O Belenenses em digressão por França


Primeira semana de Junho de 1974 
⛹Ernesto, Celestino Ruas, Mourinho, Luís Carlos, Eliseu, Minervino Pietra, Mário Coelho (chefe do departamento de futebol), Laurindo e João Cardoso. 
⛹Alejandro Scopelli (treinador), Major Baptista da Silva (Presidente da Direcção), Pincho, Murça, Calado, «Paco» Gonzalez, Quinito (encoberto) João Silva (massagista), Peres Bandeira (treinador de campo), Alfredo Quaresma, Vítor Godinho e Fernando Freitas.

Equipa de Honra do C.F. "Os Belenenses" da época 1971/72

Alfredo Quaresma, Quinito, Pena, João Cardoso, Mourinho e Alfredo Murça
Carlos Serafim, Luís Carlos, Carlos Jorge, Laurindo e Godinho

Vésperas do Belenenses - Porto da época 1975/76

Treino de conjunto, 6ª-feira, 23 de Janeiro de 1976 - Um angolano (Freitas), um timorense (Pincho) e o treinador belenense Peres Bandeira: o Porto batia à porta (vitória belenense, 1-0).

Conversa no regresso a casa

Matateu, então no Atlético, à conversa com o mano Vicente Lucas, em jogo no Restelo. A esta distância parece um crime que o maior símbolo do Belenenses tenha ainda envergado outra camisola depois da azul com a cruz de Cristo ao peito.
Foto e legenda do amigo do Belenenses Ilustrado, R. Dias

Benvindo Assis Quintino Viola


Nascido em Olhão em 08/10/1941
Falecido em Azeitão em 20/09/2022
Júnior do Belenenses nas épocas 1958/59 e 1959/60
Sénior do Belenenses nas épocas 1960/61 e 1965/66 a 1969/70

Quem o Viu e Quem o Vê

«115»
Fernando José António Freitas Alexandrino 
Angola, 21-07-1947
Jogador belenense de 1967/68 a 1975/76
Vice-Campeão Nacional de 1972/73
7 Internacionalizações enquanto jogador do Belenenses

Carlos Manuel do Sacramento Tudela Pena

Jogador do Belenenses nas épocas 1970/71 e 1971/72
"O Pena abandonou o futebol em 1974, e com estrondo: deu brado uma entrevista concedida à rádio na qual afirmava, entre outras coisas, que “o único treinador que nunca me dopou foi o sr. Meirim”. Foi o bom e o bonito, com toda a gente a tratar o Pena de mentiroso para baixo. Especialmente ofendido ficou o Manuel de Oliveira, que já havia ficado um pouco “queimado” por causa de uma entrevista do Barroca, que o acusou de chantagear os jogadores para serem dopados " Manuel Góis / Arquivos da Bola

Não sou Matateu, eu sou o Vicente

"Em Moçambique era avançado e com a mesma camisola iniciou-se também em Portugal, num jogo contra o Porto em que marcou um golo. Foi nessa altura que os adeptos começaram a querer chamá-lo de Matateu II, ao que ele respondeu, «Não sou Matateu, eu sou o Vicente»" 

José Narciso Pereira «Reca», da Trafaria para Belém

"Narciso é um produto belenense e foi há dez anos já que ele iniciou oficialmente a sua carreira de futebolista no popular clube da Cruz de Cristo. Precisamente, na época de 1942-43.
Entretanto, em 1944, Narciso passou a representar o Trafaria, onde se manteve durante três épocas. Para o seu regresso à equipa dos "azuis" não foi estranha a influência do antigo internacional belenense Rafael Correia, que tem o seu comércio na Trafaria.
Na sua festa de despedida, ao abandonar o campo, Rafael conduziu Narciso ao lugar que deixava vago e que este, realmente, passou a preencher sem deixar mal colocado o seu antecessor e introdutor.
Narciso, agora, faz a sexta época consecutiva na primeira categoria dos Belenenses, àparte um ou outro período em que baixou à "reserva".
Normalmente extremo-esquerdo, tem jogado também a extremo-direito e a avançado-centro e, ultimamente, por via do processo táctico da sua equipa, tem desempenhado na equipa uma missão específica, que se assemelha á do interior pois actua quase sempre recuado, em beneficio do rematador Matateu.
Essa papel quadra-se bem com o temperamento buliçoso de Narciso, que não é homem para esperar pelo jogo e, se lhe dessem azo, percorria todo o campo.
Narciso, é um jogador alegre, vivo, mexido, e o treinador Fernando Vaz tem procurado acertadamente tirar partido dessas características, atribuindo-lhe uma acção de "sacrifício" a que se devota com entusiasmo.
Narciso é, essencialmente, um jogador de clube, o chamado "operário" de uma equipa e, não sendo já positivamente um jovem, pois ronda os trinta anos, continua a dar provas da extraordinária vitalidade que tem sido a sua principal característica." Carlos Pinhão

Manuel Jorge

"Manuel Jorge da Costa e Silva constitui mais um sugestivo exemplo de como os clubes poderiam bastar-se a si próprios quanto possível, trabalhando a fundo as suas escolas de jogadores.
O novo interior-direito do Clube Futebol "Os Belenenses" é um produto cem por cento da casa e é até bem curiosa a história da sua iniciação futebolística.
Tinha catorze anos quando o clube o admitiu ao serviço nas Salésias, como auxiliar do guarda-do-campo.
Sempre que se lhe deparava uma folgazita, o garoto pegava numa das bolas e entretinha-se a pontapeá-la tempos infinitos.
Assim se foi exercitando sozinho e ganhou tal gosto pela bola que decidiu fazer-se também jogador.
No ano seguinte, fazia parte da escola de infantis que o treinador italiano Rino Martini orientou. Evidenciou qualidades que o levaram à equipa de juniores em 1950-51, quando atingiu a idade regulamentar.
Alcançou dezasseis golos durante o Campeonato Regional da categoria, afirmando-se como um dos melhores marcadores do torneio. Ao seu desenvolvimento físico aliavam-se os seus progressos de ordem técnica, resultantes do seu entusiasmo e da sua aplicação nos treinos.
Na época de 1951-52, Manuel Jorge passou a ser avançado-centro da "reserva", confirmando amplamente as esperanças que nele se depositavam.
Ainda nessa época, fez já alguns desafios particulares na primeira categoria.
Até que, no Nacional de 1952-53, gorada a experiência de Castela a interior, o treinador Fernando Vaz foi à reserva buscar Manuel Jorge e lançou-o como interior direito do grupo principal.
Apareceu logo na quarta jornada, no jogo em que o Belenenses foi ganhar a Braga, e fixou-se na categoria de honra, onde se tem creditado de uma média muito apreciável de exibições." Carlos Pinhão

Francisco André

"André é um nome desta época no nosso futebol de primeiro plano.
"Os Belenenses" experimentaram-no nos primeiros desafios particulares e a experiência deu resultado, pois o jovem algarvio ganhou o lugar e tem vindo no Campeonato nacional a botar figura digna de relevo.
Veio de Faro, onde começou e onde alcançou rápida notoriedade.
Principiou, como todos, com a bola trapeira, que pontapeava desenfreadamente nos terrenos baldios da capital do Algarve.
Formavam-se grupos populares, que disputavam renhidos torneios, e André pertencia ao "Estoril e Xixo". Jogava, treinava e era também director.
Mas um dia, outro poder mais alto se levantou. O Sporting Clube Farense, um dos mais prestigiados clubes do Algarve, precisava de um avançado-centro e, ao lançar uma vista de olhos pelos clubes populares, a fama de André impressionou. Mas o rapaz tinha apenas 17 anos e, por isso, só na época seguinte pôde alinhar na primeira categoria. Não podia começar melhor.
- O Farense venceu o Elvas por 4-2 e André marcou as duas bolas que deram a vitória.
A seguir numa vitória por 3-0 sobre o Lusitano de Vila Real de Santo António, André marcou apenas as três bolas.
E, por aí fora, não tardou que o seu prestigio chegasse também à capital, para onde veio no começo deste ano lectivo para prosseguir os seus estudos.
À inteligência que André põe no jogo não podem ser estranhos os seus dotes de intelecto, pois tem o curso liceal concluído.
Fino no jogo e na figura, André sabe jogar e sabe rematar beneficiando da sua facilidade de elevação para alcançar frequentes golos de cabeça.
Não teve nos Belenenses o que se chama uma estreia auspiciosa e talvez fosse melhor assim. Quando do desafio com o Benfica para a Taça Maia Loureiro, Carlos Pinhão escreveu o seguinte:
- André sem continuidade de acção, mostrou a sua "pinta" de jogador.
Veio de Faro "à conquista da cidade" e, de repente, dá consigo no ESTÁDIO, a jogar com o BENFICA, diante do FÉLIX... todos estes nomes o devem ter perturbado e diminuído, mas bem vai o clube Belenense em persistir e em dar-lhe nova oportunidade.
Bem andou de facto o Belenenses. André continuou no eixo do ataque. Ao cabo da 1ª volta do nacional, tinha feito 11 dos 13 jogos e marcado 7 golos.
Os jogos com o Lanus e o Admira serviram-lhe de proveitosa lição e, na 2ª volta do Nacional, tem vindo a
convencer os últimos descrentes, jogando e marcando quase sempre - contra o Boavista, fez sozinho o resultado (3-0).
Ultimamente, tem-se dito que André acusa cansaço. Em entrevista concedida, o seu treinador, Fernando Vaz, diz o seguinte: Jovem como é, pois fez há pouco 19 anos, André tem acusado um pouco, como é inevitável, a dureza da prova mas, como se trata de um elemento que joga sobretudo com inteligência, desmente domingo a domingo a fadiga que se lhe atribui.
Em suma, estamos perante um jovem que chegou sem alardes mas que tem sabido conquistar o seu lugar à custa de talento e aplicação.
André ainda dará muito que falar.
Findo o Nacional, a média das suas exibições acredita-o como jogador de futuro. " Carlos Pinhão

Diamantino Pereira da Silva

"Sabe-se que Diamantino veio da Covilhã para o Belenenses, mas muita gente ignora que o rapaz é produto do futebol lisboeta.
Irmão de Daniel Silva, o antigo "Cóbecas" que jogou no Sporting e depois no Sporting de Braga, Diamantino iniciou oficialmente a sua carreira, nos juniores do Grupo Desportivo Estoril Praia.
Na época seguinte, passou à reserva e chegou a efectuar alguns jogos na primeira categoria.
Veio depois o convite do Sporting Clube da Covilhã, onde Diamantino veio a distinguir-se grandemente, realizando uma série de excelentes exibições no lugar de médio direito.
Chegou a chamar as atenções dos seleccionadores e, uma vez, veio de longada até à capital para um treino, mas, como faltara um guarda-redes, puseram-no na baliza... e a grande oportunidade perdeu-se assim ingloriamente.
No começo desta época, apareceu no Belenenses, mas tardou a subir à primeira categoria, pois eram muitos concorrentes:
- Castela, Amorim, Rebelo... A doença deste último e a quebra de Amorim abriram-lhe, por fim, as portas da primeira categoria, onde tem realizado uma média muito apreciável de exibições.
De tal modo ganhou a efectividade, que, tendo Amorim voltado à melhor forma, o treinador Fernando Vaz manteve-o na equipa, repetindo a experiência inicial de colocar Castela a interior. "

Miguel Andrés Di Pace

"D. Miguel representa para o Belenenses a memória de glórias irrepetíveis e é a nostalgia de uma felicidade que o tempo levou, algures na viagem entre as Salésias e o Restelo; meio século depois do regresso à Argentina, o seu nome continua a despertar emoções, mesmo naqueles que nunca o viram tocar na bola – é como se continuasse a jogar e fizesse parte do dia-a-dia. Em nome de uma vida inteira a ouvir elogiar o talento único e a sua irrepreensível formação, foi uma honra conhecê-lo.  Porque a eternidade é o destino dos génios, meu caro Di Pace, jamais esquecerei este momento."  
Rui Dias - Sábado, 8 maio de 2004

José Maria de Carvalho Pedroto

"Em 1928 - ano em que o futebol português se encheu de glória nos jogos olímpicos de Amesterdão - nascia em Lamego: José Maria de Carvalho Pedroto.
Foi para o Porto com 7 anos de idade, mas já com o vicio do futebol metido no corpo.
Muito miúdo ainda aparecia pelo campo da Constituição para assistir aos treinos dos ases.
Nasceu aí a sua admiração especial pelo famoso Pinga, tipo de jogador que viria a copiar, sem deixar mal o inspirador.
O austríaco Akas Tezier, que treinava então o F.C. do Porto, reparou no miúdo, achou-lhe graça e dava-lhe a bola. O "mal" ganhou raízes.
Entretanto, Pedroto passou a frequentar o liceu e jogava nos intervalos das aulas. Aos 16 anos, treinou no campo do Leixões, quiseram logo incluí-lo nos juniores, mas, teve de esperar pela idade.
Fez então duas épocas nos juniores, mas, com 18 anos, estava já na primeira categoria do Leixões, onde permaneceu durante três épocas. João Guia foi o seu primeiro treinador.
A vida militar levou-o para Tavira, pois o seu 5º ano liceal permitiu-lhe frequentar o curso de milicianos.
Foi uma "sorte grande" para o Lusitano de Vila Real de Santo António, que estava então na 1ª divisão. Vimos Pedroto jogar, a interior direito, na 1ª jornada do Nacional de 1949-50 e escrevemos então num jornal da tarde:
- Pedroto (ex-Leixões) deve ter sido uma excelente aquisição. Notámos-lhe bom sentido de jogo e ligeireza.
Depressa ganhou popularidade no Algarve e renome em toda a parte, de tal modo que foi disputadíssimo quando saiu do Lusitano.
Belenenses, Sporting e F.C. do Porto encarniçaram-se ao desafio e acabaram os "azuis" por levar a melhor. Agora, não havia dúvidas sobre a excelência.
Está há duas épocas nos Belenenses, onde tem feito, como se esperava, brilhante carreira.
No ano passado, esteve a um passo da selecção nacional e tudo leva a crer que lá chegará...
Repare-se: quando estava no Leixões, foi seleccionado para o Porto-Aveiro; no Lusitano, foi escolhido para o Algarve-Andaluzia; agora, depois de representar uma cidade e uma província, só lhe falta representar o país.
Na época passada, como dissemos, esteve quase...Fez brilhante temporada no lugar de médio direito e seguiu como suplente de Canário com a equipa nacional que participou no Festival Britânico.
Esperava-se que alinhasse contra o País de Gales ou contra a Inglaterra. Porém, não sucedeu assim...Mas Pedroto, jovem e inteligente, é daqueles que podem esperar sem pressas de maior. Tem o futuro nas mãos." C.A.P. (Carlos Alberto da Silva Pinhão)

O Tanque (Caldo Verde) do Jardim do Ultramar, actual Jardim-Museu Agrícola Tropical

"Na imagem, pormenor do lago, situado junto ao edifício do Museu, por baixo da escadaria que lhe dá acesso. Este lago foi em tempos aproveitado pela antiga escola de natação "Os Belenenses" para aulas de instrução a crianças. Após a sua criação, foi aqui instalado o Jardim Zoológico, transferido definitavamente para o actual local em 1914..." in Bellem/Belém . Reguengo da Cidade - Edições Asa - CML/Pelouro da Cultura, Dez.1990

Humberto Azevedo, em Julho de 1964
ministrando um treino, no 'caldo verde'

Pepe - o cometa azul - nasceu há 106 anos

José Manoel Soares Louro (1908 - 1931)
Diamante e primeiro símbolo do Belenenses

  • foto da amiga do Belenenses Ilustrado, Margarida Dias