Anaïs já não 'triatla' aqui

Em 4 de Março de 2010 Anaïs Moniz escrevia no seu blog, com o título "Até...":

"Existem decisões muito difíceis de tomar. Eu tive que tomar uma.
A alta competição é muito exigente. Vencer implica boas condições de trabalho, de equidade e de serenidade. Basta alguma areia no caminho e o projecto torna-se difícil de levar a avante. Há algum tempo que existem areias no meu percurso. Como nutro um enorme afecto pela Triatlo, decidi suspender por tempo indeterminado o meu projecto no desporto de Alto Rendimento no Triatlo.

Confesso que me custou muito ter de riscar do meu calendário competitivo, os meus objectivos na alta competição do triatlo Mas teve de ser!

Quero agradecer a todas as pessoas que me acompanharam e apoiaram.

No entanto, atendendo a minha apetência pelo desporto de competição, decidi continuar no Ciclismo, modalidade de que também gosto, e da qual tive a oportunidade de integrar as selecções nacionais em 2006, aquando do Campeonato da Europa. Tenho plena consciência das dificuldades que terei de enfrentar, mas actualmente, é a melhor escolha que tenho para continuar com motivação no desporto de competição.

Irei adaptar o meu sítio do triatlo e o meu blog para esse fim.

Aproveito para desejar a todos os triatletas as máximas realizações e superações dos vossos desafios, e sobretudo, que se divirtam a praticar esta bela modalidade de que eu tanto gosto. Um forte abraço"

Nós, 'Os Belenenses', gostamos de terminar o ano em grande.
Daí que não foi com excessivo espanto que lemos no 'Record Online', na passada 2ª-feira, que Anaïs Moniz "vai integrar o Benfica para "relançar" o seu projeto de alto rendimento no triatlo."

"A carreira de um atleta de alto rendimento é curta. Ela é também onerosa, nomeadamente no que ao triatlo diz respeito. Tenho atualmente 21 anos e decidi que os meus pais já não devem suportar mais as minhas despesas desportivas", explica a desportista no seu site.

Eis o resultado, em dois actos, de uma relação feita de muitos equívocos e desencontros vários, por uma completa falta de respeito pelos compromissos contratuais assumidos por parte de anteriores Direcções do Clube - igualmente conhecidas por 'Comissões Liquidatárias' - ao que se diz tomados à revelia da secção de triatlo  e também, diga-se, pelo que aparenta ser uma total indiferença dos actuais dirigentes.
Dito isto, resta-nos, agradecer muito à Anaïs Moniz cada uma das vitórias e cada um dos títulos que obteve, representando o nosso Clube, criando um palmarés que merece de facto ser recordado, clicando aqui, e naturalmente, desejar-lhe as maiores felicidades desportivas e pessoais.

Títulos e Campeões, sejam eles individuais ou colectivos, são, infelizmente, cada vez mais, objectivos para os outros.
A nós, com navegação à bolina como politica desportiva, basta-nos participar. Que é como quem diz: pobretes mas alegretes.

Vencedoras do 3º Torneio de Apuramento de Hóquei de Sala - seniores femininos

Torneio de apuramento para a fase final do Campeonato Nacional de Hóquei de Sala Feminino disputado em Vila Verde, no passado dia 18 de Dezembro, com a participação das equipas do Belenenses, Lousada e Sport, e que foi vencido pelas Belenenses, campeãs nacionais, que fizeram assim a sua estreia oficial esta época.
A equipa do Belenenses volta a entrar em rinque para competir no próximo 5º Torneio de apuramento, que se realizará no Pavilhão Acácio Rosa no dia 30 de Janeiro de 2011.

Foto do 'Blog do Lousada'

Campeãs Nacionais de Hóquei de Sala

A equipa do C.F. "Os Belenenses" que se sagrou Campeã Nacional de Hóquei de Sala - Sénior Feminino - da época 2009-10.
Foto do site da Federação Portuguesa de Hóquei.

Humberto Azevedo

Humberto Azevedo, o actual sócio mais antigo do C.F.B. e filho da glória belenense Eduardo Azevedo (o homem do pombo correio), durante a 1ª Maratona do Tejo, em Alhandra.

Foto da página do Facebook dos 'Nadadores(ras) dos anos 60 - CFBelenenses'

Campeonatos Nacionais de Natação de 1966 - Figueira da Foz

José de Freitas, Carlos Rebelo, Artur Fernandes, Eurico Chaubert, Silvestre Rivero, Vitor de Jesus, Carlos Vieira e Raimundo Magalhães nos Campeonatos Nacionais (4 de Setembro de 1966) na Figueira da Foz.

Foto do Álbum da Página dos 'Nadadores(ras) dos anos 60', no Facebook.

Boas Festas !

"Eram verdes as águas do velho Tanque, mas ainda hoje as lembramos com saudade, foi ali, também, que aprendemos a ser homens, praticando desporto e cultivando a amizade"

A "Pequena Travessia de Lisboa em Natação" em 1964

16 de Agosto de 1964 - Pequena Travessia de Lisboa (Terreiro do Paço/Algés)
Lara, Silvestre Rivero, Helena, Ernesto, José de Freitas, Cidália Nogueira e Humberto Azevedo
Foto do Álbum da Página dos 'Nadadores(ras) dos anos 60' no Facebook

Nadadores(ras) dos anos 60 - C.F. 'Os Belenenses'

15 de Agosto de 1963 - Pequena Travessia de Lisboa (Terreiro do Paço/Algés): 
José de Freitas, Ernesto, Cidália Nogueira, Lara e Silvestre Rivero

Foto da Página dos 'Nadadores(ras) dos anos 60' no Facebook

Em homenagem à nossa história, Sério e Feliciano, foram recordados no seu Estádio

As imagens dos campeões Belenenses, José Sério e António Feliciano, irradiaram Estádio do Restelo adentro, lembrando o melhor da nossa história e simultâneamente d'alma belenense e, deixando como que um presságio da vitória que aconteceria na tarde do passado domingo, 19 de Dezembro.
Foi bonito. Foi uma homenagem singela mas significativa. Deveria ser prática corrente. Homenagearmos a nossa História. Vermos os nossos símbolos recordados constantemente, na sua própria casa. Na nossa casa. Sê-lo-ão um dia!

10 anos sem José Cano López, "Canito", el James Dean (Blanqui) azul

José Cano López “CANITO”
Llavorsi (Espanha), 22/04/1956 - 26/11/2000
Plantel 1985/86 (17 jogos, 2 deles incompletos)
LA HISTORIA DE CANITO
Dormía en un banco de cualquier arrabal barcelonés, una botella bajo las traviesas de madera, un abrigo viejo y roído para protegerse del frío de la noche, 3 ó 4 periódicos contra la humedad también para taparse el rostro para que no lo vieran, no tenía nada en los bolsillos, nada para quien años atrás paseaba por las ramblas de Barcelona con un abrigo de astracán, un sombrero borsalino y un par de grandes afganos conducidos por una correa doble de 50 metros.
Aquel hombre vivió siempre en una gran contradicción, empezó a jugar en una peña Barcelonista, pero él era españolista de corazón. Como era más pequeño le redujeron el apellido, y Jose Cano pasó a llamarse "Canito".
Algún técnico avispado y su corazón españolista le alejaron de la peña azulgrana y una tarde mágica debutó en Sarriá. José Cano "Canito" tenía todo, era un atleta y estaba cargado de calidad y técnica, jugaba de central, jugaba de mediocentro y algún día Helenio Herrera le puso contra el Valencia de delantero centro. Jugaba como los grandes, pero un día su destino se cruzó con el dinero y fue traspasado al Barcelona.
Pero cada mañana, cuando bajaba la diagonal cojía el semáforo de la izquierda y solo al llegar a la puerta de Sarriá se daba cuenta de que entrenaba en el Camp Nou, el semáforo de la derecha. Muchos años despues, Lobo Carrasco contaba que debajo de la camiseta de entrenamiento del FC Barcelona,Canito, llevaba la del Espanyol.
Una tarde al final de la temporada 80/81 Canito estaba a punto de ocupar el centro de la defensa del Barsa calentando en la banda en un partido en casa, a la misma hora el Espanyol necesitaba ganar al Hercules para evitar el descenso, el Barsa empató a 1, pero cuando faltaban 6 minutos el paraguayo Morell marcó el gol de la salvación, el publico iluminó entre silbidos el marcador del Camp Nou. Cuando Canito lo vio, saltó alborozado con los brazos abiertos al cielo, celebrando con la camiseta azulgrana el triunfo del equipo de sus amores, dos semanas después recibió la baja del club.
Jugó luego en el Betis y pintaba por las noche en las paredes de Heliopolis,"Retamero, renueva a Canito". Jugó en el Zaragoza, jugó en Os Belenenses pero ya había iniciado el descenso a los infiernos disfrazados de falsos paraísos.
Cocaína y heroína ayudaron a que Jose Cano olvidara que un día fue Canito,un gran futbolista,anduvo por el lado peligroso de la vida y olvidó el camino de vuelta.
Hacia el final del año 2000 cuando iba a cumplir los 45, en la Romareda, el Camp Nou, Heliopolis, el Camp De Sport de Lleida, guardaron un minuto de silencio por el alma de Canito.
En Montjuïc, ese silencio se llenó de lágrimas.

Texto retirado da página do Facebook em 'Homenaje a nuestra historia: José Cano López, "Canito"'
Imagem original retirada de 'L'Espanyol en directe'
Leia tudo o que o BI publicou sobre 'Canito', clicando aqui, aqui e aqui

Vicente Lucas e a alma belenense

«Não se exige jogar bem, mas todos queremos ver a alma belenense, correr do princípio ao fim, comer a relva pelo Belém. O que são 90 minutos? Isso não é nada!.» Vicente Lucas, in "A Bola" de 6/9/2010.

Campeonato de Football de Lisboa: Bemfica, 4 -- Belenenses, 5

Campeonato de Lisboa de 1926 - Eco dos Sports de 7 de Março de 1926

  • O Benfica alinhou: Francisco Costa, Bailão e Pimenta; Travassos, Gonçalves e Domingos; Simões, Mário, Jorge Hugo, Crespo e Figueiredo.
  • E os Belenenses: Alaiz; Eduardo Azevedo e Viriato; Azevedo II, Marques da Silva e César de Matos; Fernando António, Severo Tiago, Joaquim Almeida, Pepe e Alfredo Ramos.

Tombou a última das 'Torres de Belém', o campeão belenense António Feliciano

Feliciano, é um dos maiores Símbolos do Clube de Futebol "Os Belenenses" 

"Capela, Vasco e Feliciano ficaram amarrados à história do Belenenses por grossos cordões de fama, feitos de aplausos, simpatia e adoração. Eram as três «Torres de Belém». Após a conquista do título nacional de 1946, o profissionalismo, ainda escondido em várias capas, despontou para o seu fenomenal reinado. Em Belém, houve relutância em aceitar o novo estado de coisas, mas...Capela haveria de transferir-se para a Académica, a pretexto de estudar. Substituiu-o Sério. Vasco e Feliciano nunca se deixaram seduzir pelo canto de sereia dos escudos. Feliciano, um desportista e um dos defesas mais categorizados de sempre, era de uma honestidade a toda a prova, de um belenensismo como dificilmente voltará a haver – de tal modo que, antes de partir de férias, corria a assinar a ficha que o vincularia ao clube no ano seguinte, nunca exigindo dele um tostão que fosse. Mas, no final da sua época de ouro, o Celta de Vigo acenou-lhe com um contrato fabuloso: 200 contos de luvas e um salário mensal de 3000 pesetas para Feliciano e 300 contos para o Belenenses. Quase irrecusável, pois. Ficou de pensar. No regresso de férias, para espanto de todos, abeirou-se de Acácio Rosa e predispôs-se a assinar, de novo, a ficha pelo seu Belenenses. Assinou. E perdeu uma fortuna..."

"António Feliciano: Um dos expoentes do futebol português da sua geração.
Foi 14 vezes internacional e chegou a ser considerado, pelo L’Equipe, em 1947, o melhor defesa-central da Europa.
A mais famosa Torre de Belém esteve 15 anos no Belenenses."

“António Feliciano não é lisboeta, como muita gente julga por ter passado a sua infância na Casa Pia de Lisboa e por ter jogado sempre em clubes de Lisboa...Feliciano, afinal nasceu na Covilhã.
Mas veio muito novito para a capital e, na Casa Pia, deixou-se viciar pela doença do futebol que atacava todos os gansos e os levava a jogar horas e horas a fio com bolas de trapos, na cerca da Casa-Mãe,...começou a jogar oficialmente no Casa Pia Atlético Clube, quando contava dezassete anos, mas pouco tempo se demorou no seu clube de origem.

Logo no ano seguinte, passou a representar o Clube de Futebol “Os Belenenses”, (...) jogando primeiramente a defesa-esquerdo e, nos últimos tempos a defesa-central, por via de adopção das novas tácticas.”

"Em 1954 tinha Feliciano 32 anos. Não caíra nas boas graças de Fernando Riera e como se se sentisse peça de armazém, que era o que não queria ser, jogador mimado e hipersensível, abandonou o Belenenses. Foi para o Marinhense como jogador-treinador, subiu o clube dos Distritais à II Divisão, passou pelo Beja, pelo Chaves, pelo Famalicão e pelo Riopele. Em 1965 mudou de rota. Casara com uma espanhola de Orense, passava férias em Portimão. Recebeu uma chamada numa... praça de táxis. Era Afonso Pinto de Magalhães, presidente do F. C. Porto, a convidá-lo para treinador das camadas jovens da equipa. Aceitou de imediato. Construiu gerações de ouro, a escola Feliciano: Fernando Gomes, João Pinto, Jaime Magalhães, Zé Beto, Rui Filipe, Domingos, Vítor Baía... No F. C. Porto subiria a treinador principal, em 1971/72, substituindo o brasileiro Paulo Amaral. E dois anos depois desceria a adjunto de Riera, o homem que o arrumara no Belenenses. Não muito depois voltou a ser o que mais prazer lhe dava: burilador de diamantes..."

António Feliciano, nasceu na Covilhã a 19/01/1922 e faleceu ontem, 14/12/2010, em Maceda, Espanha.
Além dos excertos dos textos publicados neste post, pode ver/ler tudo o que o BI publicou sobre Feliciano, clicando aqui

Matateu: "Está calado, pá, tu não sabes o que dizes. Di Pace é que foi o maior de todos..."

Recepção ao Belenenses em Ponta Delgada, que esteve em festa


Quando os argumentos se esgotaram, em Fevereiro de 1999, para convencer Matateu a viajar do Canadá até Lisboa, cada um utilizou os que pôde. Rei Eusébio disse-lhe, com lágrimas nos olhos, "o senhor não pode fazer isso comigo"; a modéstia do jornalista, que só o conhecia pelo telefone, agarrou-se ao desespero: "O senhor tem de vir porque foi o maior". Matateu puxou então dos galões e pôs as coisas no lugar: "Está calado, pá, tu não sabes o que dizes. Eu fui um marcador de golos, mas o Di Pace é que foi o maior de todos..."


D. Miguel representa para o Belenenses a memória de glórias irrepetíveis e é a nostalgia de uma felicidade que o tempo levou, algures na viagem entre as Salésias e o Restelo; meio século depois do regresso à Argentina, o seu nome continua a despertar emoções, mesmo naqueles que nunca o viram tocar na bola – é como se continuasse a jogar e fizesse parte do dia-a-dia. Em nome de uma vida inteira a ouvir elogiar o talento único e a sua irrepreensível formação, foi uma honra conhecê-lo.

Porque a eternidade é o destino dos génios, meu caro Di Pace, jamais esquecerei este momento.

Autor: RUI DIAS - Record - Sábado, 8 Maio de 2004

O título perdido em 1955? continuo a preferir falar de outra coisa...

RECORD – Tocou-lhe viver um dos momentos mais dramáticos da vida belenense: o título perdido em 1955. Que lugar ocupa na sua memória?
DI PACE – Ocupa o espaço das coisas que desejamos esquecer e não conseguimos. Quase 50 anos depois, continuo a preferir falar de outra coisa.

RECORD – Foi uma derrota que deixou marcas...
DI PACE – Deixou marcas em todos quantos a viveram. A quatro minutos do fim, vencíamos o Sporting e éramos campeões; sofremos um golo e foi o Benfica a fazer a festa. Foi uma coisa de doidos… Em suma, não tivemos sorte.

«O futebol é um negócio»

RECORD – Está desiludido com o futebol que hoje se joga?
DI PACE – Não sou do estilo saudosista, mas a verdade é que nos dias de hoje não se consegue jogar futebol. As marcações são apertadas e destruir é o objectivo principal da maioria. Dou um exemplo: não há pontapé de canto que não dê um "penalty" – os árbitros é que não assinalam as faltas na área.

RECORD – A qualidade é mais baixa…
DI PACE – O futebol tornou-se um negócio com muitos interesses financeiros, que faz fortunas à custa da televisão e da publicidade. Para os jogadores é óptimo, para os espectadores é um martírio.

«Di Stefano, Pelé e Maradona foram grandes no seu tempo»

RECORD – Tem a idade de Di Stefano (nasceram em 1926), viu Pelé e Maradona. Quem foi o melhor de todos?
DI PACE – Essa comparação não se pode fazer. Era preciso que todos tivessem jogado nas mesmas condições e em circunstâncias idênticas. O melhor de sempre não existe.

RECORD – É uma questão de sensibilidade…
DI PACE – Maradona não teve cabeça; Pelé teve, mas não tinha a habilidade de Maradona; Di Stefano era um jogador de todo o terreno, que recebia a bola do guarda-redes e era capaz de a levar até à baliza adversária. Há uma coisa sobre a qual tenho poucas dúvidas – e isso pode dizer-se: foram os melhores do tempo em que jogaram.

Autor: RUI DIAS - Record
Data: Sábado, 8 Maio de 2004 

Golo espectacular contra o Vitória de Guimarães

Di Pace: «Sempre amei o Belenenses»

RECORD – Ao fim de 20 anos ausente, como tem sido recebido pelas pessoas?
DI PACE – Sinceramente, não esperava tanto afecto. É surpreendente que as pessoas me tratem de forma tão carinhosa, mesmo considerando que sempre amei o Belenenses.

RECORD – É o reconhecimento pelo jogador genial que foi…
DI PACE – Aos 77 anos, sinto uma felicidade imensa pela memória que deixei em Portugal e sobretudo entre os adeptos do Belenenses. As pessoas reconhecem-me, falam comigo, abraçam-me e mesmo aqueles que nunca me viram jogar fazem questão de expressar um carinho ao qual não estou habituado. Não mereço tanto! Um bocadinho ainda vá lá, mas assim tanto é um exagero!

RECORD – Quais são as primeiras impressões de Lisboa e do Restelo?
DI PACE – Lisboa é uma cidade fantástica, bonita como sempre. É um sítio onde, passados estes anos, me sinto em casa. Quanto ao Estádio, está cada vez mais lindo. É um dos mais bonitos que conheço.

RECORD – Como explica que apenas seis anos tenham sido suficientes para esta ligação tão forte?
DI PACE – Foi a intensidade das coisas. Nesse período, o Belenenses tinha uma grande equipa, cheia de jogadores extraordinários; um conjunto que lutou sempre pelos primeiros lugares, praticando futebol de altíssimo nível. A amizade entre nós era muito sólida e a relação estabelecida com os adeptos era fantástica.

RECORD – A nível pessoal, marca uma época no futebol português…
DI PACE – Digo-lhe sinceramente que não esperava esse reconhecimento exterior, essa recordação dos adeptos. Eu fui só um bom jogador integrado numa grande equipa. Por vezes fico até emocionado com as abordagens que me fazem.

RECORD – Lembra-se de como veio parar a Portugal?
DI PACE – Naquela altura jogava no Universidade do Chile, onde fui treinado por Alejandro Scopelli. Quando terminei o contrato, em 1953, ele chegou ao pé de mim e fez a pergunta que mudou a minha vida: "Queres ir jogar para Portugal?" Sabia lá onde ficava Portugal! Mas respondi que sim. Quando cheguei, o treinador era o Fernando Vaz e aproveitei as primeiras semanas para me ambientar.


RECORD – Foi uma história de amor à primeira vista?
DI PACE – Exacto, toda uma história de paixões: pelo País, pela cidade, pelo Belenenses e por aquela que foi a mulher da minha vida, mãe dos meus filhos, minha esposa... É uma felicidade ser casado com uma portuguesa. Digo mais: pode haver mulheres iguais à minha, mas melhores é impossível. De resto, costumo dizer, na brincadeira, que as mulheres portuguesas são como as castanhas: quentes e boas.

RECORD – No Belenenses teve também o treinador que mais o marcou…
DI PACE – ...Fernando Riera, treinador e homem extraordinário. Não o vejo desde 1971. Lembro-me imenso dele, mas nem sei se ainda é vivo…

RECORD – Riera esteve em Portugal há cerca de um ano, por altura da festa de despedida do Estádio da Luz…
DI PACE – Que felicidade! Se eu tenho 77 anos, ele estará com 82 ou 83. É um grande senhor do futebol mundial, a quem o futebol português deve grande parte da transformação registada em meados dos anos 50.

RECORD – Quais as recordações mais fortes dessas equipas do Belenenses?
DI PACE – A primeira recordação remete para a felicidade que enquadra esses tempos. Depois, lembro-me dos meus companheiros ao longo de seis anos, alguns deles já falecidos. Prefiro não falar em nomes para não ferir susceptibilidades.

RECORD – Há um ao qual não pode fugir: Matateu. Os dois são expoentes de uma época e duas das maiores figuras da história do Belenenses…
DI PACE – Matateu foi único: um fenómeno e à escala mundial. Era intuitivo a movimentar-se e uma delícia a rematar. Depois, era um amigo da paródia, com quem me dava na perfeição também fora do campo.

RECORD – Ele costumava dizer que jogavam de olhos fechados. Não estava a exagerar?
DI PACE – Não, não exagerava. Havia grande cumplicidade entre nós; porque nos entendíamos futebolisticamente e pelas características de cada um. Eu gostava de ter a bola, de a esconder, de arranjar espaço; ele observava, desmarcava-se para o sítio certo e, assim que encontrava espaço para rematar, nem queiram saber...

RECORD – Ele contava a história de outro modo: que corria para um lado qualquer e que, mesmo sem se preocupar, a bola lhe aparecia à frente…
DI PACE – Era ele a ser simpático!

RECORD – Guarda memória de outros jogadores do seu tempo?
DI PACE – Sim, de muitos: Travaços, Germano, Carlos Gomes, Juca, Barrigana, Pedroto, Hernâni, Rogério de Carvalho, José Águas, Faia, Ângelo, Caiado, Francisco Calado… Estou a citá-los de memória. Mas os do Belenenses também estavam entre os melhores – Matateu, Vicente, José Pereira, Carlos Silva, Raul Figueiredo, Moreira... O pior que me aconteceu foi ser quarto no campeonato…

RECORD – Sendo tão querido da gente, casado com uma portuguesa, por que motivo saiu do Belenenses?
DI PACE – Lesionei-me num tornozelo e, apesar de ter recuperado, não conseguia movimentar-me da mesma forma. E, como já não era o mesmo, decidi reformar-me.

RECORD – Mas não jogou mais?
DI PACE – Antes de regressar a Mar del Plata, em 1958, o Lusitano de Évora fez-me uma proposta. Recusei porque já tinha tudo organizado para voltar a casa e nunca seria capaz de defrontar o Belenenses. Assim, voltei à Argentina, onde comecei a trabalhar no campo – tenho uma herdade com 230 hectares. Ainda joguei no campeonato local e fui campeão em 1960.

RECORD – Como tem acompanhado o futebol português desde então?
DI PACE – Nos anos imediatamente a seguir, pelo contacto mantido com amigos portugueses, e a partir de certa altura porque vejo muita coisa na televisão – os últimos jogos que vi foram os do FC Porto com o Corunha. Mas deixei de ir aos estádios: o espectáculo já não vale a pena...

Autor: RUI DIAS - Record
Sábado, 8 Maio de 2004 -

Carlos Silva: «Di Pace foi o melhor estrangeiro do futebol português»

"A memória que guardo de Miguel Di Pace é a de um dos mais brilhantes jogadores que vi em 70 anos de vida e aquele que permanece como o melhor estrangeiro de sempre da história do futebol português.
O seu jogo era feito de elegância sublime e de requintes técnicos incomparáveis. Simplesmente fabulosa a forma como atraía os adversários para ganhar o espaço com que aumentava o perigo e se aproximava do maior cúmplice da sua acção: Matateu.
Di Pace era um driblador exímio, arte que aproveitava para impor o ritmo, mudar o flanco, jogar curto e longo, criar desequilíbrios e municiar os avançados. Dele se pode dizer que era o maestro genial de uma óptima equipa que ainda tinha na frente o fenómeno que foi Matateu.
Nos seis anos que passou em Lisboa, foi um companheiro querido de todos nós. Lembro-me de que o momento do seu regresso à Argentina, quando tinha ainda muito para dar ao Belenenses, foi triste para ele, mas absolutamente dramático para os amigos.
A possibilidade de o rever e o abraçar, ao fim de 20 anos de ausência, representa uma emoção para quem o conhece. E é uma oportunidade de ouro para os mais novos conhecerem uma das maiores figuras que pisaram os relvados portugueses. Devemos agradecer à actual direcção do Belenenses este momento de pura magia". Carlos Silva


Clube de fãs

Carlos Gomes (Sporting): "Foi um dos mais extraordinários jogadores do Belenenses e um dos melhores estrangeiros da história do futebol português. Era um jogador finíssimo, que tratava bem a bola e à volta de quem se movimentava toda aquela excelente equipa".

Rogério (Benfica): "Foi dos melhores estrangeiros que passou pelo Belenenses e pelo futebol português. Elegante, grande artista com a bola nos pés, rápido, tinha notável percepção do jogo e isso permitia-lhe ser um óptimo arquitecto do ataque".

Virgílio (FC Porto): "Era um jogador fora-de-série, muito difícil de marcar. Tecnicista excepcional, imprevisível e inteligente, imprimia grande dinâmica ao jogo, actuando bem com qualquer dos pés, facto que o transformava numa séria ameaça perto da área".

Texto do "Record Online" - Sábado, 8 Maio de 2004

Apesar de 20 anos de Clube, 1 vice-campeonato, «capitão» de equipa e 3 internacionalizações o Belenenses virou-lhe as costas

Alfredo Quaresma, ex-«capitão» do Belenenses, arrumador de carros com divórcio à porta !
Leia a entrevista de Alfredo Quaresma à "Bola Magazine", em Setembro de 1994, clicando aqui

O Belenenses conquista três títulos consecutivos (49/50, 50/51 e 51/52) de basquetebol na categoria júnior

 Tri-campeão de Lisboa (49/50, 50/51 e 51/52)
Da esquerda para a direita: No primeiro plano - Andrade, Teófilo, Lopes e Arnaldo: de pé - Pinheiro, Vitoriano, Francisco Silva (treinador), Hermenegildo, Jourdan e Guerreiro.
A equipa de juniores de basquetebol do Belenenses, que, orientada por Amador Duran, conquistou para o nosso clube mais um título de campeão. Para eles e para o treinador vão as nossas homenagens e agradecimentos. 
Este triunfo merece particular realce porquanto é o terceiro consecutivo alcançado nesta competição.
Tal como em 1950 e 1951, a superioridade do Belenenses ficou bem vincada ao longo do difícil torneio deste ano: 24 vitórias e apenas 3 derrotas e a marcação total de 768-487, à média de 32-21 por encontro.

José Carvalho Sério, eterno belenense

Nascido em Lisboa (freguesia de Belém) a 5 de Março de 1922
Falecido a 2 de Dezembro de 2010

Clubes: C.F. "Os Belenenses" (1938/39 a 1940/41 e 43/44 a 54/55) Paço de Arcos (42/43) e Coruchense (55/56 e 56/57).

Fez 144 jogos para o Campeonato.

Títulos: campeão nacional da 1º divisão 45/46, vice-campeão (2º lugar, 54/55, com os mesmos 39 pontos do campeão, o SL Benfica) e finalista da Taça de Portugal (1-3 contra o Sporting, em 1947/48).

21º jogador Internacional “A” do Clube de Futebol “Os Belenenses”.
1 Internacionalização enquanto jogador do Belenenses.
Total de Internacionalizações: 1
Estreia a 21 de Março de 1948 contra a Selecção da Espanha (0-2).
Posição: Guarda-redes

"Nascido e baptizado na freguesia de Belém - nascido no dia 5 de Março de 1922 - José Carvalho Sério é também no futebol um produto cem por cento belenense.
Desde miúdo que revelava propensão para o difícil lugar de guarda-redes e, em 1938, começou a jogar na equipa de juniores do Clube de Futebol "Os Belenenses".
Duas épocas se manteve nessa categoria e, em 1940-41 representava ainda os "azuis".
Mas em 1942-43 e 1943-44 aparece-nos a defender as redes do Paço de Arcos, não tardando a regressar ao seu clube de origem.
Em 1944-45, estava novamente nos Belenenses, onde se tem conservado até ao presente.
A sua alta estatura e atenção constante favorecem-no para o desempenho do seu posto e atributos de outra ordem, como a modéstia e o espírito de disciplina, criaram-lhe justo prestigio de jogador correcto.
Em catorze anos de actividade, não regista um único castigo do seu clube ou entidades que dirigem o nosso futebol.
Nas últimas épocas, sem dúvida, Sério tem sido o nosso guarda-redes de forma mais regular, mas a recordação da sua desafortunada estreia internacional tem-no prejudicado no capítulo de selecções.
Em Março de 1948, foi seleccionado para o Portugal-Espanha que se seguiu à nossa vitória de 4-1, disputando-se o jogo em Madrid.
Sério sentiu por demais o ambiente, turvando-se-lhe a vista de tal modo que ele próprio pediu para ser substituído.
No entanto, continuou a ser o esteio da sua equipa em muitos jogos e, nesta época, Os Belenenses devem-lhe muitos dos seus êxitos registados no Nacional.
No ano passado, em Maio, jogou pela selecção B contra a França B, no Estádio, e creditou-se então de magnifico trabalho.
Ficámos a dever a nossa vitória a Águas, que marcou três bolas, e a Sério, que evitou mais de três com toda a aparência de indefensáveis." Carlos Pinhão

Faleceu José Sério


Faleceu hoje, aos 88 anos (nasceu a 5 de Março de 1922, em Santa Maria de Belém), José Carvalho Sério, um dos guarda-redes mais marcantes da história do Belenenses, onde se sagrou campeão nacional em 1945/1946.
José Sério foi também internacional por Portugal, numa estreia marcada pelo infortúnio. Em Março de 1948, Sério foi chamado para um jogo frente à Espanha, realizado em Madrid, mas acabou por pedir a substituição. O guarda-redes justificou a situação com o ambiente que se vivia no estádio, em Madrid, que lhe turvou a vista de tal modo que não conseguiu continuar em campo.
José Sério chegou ao Belenenses em 1938, então para a equipa júnior, e apenas entre 1942 e 1944 não representou o emblema do Restelo, quando esteve no Paço de Arcos. Jogou durante 14 épocas ao serviço dos azuis.
Texto da "A BOLA online"



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