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José Luís Franca Abranches Pinto

O campeão e recordista português de marcha de 20 e 50 Km esteve presente em 2 campeonatos do Mundo: 1983 e 1987, 2 campeonatos da Europa: 1982 e 1986 e 3 jogos Olímpicos: 1984, 1988 e 1992
Foto do Blog "O Marchador"

Os 8 recordes nacionais dos 50 km marcha do campeão belenense, José Pinto

4.06.03
Vencedor da 1.ª prova de 50 km, Alenquer (25 Jun. 1983)
A primeira competição na distância maior do programa olímpico realizada em Portugal foi organizada pelo Clube de Português de Marcha Atlética e pelo Sporting Clube de Alenquer no intuito de permitir a obtenção de mínimos para o campeonato do mundo a realizar 7 semanas depois.

4.03.47 (diferença - 2.16 min.)
16.º na 1.ª edição do Campeonato do Mundo de Pista – Helsínquia (12 Ago. 1983)
O primeiro evento internacional do atleta na distância e na edição inaugural do campeonato. Positivas classificação e marca, esta a superar a realizada umas semanas atrás. Apenas um lugar à frente de Pinto, o saudoso espanhol Manolo Alcalde. Prova ganha pelo alemão democrático Ronald Weigel com 3.43.08.

4.01.27 (- 2.20)
5.º (extra) no Campeonato de Espanha de Vilanova i La Geltru (18 Mar. 1984)
O consagrado José Marín, campeão europeu em 1982 nos 20 km, venceu o campeonato pela 4.ª vez e terceira consecutiva, com a marca de 3.50.12. Pinto ganhou a 5.ª posição na última volta, quando tudo indicava que iria para o britânico Chris Maddocks.

3.59.45 (- 1.42)
José Pinto, CF Os Belenenses
1.º (extra) no campeonato da Bélgica em Woluwe-Saint Pierre (22 Jun. 1986)
Pela primeira vez quebrada a barreira das 4 horas por 15 segundos quando à passagem dos 25 km se antevia menos de 3h 50 min. e aos 45 km ainda a ser possível uma marca na casa das 3h 57 min. O campeão belga e 2.º classificado na geral foi Eric Ledune (4.16.14).

3.58.12 (- 1.33)
1.º no campeonato de Portugal de estrada em Ílhavo (15 Mar. 1987)
Tratou-se da III edição do evento nacional e apenas concluíram 2 atletas tendo José Pinto ganho com uma vantagem de 58.52 minutos. José Magalhães foi o 2.º classificado e 5 anos mais tarde viria a obter os mínimos para os Jogos Olímpicos de Barcelona com 4.04.46,0.

3.56.40 (- 1.32)
15.º no campeonato do Mundo de Pista – Roma (5 Set. 1987)
Mais um recorde nacional e prestação melhorada na 2.ª edição dos campeonatos. Outro atleta da RDA, desta feita Hartwig Gauder a vencer com 3.40.53, recorde dos campeonatos.

3.55.57 (- 0.43)
21.º nos Jogos Olímpicos de Seoul (30 Set. 1988)
Um recorde nacional numa prova com recorde olímpico, das mais competitivas de sempre e elevado nível. 27 atletas baixaram das 4 horas com vitória para o soviético Vjatscheslav Ivanenko (3.38.29).

3.52.43 (- 3.14)
1.º no campeonato de Portugal de estrada em Viseu (19 Mar. 1989)
Contra-relógio individual e vitória por 32.55 minutos na 5.ª edição dos campeonatos, que teve colectivamente o 1.º lugar para a equipa de Belém.


  • Toda a informação deste post foi retirado, e é publicado com a devida vénia, do Blog "O Marchador"

Severo Tiago, estreou-se na equipa de honra em 1923, tinha ele vinte anos e o Belenenses quatro. Era o Clube uma criança e ele um homenzinho

Severo Tiago, foi o 1º Internacional português em duas modalidades


  • Severo Tiago, nasceu em Sacavém em 10 de Fevereiro de 1903
  • Representou os Belenenses em futebol e atletismo de 1921/22 a 1933/34 e o Paço D'Arcos em 1937/38
  • Estreou-se na equipa de honra no dia 1 de Dezembro de 1923, em jogo contra o Boavista, com uma goleada de 8-1. Alinharam: Mário Duarte; Azevedo e Morais; César de Matos, Augusto Silva e Anacleto; Fernando António, J.Pires, Severo Tiago, Joaquim Rio e Alberto Rio.
  • Foi campeão de Portugal de futebol (26/27 e 32/33) e de Lisboa em 25/26, 28/29, 29/30 (1ª categoria) 22/23, 31/32 e 32/33 (2ª categoria)
  • Em atletismo, foi Campeão Nacional e Regional dos 100 m, 200 m, estafeta 4x100 m e salto em comprimento, em 1926, 1927, 1928, 1929 e 1930
  • Internacionalizações: No futebol; 1 vez internacional contra a Hungria (3-3) em 26 de Dezembro de 1926, marcou um golo. No atletismo; 1 vez contra Espanha, em 1927, 1º lugar na estafeta 4x100 m. e 2º nos 200 metros
  • Foi o 1º atleta a conquistar um título Nacional de atletismo para o Clube: no salto em comprimento, 6,05 metros, em 1927.
  • Foi igualmente o 1º internacional de atletismo do Belenenses, em 1927, num Portugal-Espanha.
  • Sócio de Mérito do Clube de Futebol "Os Belenenses"
Documento cedido pelo Amigo do BI, Luís Pereira

Francelina Moita

Campeã Regional de lançamento do Dardo, 
2ª classificada dos 80 metros 
e Campeã por Equipas da época 1946/47

O Atletismo do Belenenses em 1947



Março de 1947: Joaquim Branco (júnior) e António Cabral (principiante) 
vencedores do corta-mato de abertura, nas sua categorias

Joaquim Branco: "Tudo pelo seu Belenenses..."

"Foi descoberto por Belmiro Reis e o seu lema era correr, ser campeão, bater recordes...tudo pelo seu Belenenses. Deteve simultâneamente dois máximos ibéricos e sete nacionais"

Joaquim Branco 'Atleta do Ano' em 1949







"Numa iniciativa feliz, o prestigioso «Diário Popular» recorda os primeiros atletas do ano, que vem homenageando desde 1949. Foi o nosso JOAQUIM BRANCO o nº 1. Belenenses devotadíssimo, 17 anos consecutivos em representação do clube, recordes nacionais 6 (800, 1.500 e 5.000 metros). 

Quando as Bodas de Oiro do FC Barcelona, esteve presente nas comemorações (1949), como embaixador do nosso clube. A fotografia acima representa a entrega da salva de atleta do «Diário Popular» em oferta de Joaquim Branco, ao Belenenses então presidido por Acácio Rosa."

O Atletismo Belenense em 2010

Campeonato Nacional de Atletismo - 1ª Divisão 2010

Da esquerda para a direita:
  • Ricardo Monteiro (100m / 200m / 4x100m)
  • Elmano Tavares (4x400m)
  • Damião Freitas (S. Vara / 110m Barreiras)
  • Carlos Veiga (Triplo Salto / S. Comprimento / 4x100m)
  • Marcos Coelho (4x100m)
  • Nuno Santos (5000m Marcha)
  • José Gomes (400m Barreiras / 4x400m)
  • Ricardo Lino (L. Disco)
Foto da página do Atletismo Belenense no Facebook

O trio de belenenses vencedores da prova dos 3x100 metros

3 de Maio de 1931, inicio da época de atletismo com a disputa da Taça Dr. António Martins, instituída e organizada pelo Sporting C.P.: na foto o trio de belenenses vencedores da prova dos 3x100 metros.

Lucinda Simões é uma das mais valorosas atletas do Belenenses

revista "Stadium" de 20 de Novembro de 1946
Legenda da foto: «Lucinda Simões, uma das mais valorosas atletas do Belenenses, que é ao mesmo tempo uma fresca e graciosa rapariga»

📷 A foto: a revista "Stadium", certamente por lapso, ao invés de publicar a  foto de Lucinda Simões, publicou a de Georgete Duarte.

Excelentes Vitórias do Atletismo Belenense

Rui Ramos, Almério Cardoso, Joaquim Branco, Januário, Ambrósio, Monteiro, Manarte, Arménio Neves, Gonçalves e Albuquerque obtiveram excelentes vitórias no torneio de equipas
Páginas 3 e 4 do jornal, "Os Belenenses" de 5 de Junho de 1954

Georgete Duarte, a Eterna Campeã das Campeãs e Campeões Belenenses

Vá lá, na primeira vez em que voltei aqui, 
às Salésias, as lágrimas fugiram-me dos olhos

Custa muito ver esta miséria. Foi aqui que encontrei o meu destino e daqui que parti para ir pôr a primeira pedra ao Restelo.
Como é que o atletismo entrou na minha vida? O meu pai era maquinista dos Caminhos de Ferro - e para ter passe grátis fui jogar basquetebol para o Ateneu Ferroviário.
Uma colega desafiou-me para as corridas, fui com ela para o Casa Pia.
Também fazia voleibol e pingue-pongue. Pingue-pongue foi pelo Benfica porque senhor do Ferroviário, que tocava guitarra com a Dona Amália, viu-me jogar com os rapazes, era todo benfiquista, dirigente, achou que eu tinha jeito, levou-me para lá, para os campeonatos. Mas paixão era o atletismo, deixei tudo o resto..."
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"Olhe, ali ainda um pedaço do rebordo da pista. Não, a minha primeira vitória não foi aqui, foi no Lumiar, no velho estádio do Sporting. O meu pai não sabia que eu corria, eu tinha assinado a ficha como se fosse ele, ninguém notou. Um fogueiro do comboio apareceu-lhe com um jornal a perguntar-lhe se a rapariga que lá estava não era a filha dele. Era, numa reportagem do Casa Pia. Soube da corrida, apareceu no Lumiar e ao aperceber-me dele nas bancadas fiquei em pânico, a gritar que não corria, não e não.
Os senhores do Casa Pia foram pedir-lhe autorização, disse que sim. Ganhei e nunca mais me esqueci da imagem do meu pai, eufórico, a bater palmas.» Essa foi uma prova de 100 metros. Algures, por 1944."
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"Blocos de partida não havia — fazíamos buracos no chão, escavávamos a pista, até os pés ficarem presos. Foi sempre assim, comigo. Bicos, só quando passei do Casa Pia para o Belenenses, mas eram uma coisa muito tosca, feitos por sapateiros que lhe encaixavam pregos nas solas. Às vezes, os bicos soltavam-se, espetavam-se nos pés, acabávamos as provas a coxear.O que eu mais gostava de fazer era barreiras. Na primeira vez que apareci no Belenenses, Alberto Freitas, o nosso treinador, mandou-me passar uma barreira e... a única coisa que disse foi: Meu Deus, que mulher nós temos..."
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"É verdade, para além das 11 vezes que fui campeã nas barreiras e das nove no comprimento, ganhei oito vezes os 100, cinco nos 200, quatro no pentatlo e poderia ter sido campeã de Portugal muitas mais.
Os regulamentos não me deixavam fazer as provas que queria, nem estafetas, nem altura. Nas únicas três vezes em que pude ir ao salto em altura nos campeonatos, venci.
Colchões, não havia! Fazia-se um monte de areia para amortecer a queda, saíamos, todas, de lá esfoladas. Não, não treinava muito, só antes dos campeonatos, oito vezes, duas por semana.
Sabe porquê? Nem os oito tostões para o eléctrico me davam, tinha de vir por minha conta. Acácio Rosa, um dos nossos dirigentes históricos, oferecia-me alpercatas para correr e às vezes o dinheiro para os bilhetes que gastava nessas oito vezes..."
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"Eu era da Moita, sempre lá morei. Agora a Moita está grande, mas naquela altura era só campo, repolhos, batatas, os batelões que levavam a hortaliça para Lisboa, meia dúzia de casas.
O que eu passava por ser como era. Havia um rio onde as mulheres lavavam roupa e ao verem-me a caminho do comboio chamavam-me tudo.
Às vezes chorava, de raiva. Depois casei, ainda foi pior, mesmo com o meu marido comigo.
A primeira vez que fui à televisão, em 1958, havia só um café na Moita, as mulheres a espreitar na vidraça, a dizerem: que vergonha, até na televisão ela aparece! Não sei se uma prostituta teria tantos nomes como eu tive, tanto falatório, só porque andava a correr de calções.Eu era uma moça... boazonazinha, por isso os rapazes da Moita vinham a Lisboa às provas só para me verem as pernas.
Às vezes penso que se me tivessem dado condições, tinha sido campeã da Europa, olímpica. Com as minhas qualidades, vontade...
Era empregada na CUF, no departamento de projectos. Depois do trabalho e dos treinos ainda tinha a lida da casa.
No atletismo nunca ganhei nada. Fizeram-me uma homenagem nas Salésias em 1952 e uma festa de despedida no Restelo. Foram as únicas vezes que me deram dinheiro. Sabe para o que deu? Comprar a mobília para a minha casa..."
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No BI de Georgete Duarte a idade: 84 anos
"Na cabeça e no corpo ainda não cheguei aí!" Percebe-se. Há 14 anos que dá aulas de ginástica a um grupo de mulheres no Pavilhão da Moita.
"Muitas delas poderiam ser minhas filhas, netas. A única coisa de que se queixam é de eu puxar muito por elas. No ano passado fomos à caminhada da Meia Maratona da Moita: sete quilómetros. Umas vezes a correr, outras a marchar, eu sempre a dar-lhes gás, tiveram de ir atrás de mim. Está-me no sangue. É o que vou fazer, domingo, na Corrida dos 90 Anos do Belenenses, que é a minha vida. Só tenho pena que as Salésias, de onde vamos partir para o Restelo, onde me coube a honra de colocar a primeira pedra para o estádio, estejam neste abandono. Era tão bom que alguém nos ajudasse..."
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Quando saltou pela primeira vez uma barreira, o seu treinador disse-lhe: "Temos mulher"
Hoje, aos 84 anos, Georgete Duarte ainda recorda a frase que a catapultou para as pistas de atletismo.
Desde pequena que Georgete não se identificava com coisas de meninas. "Queria correr e saltar. Era uma maria-rapaz!", lembrou a antiga atleta a Record.
Depois de ter experimentado várias modalidades (do basquetebol ao ténis de mesa), despertou para o atletismo no Casa Pia, mas foi no Belenenses, em 1944, que começou a brilhar no tartan - ainda no tempo em que os "bicos dos sapatos muitas vezes se espetavam nos pés e faziam-se as provas a coxear" - e a coleccionar títulos: foi recordista nacional nos 80 metros barreiras e no pentatlo, sagrou-se campeã nacional e regional nos 60 m e 150 m, assim como no lançamento do disco e do salto em comprimento.
Ao todo foram 46 títulos em 10 modalidades diferentes que a tornaram na atleta portuguesa mais medalhada, mas sempre com uma grande humildade. "Nunca deixei de trabalhar.
Andava a cair. Treinava-me depois de sair do trabalho e ainda tinha a lida da casa quando chegava", afirmou.
Quando, em 1958, se despediu da alta competição, Georgette nunca se desvinculou do desporto. Há 14 anos que dá aulas de ginástica, às terças e quintas-feiras, a um grupo de mulheres no Pavilhão da Moita. "São minhas amigas e não minhas alunas", afirma a desportista.
Dia 8 de Novembro, Georgete Duarte irá participar na caminhada comemorativa dos 90 anos do seu Belenenses

Das Salésias ao Restelo...pelo futuro!


Das Salésias ao Restelo... pelo futuro!

Dos 15 tostões do autocarro à sardinhada na superior Fonseca e Costa e a razão de tudo.

É dali, das Salésias, que, domingo, vai sair a Corrida dos 90 Anos do Belenenses.
Nasceu, em 2006, de uma ideia de António Fonseca e Costa: «Estávamos nas comemorações do 50º Aniversário do Estádio do Restelo – e eu propus em Conselho Geral corrida que fosse um compromisso entre o passado e o futuro e sobretudo uma forma de sensibilização para o estado de abandono das Salésias. Fez-se. Decidimos continuá-la até que as Salésias sejam devolvidas ao clube ou se tornem em algo mais digno, ao serviço da comunidade.
Parece que com esta vereação da Câmara Municipal volta a haver a esperança, vamos ver – pois custa muito olhar para toda esta degradação, lama, lixo, barracas...»
Antes do tiro, em operação de marketing a puxar ao sentimento, Fonseca e Costa fez questão de passar por lá com alguns históricos de Belém.
Januário Costa, dos melhores especialistas de 400 metros da década de 50, que logo largou em memória: «Ai como era o atletismo! Não tínhamos equipamentos, davam-nos umas alpergatas, de pano com sola fininha, calções que já tinham servido no futebol, camisolas às vezes com buracos. Nas Salésias calcei bicos pela primeira vez, feitos em sapateiros que atarraxavam pregos às solas.
Quando aparecia uma pedra na cinza –o prego entrava, furava-nos os pés.
Em 1953 fui campeão nacional de juniores – e por causa disso o Belenenses começou a dar-me três escudos por cada treino, fazia dois por semana, às terças e quintas, eram 15 tostões para o autocarro de Belém ao Alto do Carvalhão, mais 15 para o regresso. E mais nada.
Mas como nem sempre recebia, o meu pai punha-me os três escudos no bolso e dizia-me: leva, se não te pagarem, devolves. Era o que fazia, claro...»
Para Fonseca e Costa, a Corrida dos 90 Anos do Belenenses – deve ser mais do que uma corrida, espaço para a memória, memórias assim, cruzadas no tempo. «Para além desse traço de união entre o passado, o presente e o futuro, as Salésias e o Restelo, um espaço de unidade e partilha.
E é por isso que apelo a que toda a gente venha, quem não puder correr, caminha. E depois, na superior, vamos fazer uma sardinhada, uma churrascada, recordar, viver – mostrar o que o Belenenses foi e é.
Pode e deve vir gente que foi de outros clube, é óbvio. Temos a certeza de que a Rosa Mota vai estar, a Aurora Cunha só não estará porque, nesse dia, o FC Porto vai homenageá-la pelos 25 anos do seu título de campeã mundial de estrada, no intervalo do jogo com o Rio Ave...»

"Vicente, o golo ao FC Porto, Pelé e o vidro que o cegou
Golo histórico na primeira vez que jogou nas Salésias, cinco contos o seu maior ordenado
Vicente Lucas saiu do carro – e atirou, súbito, os olhos para o campo.
Para baliza ao fundo – contou: «Foi ali, naquela, que eu marquei o meu primeiro golo pelo Belenenses. Ao FC Porto.
No jogo da minha estreia oficial. Queriam chamar-me Matateu II, por causa do meu irmão, eu disse não, que era Vicente, Vicente fiquei.»
Uma velhinha passa - e grita-lhe: «Ai meu querido, o homem que não deixava Pelé jogar.» Há no sorriso de Vicente - um traço desarmante de timidez e um murmúrio: «É o que toda a gente diz, sempre, isso do Pelé.
A primeira vez foi no Estádio Nacional – e o Pelé ficou logo no meu bolso. Depois, foram mais quatro vezes.
Até que chegou aquele jogo do Mundial de 1966. Dizem que ele, mal me viu - ficou assustado. Não sei. Só sei que lhe disse: Joga o teu futebol, que eu vou jogar o meu! Não, não tinha nenhum segredo.
Com ele, fiz o que fiz com toda a gente: nada de porrada, só antecipação, eu nunca fui de bater...»Um ano depois, o drama. À beira do Estádio do Restelo: «O condutor de outro carro fez manobra perigosa, para não o apanhar bati num poste, o vidro do pára-brisas atingiu-me o olho direito, cegou-me. Tinha 30 anos, não mais pude voltar a jogar.» Organizaram-lhe festa de despedida – com a receita comprou dois andares, montou café-tabacaria.
O negócio fracassou, teve de vender os andares - passou a treinador. «O quê? Se não fosse o acidente, poderia estar agora rico?! Não! Naquela altura não se ganhava nada de especial, o meu maior ordenado no Belenenses foi cinco contos. Não havia contratos para o estrangeiro, o Salazar não deixava, nem ao Eusébio.
Como é a minha vida agora? Normal! Vivo da reforma – e desta paixão pelo Belenenses, que é até morrer. Só quando não posso é que não passo todos os dias pelo Restelo. E desejo muito que toda a gente que, como eu, tem o Belenenses no coração faça esta corrida...»

" Argentina de Matateu por causa de A BOLA
Filha está a escrever livro «íntimo» sobre o... «Terror dos Guarda-Redes»
Chama-se Argentina, Argentina Lucas. «O meu nome é o que é por causa de A BOLA, sabia?
Em 1954, o meu pai estava a jogar contra a Argentina – e ao intervalo foram dizer-lhe que eu tinha nascido. Ficou eufórico - e marcou um golo.
O jornalista brincou com ele: agora, até podia chamar Argentina à menina, ficava giro. Disse logo - que era mesmo isso, Argentina fiquei.»
O pai é Matateu, o mito do Belenenses – que explodiu nas Salésias, ainda. Foi o primeiro jogador de futebol do clube a ter automóvel - e, por ali, para além de se recordarem as lágrimas a soltarem-se por causa do golo do sportinguista Martins que, a quatro minutos do fim, tirou o título de campeão de 1954, deu-o ao Benfica, de Matateu se contaram outras coisas.
Que havia dias em que bebia 30 cervejas – e que nas Salésias, tinha escondida, na casa de banho, atrás da sanita, garrafinha que tinha de beber, sagrado, sempre, ao intervalo. Bebia e nunca nenhum treinador descobriu. «Era o seu doping!»
Outras revelações promete Argentina. «Estou a escrever a biografia do meu pai. As histórias mais profundas, mais íntimas, muito engraçadas, hilariantes até – que ninguém sabe. Ainda não tenho editora, o livro é para 2010, há tempo. Ah! E sabe que também fiz atletismo? Comecei aos 14 anos, os meus treinadores foram o Matos Fernandes e o Rui Mingas. Depois, a minha mãe e o seu segundo marido foram para Angola - e eu não continuei porque dizia que desporto só fazia no Belenenses. Era birra por amor à camisola. Também tinha andado no basquetebol, era lançadora de dardo e peso, para correr não dava muito, era um bocadinho gordinha...»

As provas de sports atléticos do "Belenenses"

O Grupo de atletas do Club de Football "Os Belenenses" que tomou parte nas provas deste Club organizadas no passado domingo (29 de Agosto de 1926).Devemos salientar que o "Belenenses" foi dos Clubs de Football que mais se salientaram esta época em atletismo, ao lado do Sporting, Internacional, Bemfica e Carcavelinhos. 
In "ECO DOS SPORTS" de 5 de Setembro de 1926

O 1º titulo nacional em Atletismo do C.F. «Os Belenenses»

UM CLUB QUE TRABALHA E PROGRIDE - A equipe do Club de Football "OS BELENENSES" que acaba de despontar para os sports atléticos apresentando a revelação Severo Tiago "Sprinter" de largo futuro. In "Eco dos Sports" de 15 de Agosto de 1926.


🏃Na foto, a equipa de atletismo que representou o Clube, pela 1ª vez, nos campeonatos nacionais de Atletismo: Dirigente não identificado, Belém Rodrigues, Joaquim de Almeida (também campeão de futebol), Luís Teixeira, João Dória, Jorge Pancada da Silveira, Libertino Basto, Severo Tiago (também campeão de futebol), António de Carvalho e Clodemiro Alves.

Nos campeonatos nacionais que se realizaram no Stadium em 31/7 e 1/8/1926, Severo Tiago, tornou-se campeão do salto em comprimento (6,05 metros), dando assim ao Belenenses o seu primeiro titulo nacional em atletismo.