ataque. A bola fugiu-se-me por entre as mãos. Fiquei irritado.
- Com ou sem luvas?
- Sem luvas, ainda.
- Ah, outros tempos.
- Sim, claro. O futebol evoluiu muito. No meu tempo, íamos à Luz ou a Alvalade para perder por poucos. 1-0, 2-0... Já ganhei em Alvalade, como jogador do V. Setúbal. Mas nunca ganhei na Luz. Nem nas Antas. Bem, nas Antas, só ganhei como treinador.
- Por quem?
- Rio Ave, em 1981-82.
- Rio Ave? Um feito.
- Sim, ganhámos 2-1. O treinador do FC Porto era Hermann Stessl, um austríaco.
- Já que está a falar disso, aproveito para lhe perguntar sobre um Sporting-RIo Ave, em que um jogador seu lesionou-se no aquecimento e o Félix queria substitui-lo pelo seu filho José, algo que não foi aprovado pelo presidente do clube.
- Não foi bem assim. Um jogador lesionou-se mas o meu filho não ia jogar. Ia para o banco de suplentes.
- E o presidente?
- Tentou meter-se na conversa mas ficou por ali. No final da época, pedi para sair.
- Quem era o presidente do Rio Ave?
- José Maria Pinto.
- Como treinador do Rio Ave, também chegou à final da Taça de Portugal.
- Perdemos 4-1 mas foi uma festa. Romaria de Vila do Conde até ao Jamor... e recebi os parabéns do Pedroto.
- O treinador do FC Porto?
- Sim. Eu conhecia-o há muito. Quando ele estava no fim da carreira, defrontei-o algumas vezes.
- Quando o Félix começava no V. Setúbal?
- Sim. O Pedroto era um médio com técnica e bom remate.
- Em Setúbal, o Félix só jogava futebol?
- Não, isso não dava. Também trabalhava: funcionário da câmara de Setúbal.
- E quando foi para o Belenenses?
- Aí, como o salário era melhor, deixei o meu emprego na câmara.
- Mas continuou a viver em Setúbal?
- Sim. Aliás, essa foi uma das minhas condições quando assinei pelo Belenenses.
- E o que se lembra dos tempos no Restelo?
- Da rivalidade com o Atlético. Aquilo era pesado (risos). Uma vez, veja lá bem, o guarda-redes deles lesionou-se, o segundo guarda-redes também se lesionou, teve de ir o Candeias para a baliza e só ganhámos 1-0 de penálti. E também me lembro de ter sido convocado pela selecção AA. Fomos à Minicopa, 37 dias juntos no Brasil. Perdemos a final com o Brasil. Eu entrei nos últimos 15/10 minutos com a Rep. Irlanda, lançado pelo José Augusto, o seleccionador. Ainda tenho a camisola desse jogo.
- E mais memórias do Belenenses?
- Outro penálti. Desta vez, eu não defendi. Foi cá uma berlaitada do Gento (risos).
- Do Gento. O Gento, do Real Madrid?
- Pois. Foi na minha primeira época no Belenenses (*). Acabámos o campeonato em segundo lugar e fomos convidados para ir a Madrid, por ocasião dos 25 anos do Chamartín (Santiago Bernabéu, casa do Real Madrid). Era o jogo de despedida do Gento e ele lá teve de marcar o golo da ordem. Aquilo não foi penálti (gargalhadas).
- Grande honra...
- É verdade, mas há história nesse jogo.
- Então?
- Éramos para ir de avião, mas houve qualquer coisa que nos impediu de ir. Tivemos de ir de comboio, A noite toda, em vagões-cama. Chegámos a Madrid às cinco ou seis da manhã e quem estava lá à nossa espera? O Gento. Com uma impecável gabardina bege. Cumprimentou-nos um a um e levou-nos ao hotel. Um cavalheiro. Nesse amigável, o Real Madrid ganhou 2-1 ao Belenenses e o Eusébio jogou pelo Real Madrid.
Entrevista por Rui Tovar, Publicado no jornal 'i' em 26 de Janeiro de 2011

(*) Nota do editor do BI: esse jogo foi em 14 de Dezembro de 1972, 4ª época de Mourinho no Belenenses e não na 1ª época como é referido, certamente por lapso ou falha de memória.

Otto Glória e Fernando Vaz

  • Otto Martins Glória, (Rio de Janeiro, 9 de Janeiro de 1917 - 2 de Setembro de 1986) treinador do Belenenses em 1959-60 (3º lugar) e 1960-61 (5º lugar). Vencedor da Taça de Portugal de 1959-60.
  • Fernando Vaz, (Lisboa, 5 de Agosto de 1918 - 25 de Agosto de 1986) treinador do Belenenses na época de 1951-52 (4º lugar), 1952-53 (3º lugar), 1958-58 (3º lugar), 1962-63 (4º lugar) e 1963-64 (6º lugar). Ficou na história do Belenenses por ter sido o treinador que 'empurrou' Matateu para fora do clube, afirmando que ele estava acabado para o futebol. Acácio Rosa lutou, 'sózinho', contra tal malfeitoria, a qual nunca perdoou. 
  • As fotos de ambos treinadores são datadas de 1959.

Zezé Moreira e Peres Bandeira

  • PERES BANDEIRA, além de ter sido durante várias épocas responsável pela equipa de juniores e adjunto de Alejandro Scoppeli, foi treinador principal da equipa de honra nas épocas 1974/75 (6º lugar), 1975/76 (3º lugar)  e 1980/81 (11º lugar), tendo sido substituído por Jimmy Hagan. De realçar o 3º Lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e o apuramento para a Taça UEFA, ambos na época 75/76, e a conquista da Taça Intertoto (Poule, 1975).
  • Alfredo Moreira Júnior mais conhecido como Zezé Moreira, antigo seleccionador nacional do Brasil (numa foto datada de 1954), foi treinador do Belenenses na época de 1971/72 (7º lugar).

Mirandinha

Mirandinha representou o Belenenses em três jornadas a meio da época 1990/91, tendo sido contratado por indicação de Antônio Lopes, numa derradeira tentativa para evitar a despromoção que se adivinhava.
Estreou-se marcando dois golos, contra o Nacional da Madeira, que não foram suficientes para evitar a derrota no Restelo por 2-3.
Eis os 3 jogos realizados por Mirandinha ao serviço do Belenenses:
- 18/12/1990  17ª jornada  Belenenses, 2 - Nacional , 3   (90' em campo) 
- 23/12/1990  18ª jornada  V. Setúbal, 2 - Belenenses, 0  (90')
- 30/12/1990  19ª jornada  Belenenses, 0 - Famalicão, 0  (78')

Equipa de Honra do C.F. 'Os Belenenses' da época 1949/50 reforçada com José Maria Pedroto

António Figueiredo, Caetano, Inácio, Frade, Feliciano e João Mário Jordão  
Sidónio, Narciso, Bravo, Rocha, Pinto de Almeida, Pedroto e Palma Soeiro
➤Esta foto é relativa ao primeiro jogo de José Maria Pedroto pelo Belenenses, quando ainda era jogador do Lusitano de Vila Real de Santo António. Pedroto foi dispensado para jogar esse jogo, realizado a 2 de Abril de 1950, contra a equipa do Real Club Deportivo de la Coruña, que o Belenenses venceu categoricamente por 4-1.
➢Na época seguinte (50/51), Pedroto, ingressaria oficialmente no Belenenses.

Um Benfica - Belenenses na 'Estância de Madeiras'

Serafim das Neves, Inácio Rebelo e António Feliciano em acção no lamaçal da 'estância de madeiras', no Campo Grande. No outro lado da cidade, o Belenenses possuía o único campo relvado do país, o 'Campo das Salésias' ou 'Estádio José Manuel Soares'.
Foto cedida pelo Amigo do BI, Zé Manel Rebelo.

Um grande capitão belenense

Vicente, capitaneando a equipe contra o Desportivo de Lourenço Marques e o América do Rio de Janeiro, clube onde se iniciou Romário o 'baixinho' e cujo site oficial pode visitar clicando aqui.

Taça de Honra da A.F.L. da época 1959/60

Vicente recebe a Taça de Honra após o Belenenses cilindrar a equipa do Benfica (5-0), que seria bi-campeã europeia nas duas épocas seguintes.

Duelo de Gigantes no Jamor

Mais que a 'sombra' de Pelé, Vicente era em cada palmo de terreno a simetria do 'Rei', até no olhar.

Estádio Nacional, 21 de Abril de 1963. Vicente Lucas, 1 - Edson Arantes do Nascimento (por extenso, Pelé), 0.

Mascote do Belenenses

O modo como o Belenenses era simbolizado nos anos 50
Matateu era o Belenenses o Belenenses era Matateu
Imagem da Revista 'Cavaleiro Andante'

Zezé Moreira pelo lápis de Francisco Zambujal

Zezé Moreira, o 'pai' da 'marcação à zona', foi treinador do Belenenses na época de 1971-72, até à 23ª Jornada, tendo sido substituído por Alejandro Scopelli e Peres Bandeira. Classificação final: 7º lugar.

Mário Wilson e Manuel José pelo lápis de Francisco Zambujal

  • Mário Wilson foi treinador do Belenenses na época de 1968/69 - 8º lugar (substituindo Angel  Zubieta) e 1969/70 (7º lugar).
  • Manuel José foi treinador do Belenenses na época 2002/03 - 9º lugar (substituindo Marinho Peres) e 2003/04 (substituído interinamente por Rui Casaca que foi substituído por Vladislav Bogicevic que por sua vez foi substituído por Augusto Inácio), 15º lugar.

António Medeiros e Manuel Oliveira pelo lápis de Francisco Zambujal

  • António Medeiros foi treinador do Belenenses na época 1977/78 (5º lugar) e 78/79 (8º lugar).
  • Manuel Oliveira foi treinador do Belenenses na época 1967/68 (substituído por Carlos Silva) - 7º lugar.

Jimmy Hagan e Fernando Mendes pelo lápis de Francisco Zambujal

  • Jimmy Hagan foi treinador do Belenenses na época 1980/81 (substituiu Peres Bandeira) - 11º lugar.
  • Fernando Mendes foi treinador na época 1982/83 (substituiu Félix Mourinho) e na época 1983/84 (substituído por Jimmy Melia) - ambas as épocas na 2ª divisão.

Nunca antes tal tinha acontecido, na história do Belenenses: época 2010/11, a pior classificação de sempre

Apesar de ser a 5ª vez que disputou o campeonato da 2ª divisão, o Belenenses, nunca tinha obtido, nem de perto nem de longe, uma classificação tão má. Pior: ainda que nunca tenha dependido de terceiros, o espectro da despromoção acompanhou a equipa até à penúltima rodada. Enfim, terminou hoje o campeonato. Foi uma angustia, que durou meses. Haja coragem.
 A estatística não exprime o sofrimento e a angustia dos sócios e adeptos do Belém

Resultados dos últimos cinco jogos do campeonato: No jogo com o Varzim o Belenenses só necessitava de um empate, para não ser despromovido. No entanto, caso tivesse perdido (esteve a perder por 1-0), teria que vencer o último jogo, com o Estoril, ou fazer um resultado igual ao Covilhã ou ao Varzim (ambos venceram).

Sidney dos Santos (Itaúna do Sul - Paraná - Brasil, 22 de Maio de 1988), marcou provavelmente o golo mais importante da época 2010/11. Foi na 28ª jornada, em Oliveira de Azeméis, aos 94' de jogo, garantindo a vitória (1-0) contra a Oliveirense, então 4º classificada com os mesmos pontos do terceiro.

Foto de Carla Pereira/Record