Salésias permitem esplosão do futebol de formação azul

Com o regresso do histórico campo ao clube do Restelo, escalões jovens podem ganhar novo espaço para se treinarem.
São cerca de 450 os praticantes no Belenenses.
Opção pode passar pela construção de um relvado sintético.
AS Salésias vão mesmo voltar para o Belenenses. Um sonho em que muitos ainda não acreditam, mas uma realidade que os sócios e adeptos do clube do Restelo vão perceber muito em breve.
É então importante compreender o que vai ser feito num espaço que hoje não tem utilidade, está abandonado, sujo... Um dos projectos equacionados pela actual Direcção do Belenenses passa por requalificar a área, colocar pelo menos um campo relvado (sintético será a opção mais viável) e permitir que os escalões de formação possam ter, finalmente, um espaço para explodir.
Como é sabido, são muitos os diamantes que passam pelo Restelo.
Porém, sem condições de trabalho, o clube não tem forma de os lapidar, acabando por perdê-los para os rivais.
A requalificação das Salésias vai permitir que cerca de 450 futebolistas (250 de competição, 200 das escolinhas), possam ter um espaço próprio, deixando de sacrificar os relvados do Restelo, sem condições para albergar tantos jovens.
«Essa é a melhor notícia para a formação deste clube. Temos doze equipas de competição repartidas pelos vários escalões, que se treinam, pelo menos, três vezes por semana, algo que não é compatível para as actuais condições. Se queremos que a formação cresça, há que dar condições aos jogadores e aos treinadores para trabalharem a sério, podendo apresentar melhores resultados no futuro», explicou Jorge Castelo, coordenador do futebol de formação azul.
Mas a construção de uma casa para a formação não se esgota no aperfeiçoamento dos talentos.
O Belenenses tem 12 equipas de competição nas quais jogam 250 futebolistas
«Neste momento, devido à falta de espaços, há jovens que terminam os seus treinos às 22.30 horas, depois de terem iniciado o dia às 7 horas. São miúdos que não têm o tempo de descanso necessário. É normal que andem cansados. Do ponto de vista desportivo é péssimo. Em termos sociais é prejudicial», lembrou, acrescentando: «Com mais campos podemos fazer os treinos mais cedo, eles podem descansar, o clube poupa na luz... só temos a ganhar.»
Não se sabe ainda quando será celebrado o acordo da passagem das Salésias para o clube da Cruz de Cristo, porém, há já a certeza de que, com este mítico espaço, o futebol do Belenenses vai ganhar armas para ombrear com os grandes de Portugal. O campo das Salésias é a mola impulsionadora que faltava para os azuis saltarem para onde há muito ambicionam estar: no topo do futebol português.
- " mítico. O campo das Salésias foi utilizado durante muitos anos pela equipa de futebol do Belenenses. Um espaço mítico onde foram disputados desafios de enorme intensidade e emoção. Na imagem pode ver-se um Belenenses-Sporting disputado a 7 de Novembro de 1948, data em que os leões foram superiores e venceram, por 4-1. Hoje não há jogos, muito menos público. Em breve será possível voltarem a realizar-se desafios nas Salésias, mais que não seja da formação do Restelo. E com isto... cresce o Belenenses.
Reportagem do jornal "A BOLA" datada do passado dia 27.

Plantel do C.F. «Os Belenenses» da época de 1996/97


Valente, Paulo Madeira, Amarildo, M'Jid, Silvino, Filgueira, Caetano, Kiko, Luís Ferreira, Lito, Rui Esteves, Zito, Pedro Barny, Fonseca, Calila, Tonanha, Rogério, Fertout, Pedro Miguel, Emerson, Daoudi e Quinito (treinador).

Baptista Bastos entrevista Matateu: "O Matateu não diz mal de ninguém"


BB - (...) 1960, 61. Eu tinha ido para o "Almanaque" expulso d’ "O Século", por motivos políticos. E queríamos fazer um número sobre os "monumentos" nacionais. O Matateu, a Amália Rodrigues - com uma capa espantosa do João Abel Manta.
Uma publicação que tivesse mais de 120 páginas não ia à censura prévia, era um truque que arranjávamos, ter mais de 120 páginas. Decidiu-se que eu ia entrevistar o Matateu, e pergunto as coisas ao contrário.

P. - É uma entrevista muito cruel...Se ele sabe quem foi o Aquilino, o Beethoven....

BB - Para dar a imagem devolvida [da nação], digamos. Extremamente cruel. Qual é o país que gosta mais? É a Itália. Então porquê? Por causa das mulheres, gostam muito dos pretos...

P. - Marquei aqui [no livro "As Palavras dos Outros" que pode ler clicando aqui]: "Por causa das mulheres. Lindas. Comi algumas. Muito boas. Gosto bastante da Itália. Que rico país para um preto viver!" Ele disse mesmo: "Que rico país para um preto viver!"?

BB - Rigorosamente. O Matateu era absolutamente invulgar, e não sei se eu devia ter publicado essas coisas. Ele subia a Calçada da Ajuda e os miúdos atrás dele. Todo o gato e cão era Matateu. Ele sentava-se naqueles bancos corridos das tabernas a conversar com as pessoas. Era extremamente popular. Mais tarde tentei ressarcir-me escrevendo uma crónica onde dizia que fui muito cruel. Porque ele diz lá na entrevista: "O Matateu não diz mal de ninguém." (...)

Entrevista de Baptista Bastos ao suplemento do Público, Ípsilon. 2007.
Caricaturas de Baltazar e Miguel Salazar

Excelentes Vitórias do Atletismo Belenense

Rui Ramos, Almério Cardoso, Joaquim Branco, Januário, Ambrósio, Monteiro, Manarte, Arménio Neves, Gonçalves e Albuquerque obtiveram excelentes vitórias no torneio de equipas
Páginas 3 e 4 do jornal, "Os Belenenses" de 5 de Junho de 1954

Georgete Duarte, a Eterna Campeã das Campeãs e Campeões Belenenses

Vá lá, na primeira vez em que voltei aqui, 
às Salésias, as lágrimas fugiram-me dos olhos

Custa muito ver esta miséria. Foi aqui que encontrei o meu destino e daqui que parti para ir pôr a primeira pedra ao Restelo.
Como é que o atletismo entrou na minha vida? O meu pai era maquinista dos Caminhos de Ferro - e para ter passe grátis fui jogar basquetebol para o Ateneu Ferroviário.
Uma colega desafiou-me para as corridas, fui com ela para o Casa Pia.
Também fazia voleibol e pingue-pongue. Pingue-pongue foi pelo Benfica porque senhor do Ferroviário, que tocava guitarra com a Dona Amália, viu-me jogar com os rapazes, era todo benfiquista, dirigente, achou que eu tinha jeito, levou-me para lá, para os campeonatos. Mas paixão era o atletismo, deixei tudo o resto..."
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"Olhe, ali ainda um pedaço do rebordo da pista. Não, a minha primeira vitória não foi aqui, foi no Lumiar, no velho estádio do Sporting. O meu pai não sabia que eu corria, eu tinha assinado a ficha como se fosse ele, ninguém notou. Um fogueiro do comboio apareceu-lhe com um jornal a perguntar-lhe se a rapariga que lá estava não era a filha dele. Era, numa reportagem do Casa Pia. Soube da corrida, apareceu no Lumiar e ao aperceber-me dele nas bancadas fiquei em pânico, a gritar que não corria, não e não.
Os senhores do Casa Pia foram pedir-lhe autorização, disse que sim. Ganhei e nunca mais me esqueci da imagem do meu pai, eufórico, a bater palmas.» Essa foi uma prova de 100 metros. Algures, por 1944."
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"Blocos de partida não havia — fazíamos buracos no chão, escavávamos a pista, até os pés ficarem presos. Foi sempre assim, comigo. Bicos, só quando passei do Casa Pia para o Belenenses, mas eram uma coisa muito tosca, feitos por sapateiros que lhe encaixavam pregos nas solas. Às vezes, os bicos soltavam-se, espetavam-se nos pés, acabávamos as provas a coxear.O que eu mais gostava de fazer era barreiras. Na primeira vez que apareci no Belenenses, Alberto Freitas, o nosso treinador, mandou-me passar uma barreira e... a única coisa que disse foi: Meu Deus, que mulher nós temos..."
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"É verdade, para além das 11 vezes que fui campeã nas barreiras e das nove no comprimento, ganhei oito vezes os 100, cinco nos 200, quatro no pentatlo e poderia ter sido campeã de Portugal muitas mais.
Os regulamentos não me deixavam fazer as provas que queria, nem estafetas, nem altura. Nas únicas três vezes em que pude ir ao salto em altura nos campeonatos, venci.
Colchões, não havia! Fazia-se um monte de areia para amortecer a queda, saíamos, todas, de lá esfoladas. Não, não treinava muito, só antes dos campeonatos, oito vezes, duas por semana.
Sabe porquê? Nem os oito tostões para o eléctrico me davam, tinha de vir por minha conta. Acácio Rosa, um dos nossos dirigentes históricos, oferecia-me alpercatas para correr e às vezes o dinheiro para os bilhetes que gastava nessas oito vezes..."
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"Eu era da Moita, sempre lá morei. Agora a Moita está grande, mas naquela altura era só campo, repolhos, batatas, os batelões que levavam a hortaliça para Lisboa, meia dúzia de casas.
O que eu passava por ser como era. Havia um rio onde as mulheres lavavam roupa e ao verem-me a caminho do comboio chamavam-me tudo.
Às vezes chorava, de raiva. Depois casei, ainda foi pior, mesmo com o meu marido comigo.
A primeira vez que fui à televisão, em 1958, havia só um café na Moita, as mulheres a espreitar na vidraça, a dizerem: que vergonha, até na televisão ela aparece! Não sei se uma prostituta teria tantos nomes como eu tive, tanto falatório, só porque andava a correr de calções.Eu era uma moça... boazonazinha, por isso os rapazes da Moita vinham a Lisboa às provas só para me verem as pernas.
Às vezes penso que se me tivessem dado condições, tinha sido campeã da Europa, olímpica. Com as minhas qualidades, vontade...
Era empregada na CUF, no departamento de projectos. Depois do trabalho e dos treinos ainda tinha a lida da casa.
No atletismo nunca ganhei nada. Fizeram-me uma homenagem nas Salésias em 1952 e uma festa de despedida no Restelo. Foram as únicas vezes que me deram dinheiro. Sabe para o que deu? Comprar a mobília para a minha casa..."
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No BI de Georgete Duarte a idade: 84 anos
"Na cabeça e no corpo ainda não cheguei aí!" Percebe-se. Há 14 anos que dá aulas de ginástica a um grupo de mulheres no Pavilhão da Moita.
"Muitas delas poderiam ser minhas filhas, netas. A única coisa de que se queixam é de eu puxar muito por elas. No ano passado fomos à caminhada da Meia Maratona da Moita: sete quilómetros. Umas vezes a correr, outras a marchar, eu sempre a dar-lhes gás, tiveram de ir atrás de mim. Está-me no sangue. É o que vou fazer, domingo, na Corrida dos 90 Anos do Belenenses, que é a minha vida. Só tenho pena que as Salésias, de onde vamos partir para o Restelo, onde me coube a honra de colocar a primeira pedra para o estádio, estejam neste abandono. Era tão bom que alguém nos ajudasse..."
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Quando saltou pela primeira vez uma barreira, o seu treinador disse-lhe: "Temos mulher"
Hoje, aos 84 anos, Georgete Duarte ainda recorda a frase que a catapultou para as pistas de atletismo.
Desde pequena que Georgete não se identificava com coisas de meninas. "Queria correr e saltar. Era uma maria-rapaz!", lembrou a antiga atleta a Record.
Depois de ter experimentado várias modalidades (do basquetebol ao ténis de mesa), despertou para o atletismo no Casa Pia, mas foi no Belenenses, em 1944, que começou a brilhar no tartan - ainda no tempo em que os "bicos dos sapatos muitas vezes se espetavam nos pés e faziam-se as provas a coxear" - e a coleccionar títulos: foi recordista nacional nos 80 metros barreiras e no pentatlo, sagrou-se campeã nacional e regional nos 60 m e 150 m, assim como no lançamento do disco e do salto em comprimento.
Ao todo foram 46 títulos em 10 modalidades diferentes que a tornaram na atleta portuguesa mais medalhada, mas sempre com uma grande humildade. "Nunca deixei de trabalhar.
Andava a cair. Treinava-me depois de sair do trabalho e ainda tinha a lida da casa quando chegava", afirmou.
Quando, em 1958, se despediu da alta competição, Georgette nunca se desvinculou do desporto. Há 14 anos que dá aulas de ginástica, às terças e quintas-feiras, a um grupo de mulheres no Pavilhão da Moita. "São minhas amigas e não minhas alunas", afirma a desportista.
Dia 8 de Novembro, Georgete Duarte irá participar na caminhada comemorativa dos 90 anos do seu Belenenses

Das Salésias ao Restelo...pelo futuro!


Das Salésias ao Restelo... pelo futuro!

Dos 15 tostões do autocarro à sardinhada na superior Fonseca e Costa e a razão de tudo.

É dali, das Salésias, que, domingo, vai sair a Corrida dos 90 Anos do Belenenses.
Nasceu, em 2006, de uma ideia de António Fonseca e Costa: «Estávamos nas comemorações do 50º Aniversário do Estádio do Restelo – e eu propus em Conselho Geral corrida que fosse um compromisso entre o passado e o futuro e sobretudo uma forma de sensibilização para o estado de abandono das Salésias. Fez-se. Decidimos continuá-la até que as Salésias sejam devolvidas ao clube ou se tornem em algo mais digno, ao serviço da comunidade.
Parece que com esta vereação da Câmara Municipal volta a haver a esperança, vamos ver – pois custa muito olhar para toda esta degradação, lama, lixo, barracas...»
Antes do tiro, em operação de marketing a puxar ao sentimento, Fonseca e Costa fez questão de passar por lá com alguns históricos de Belém.
Januário Costa, dos melhores especialistas de 400 metros da década de 50, que logo largou em memória: «Ai como era o atletismo! Não tínhamos equipamentos, davam-nos umas alpergatas, de pano com sola fininha, calções que já tinham servido no futebol, camisolas às vezes com buracos. Nas Salésias calcei bicos pela primeira vez, feitos em sapateiros que atarraxavam pregos às solas.
Quando aparecia uma pedra na cinza –o prego entrava, furava-nos os pés.
Em 1953 fui campeão nacional de juniores – e por causa disso o Belenenses começou a dar-me três escudos por cada treino, fazia dois por semana, às terças e quintas, eram 15 tostões para o autocarro de Belém ao Alto do Carvalhão, mais 15 para o regresso. E mais nada.
Mas como nem sempre recebia, o meu pai punha-me os três escudos no bolso e dizia-me: leva, se não te pagarem, devolves. Era o que fazia, claro...»
Para Fonseca e Costa, a Corrida dos 90 Anos do Belenenses – deve ser mais do que uma corrida, espaço para a memória, memórias assim, cruzadas no tempo. «Para além desse traço de união entre o passado, o presente e o futuro, as Salésias e o Restelo, um espaço de unidade e partilha.
E é por isso que apelo a que toda a gente venha, quem não puder correr, caminha. E depois, na superior, vamos fazer uma sardinhada, uma churrascada, recordar, viver – mostrar o que o Belenenses foi e é.
Pode e deve vir gente que foi de outros clube, é óbvio. Temos a certeza de que a Rosa Mota vai estar, a Aurora Cunha só não estará porque, nesse dia, o FC Porto vai homenageá-la pelos 25 anos do seu título de campeã mundial de estrada, no intervalo do jogo com o Rio Ave...»

"Vicente, o golo ao FC Porto, Pelé e o vidro que o cegou
Golo histórico na primeira vez que jogou nas Salésias, cinco contos o seu maior ordenado
Vicente Lucas saiu do carro – e atirou, súbito, os olhos para o campo.
Para baliza ao fundo – contou: «Foi ali, naquela, que eu marquei o meu primeiro golo pelo Belenenses. Ao FC Porto.
No jogo da minha estreia oficial. Queriam chamar-me Matateu II, por causa do meu irmão, eu disse não, que era Vicente, Vicente fiquei.»
Uma velhinha passa - e grita-lhe: «Ai meu querido, o homem que não deixava Pelé jogar.» Há no sorriso de Vicente - um traço desarmante de timidez e um murmúrio: «É o que toda a gente diz, sempre, isso do Pelé.
A primeira vez foi no Estádio Nacional – e o Pelé ficou logo no meu bolso. Depois, foram mais quatro vezes.
Até que chegou aquele jogo do Mundial de 1966. Dizem que ele, mal me viu - ficou assustado. Não sei. Só sei que lhe disse: Joga o teu futebol, que eu vou jogar o meu! Não, não tinha nenhum segredo.
Com ele, fiz o que fiz com toda a gente: nada de porrada, só antecipação, eu nunca fui de bater...»Um ano depois, o drama. À beira do Estádio do Restelo: «O condutor de outro carro fez manobra perigosa, para não o apanhar bati num poste, o vidro do pára-brisas atingiu-me o olho direito, cegou-me. Tinha 30 anos, não mais pude voltar a jogar.» Organizaram-lhe festa de despedida – com a receita comprou dois andares, montou café-tabacaria.
O negócio fracassou, teve de vender os andares - passou a treinador. «O quê? Se não fosse o acidente, poderia estar agora rico?! Não! Naquela altura não se ganhava nada de especial, o meu maior ordenado no Belenenses foi cinco contos. Não havia contratos para o estrangeiro, o Salazar não deixava, nem ao Eusébio.
Como é a minha vida agora? Normal! Vivo da reforma – e desta paixão pelo Belenenses, que é até morrer. Só quando não posso é que não passo todos os dias pelo Restelo. E desejo muito que toda a gente que, como eu, tem o Belenenses no coração faça esta corrida...»

" Argentina de Matateu por causa de A BOLA
Filha está a escrever livro «íntimo» sobre o... «Terror dos Guarda-Redes»
Chama-se Argentina, Argentina Lucas. «O meu nome é o que é por causa de A BOLA, sabia?
Em 1954, o meu pai estava a jogar contra a Argentina – e ao intervalo foram dizer-lhe que eu tinha nascido. Ficou eufórico - e marcou um golo.
O jornalista brincou com ele: agora, até podia chamar Argentina à menina, ficava giro. Disse logo - que era mesmo isso, Argentina fiquei.»
O pai é Matateu, o mito do Belenenses – que explodiu nas Salésias, ainda. Foi o primeiro jogador de futebol do clube a ter automóvel - e, por ali, para além de se recordarem as lágrimas a soltarem-se por causa do golo do sportinguista Martins que, a quatro minutos do fim, tirou o título de campeão de 1954, deu-o ao Benfica, de Matateu se contaram outras coisas.
Que havia dias em que bebia 30 cervejas – e que nas Salésias, tinha escondida, na casa de banho, atrás da sanita, garrafinha que tinha de beber, sagrado, sempre, ao intervalo. Bebia e nunca nenhum treinador descobriu. «Era o seu doping!»
Outras revelações promete Argentina. «Estou a escrever a biografia do meu pai. As histórias mais profundas, mais íntimas, muito engraçadas, hilariantes até – que ninguém sabe. Ainda não tenho editora, o livro é para 2010, há tempo. Ah! E sabe que também fiz atletismo? Comecei aos 14 anos, os meus treinadores foram o Matos Fernandes e o Rui Mingas. Depois, a minha mãe e o seu segundo marido foram para Angola - e eu não continuei porque dizia que desporto só fazia no Belenenses. Era birra por amor à camisola. Também tinha andado no basquetebol, era lançadora de dardo e peso, para correr não dava muito, era um bocadinho gordinha...»

Futsal: Azuis querem caçar leões no inferno do Restelo. Em dois anos e meio, azuis perderam uma vez em casa


FUTSAL: Azuis querem caçar leões no inferno do Restelo
Paulo Martins apela à presença dos adeptos para ajudarem na conquista dos três pontos Evandro Souza evoca lema leonino para mostrar a vontade de triunfar Lotação vai esgotar.


O Restelo vai ser o palco de muitas emoções amanhã à tarde.
Quando o relógio marcar 15.05 horas será dado o pontapé de saída do jogo mais importante da 11.ª jornada.
O Belenenses recebe o Sporting na condição de líder, mas sob a ameaça de ser ultrapassado pelo Benfica (caso vença o Onze Unidos soma 29 pontos) vê-se na obrigação de ganhar.
A jogar em casa, com o apoio dos seus adeptos, o Belenenses tem-se revelado implacável, por isso, Paulo Martins deixa um repto aos simpatizantes do seu clube.
— As expectativas para este jogo são as melhores. A jogar em casa somos muito fortes, é muito difícil surpreenderem-nos no Restelo, principalmente porque contamos com o forte apoio dos nossos adeptos, que tem sido muito importante e espero que no sábado compareçam em força no pavilhão.
O ala Paulo Martins não começou bem a época, fruto de algumas mazelas físicas, mas tem vindo a subir de forma e cada vez mais é peça importante no esquema de Alípio Matos.
Para a recepção aos leões o jogador destaca a união da equipa como ponto forte e alerta para o perigo de deixar Fernando Cardinal — o melhor marcador do campeonato, com 17 golos — sozinho perto da baliza.
«Só a vitória nos interessa, somos uma equipa muito unida e isso pode ser a nossa chave para alcançar os três pontos. O Sporting vale pelo seu todo, mas temos de ter especial atenção ao Cardinal, que consegue marcar com muita facilidade», disse.
Jogar com raça.
Do lado do Sporting o grito de guerra é dado pelo luso-brasileiro Evandro Souza, que se encontra em excelente plano. O ala reconhece que o Sporting tem tarefa bastante complicada no Restelo, mas adopta o lema leonino para mostrar a vontade que tem de ganhar.«Sabemos que não vamos ter vida fácil diante de uma equipa muito competitiva.
Mas com entrega, esforço, dedicação e muita raça penso que podemos sair vitoriosos deste jogo», afirma.Recorde-se que os ingressos para este jogo custam três euros para os sócios dos Belenenses e seis para o restante público. No exterior do pavilhão será instalado um espaço de diversão para os mais novos.


Alípio Matos suspenso por um mês
O Conselho de Disciplina da FPF deliberou suspender o treinador do Belenenses, Alípio Matos, por um mês, na sequência de declarações proferidas há cerca de um ano, no final do jogo com o Módicus, alegando que o técnico violou o artigo 61.º do Regulamento Disciplinar, referente a ameaças, juízos ou afirmações lesivas da reputação de entidades da estrutura desportiva.
A BOLA sabe que na sequência desse jogo o Belenenses solicitou ao Conselho de Arbitragem da FPF para não voltar a nomear para os seus jogos a dupla Mário Silva e José Órfão, da AF Viana do Castelo, assim como António Teixeira e José Ramos, filiados na mesma associação, por se sentirem injustiçados com o juízo dos árbitros.
Oficialmente o clube do Restelo não quis pronunciar-se sobre esta decisão do Conselho de Disciplina.
Contudo, o técnico do Belenenses pode sentar-se no banco no jogo com o Sporting, uma vez que o período suspensivo inicia-se na próxima segunda-feira.

Equipa do Belenenses da época 2009/10 em cromos da Panini (III)


Diakité, Devic, Cândido Costa, Assis, Celestino, André Pires, Diego e Rodrigo Arroz.

Nelson e Assis


NELSON Alexandre Gomes Pereira - Torres Vedras, 20/10/1975
ASSIS Giovanaz - Giribanti (Brasil), 04/10/1989
Guarda-redes do Belenenses da presente época, 2009/10

Coisas Simples do Belém

 


Mercedes Benz 180 - os táxis dos anos 50/60 - alcunhado de «Mercedes Matateu», devido ao aspecto da parte dianteira, assim como às características que lhe estavam associadas, resistência e robustez.

Chávena de porcelana da Vista Alegre. Tendo em conta o modelo do emblema que exibe terá sido fabricada, algures, entre a década de 30/40.

Em Valença do Minho adepto apareceu vestido com duas camisolas - O dia especial do Pura

Bancada central cheia, castanhas assadas, febras, vinho novo nas tigelas.
Um verdadeiro clima de festa no Estádio Dr. Lourenço Raimundo, em Valença do Minho, ali com a Espanha (ou a Galiza, como sublinhou alguém nos sinais de estrada) tão perto.
Para José Carlos Mendes, ou o Pura, que anuncia uma surpreendente idade de 57 anos, o dia foi ainda mais especial.
Porque é de Valença mas adepto do Belenenses e foi a primeira vez que viu a equipa azul jogar na sua terra.
Já a tinha visto por perto, em Ponte de Lima, mas ontem foi mesmo o concretizar de um sonho.
Por isso, rasgou as camisolas do Sport Clube Valenciano...para as coser de imediato.
Com uma metade para cada clube num dois em um surpreendente.
"foi a providência da sorte que juntou estas duas equipas do sorteio, hoje sei que vou sempre ganhar alguma coisa", referiu a Record.
Ganhou a paixão à distância.  (jornal Record edição de hoje, 23/11/2009)

Serafim, igual a ele mesmo, sempre em acção

Uma jogada na grande área do Belenenses, com golpe de cabeça por parte de Serafim das Neves, muito enérgico. Martins como que se agacha, receoso, vendo-se no outro lado Pinto de Almeida e Jesus Correia

João Nunes: um extremo endiabrado, rápido e dinâmico, chuta às balizas com decisão

"Nunes, um avançado que veio do Vitória de Setúbal. Bom jogador. Pequenino mas muito mexido" Joaquim Caetano

Sério, Caetano, David Matos e Serafim das Neves

"Quatro bons amigos: Sério, Caetano, David Matos e Serafim das Neves Já estão passados sessenta anos mas os amigos não se esquecem" Joaquim Caetano

Sidónio, jogador valente que nunca virava a cara a nada

Na marcação de um canto, Sidónio causa assombro ao elevar-se mais que todos, rematando estupendamente de cabeça, mas a bola não lhe faz a vontade e sai para fora.
Vicente e Sidónio conjugam os seus esforços!


Sidónio, a caminho das balizas, encontra no defesa Primo um adversário tenaz.



"(...) Sidónio, avançado-centro (como se chamava antigamente) que veio do Sporting para o Belenenses. Nestas imagens vê-se toda a pujança com que se entregava ao jogo. Jogador valente não virava a cara a nada. (...) Joaquim Caetano