Muito brio «azul» na primeira vitória «fora»


Estádio Municipal de Tomar, 5 de Janeiro de 1969.Árbitro – Porfírio da Silva, de Aveiro
U. TOMAR – Arsénio (1); Kiki (1), Caló (2), Dui (1) e Santos (1) (45m – Barnabé (2)); Bilreiro (0), Faustino, «cap.» (1) e Cláudio (2); Leitão (1) (83m – Lecas (1)), Alberto (1) e Totoi (1)
BELENENSES – Mourinho (3); Assis (3), Quaresma, «cap.» (3), Murça (3) e Esteves (3); Cardoso (1) (77m – Adelino (1)), Saporiti (2) e Luciano (3); Laurindo (3), Sérgio (1) (63 – Ernesto (1)) e Godinho (2)
0-1 – Laurindo – 43m. Ao intervalo: 0-1.
O único golo do desafio foi marcado por Laurindo aos quarenta e três minutos. Do lado direito, Sérgio escapou-se a dois adversários e, com boa visão, fez um cruzamento largo, para Godinho, que bateu Kiki e correu até à linha de cabeceira, de onde centrou, por alto. Apareceram para o remate, três jogadores belenenses (Saporiti, Laurindo e Sérgio) e nenhum tomarense – nem o próprio guarda-redes, Arsénio, apesar de a bola «pingar» já dentro da sua pequena área. Elevando-se, tal como aqueles seus dois companheiros, Laurindo desviou o esférico, com a cabeça, para o lado esquerdo da baliza.
No segundo tempo: 0-0. Resultado: 0-1.
Cremos que o União de Tomar tem razões para se lamentar do facto de, na impossibilidade de melhor, não ter empatado sem golos este jogo com o Belenenses, pois afigura-se-nos indiscutível que o golo que sofreu e que o derrotou só se terá verificado por manifesto lapso ou apatia momentânea de parte da sua defesa – nomeadamente, os dois «centrais», que «não estiveram lá», e, sobretudo, do seu guarda-redes, que ficou entre os postes, não saindo a cortar o «centro» e permitindo, assim, que nada menos de três dianteiros adversários se apresentassem, a poucos metros de distância das balizas, em posição e com tempo e espaço mais do que suficientes para rematarem com êxito.

E, deste modo, perderam os tomarenses pela terceira vez em «casa», neste «Nacional», depois de ali já terem sido vencidas equipas da força e do prestígio do Sporting (2-1), da Académica (2-1) e do Vitória de Guimarães (3-1) e onde apenas haviam sido vencedores o F. C. Porto (2-0) e o Varzim (3-1), sendo a Cuf (1-1) o outro único visitante a não deixar ficar os dois pontos em discussão.

A par daquele lance infeliz dos nabantinos, porém, julgamos, igualmente, que está fora de toda a causa e possível dúvida o mérito com que o Belenenses foi conseguir a Tomar esta vitória preciosa – que é a primeira por si alcançada na prova, em terreno alheio, e que, por isso mesmo, maior satisfação deu, com certeza, aos adeptos do prestigioso clube do Restelo, os quais, em dia frio, mas de sol aberto e, como tal, convidativo à deslocação, compareceram ao jogo em número apreciável, e, assim, bastante contribuíram para a «boa assistência» registada no airoso (se bem que ainda longe do ideal, a começar no terreno pelado e a acabar nos acessos…) Estádio Municipal de Tomar.

Poderão os nabantinos lamentar-se, também, de que a sua equipa dominou intensamente, em quase todo o segundo tempo e acabou por perder com um antagonista que, não sofrendo qualquer golo nesse longo e insistente assédio que sofreu, teve a «sorte» de marcar um, pertíssimo do intervalo, atingido com a lógica a dizer a toda a gente que a igualdade reflectiria melhor o verificado nos 45 minutos até então jogados.

Mas, numa serena análise de consciência e dos factos, pensamos que nem os tomarenses mais apaixonados deixarão de reconhecer, agora, duas verdades que temos por firmes e indesmentíveis: – também há mérito no aproveitamento da única verdadeira oportunidade de golo de que se dispõe e nada mais houve do que nervos e frenesi no intenso domínio territorial exercido pela equipa do União – comprometida, até, e, em grande escala, pelo tom lamentavelmente «azedo» que alguns dos seus elementos puseram no despique, a partir de certa altura – com triste evidência para Bilreiro, acrescente-se já.

Ao invés, souberam todos os jogadores «azuis» manter sempre uma notável «frieza» de ideias e de espírito e, como o brio e a coragem também nunca faltaram a nenhum deles, eis porque encontramos justiça e merecido prémio na vitória do Belenenses – vitória que, além de ser a primeira em terreno alheio, tal como já dissemos, também é a primeira desde a sétima jornada (4-1, no Restelo, ao Varzim) e põe cobro a uma curiosa série em que derrotas e empates se alternaram, regularmente: 1-3 com o Atlético (fora), 0-0 com o Sporting («casa»), 0-2 com o V. Guimarães (fora), 1-1 com a Cuf («casa»), 0-2 com a Académica (fora), 1-1 com o F. C. Porto («casa») e 1-2 com o Benfica («casa»).
Por outras palavras: – o Belenenses, ontem, num só jogo e no campo do adversário conquistou apenas menos um ponto (2) do que nas sete anteriores jornadas (3).

O jeito descomandado e aqui e além, muito rude que os nabantinos imprimiram ao seu futebol, em quase todo o segundo tempo, teve tanto mais de surpreendente, até, quanto mais se atentar no que se lhes viu em toda a primeira parte, quando se entregaram a jogar apenas com vigor e energia e, não fazendo a bola subir a alturas demasiadas (salvo num ou noutro lance esporádico), levaram o duelo a pender mais para o meio-campo belenense, criando situações de certo perigo e mostrando-se os tomarenses, por isso, aparentemente encarreirados no caminho do triunfo.

Em contrapartida, pode afirmar-se que escassas ameaças foram geradas, então, pelo ataque do Belenenses, que só por intermédio dos extremos (especialmente, por Laurindo) adregou penetrar mesmo na grande área adversa e que, exceptuado o lance do golo, apenas aos 35 minutos esteve à beira de marcar, quando o mesmo Laurindo rematou por cima da barra, em boa posição e com Arsénio (desamparado) a sair ao seu encontro.
Valeram aos «azuis», nesses 45 minutos de abertura, o acerto e a coesão da sua defensiva, que nem tornou necessário, sequer que Mourinho se visse forçado a intervenções de autêntico apuro – se bem que chamado a jogo com bastante frequência.

O golo belenense, porém, surgindo perto do intervalo, deve ter perturbado em demasia os homens de Tomar, que regressaram ao terreno como que «revoltados» pela desvantagem, e sem a serenidade e o relativo esclarecimento anteriores, passaram a levantar a bola e, consequentemente, a dar origem a choques sucessivos, que cedo deixaram «marcas» em Luciano (por duas vezes, ambas a cargo de Bilreiro – uma delas, já sem bola) e em Quaresma.

Neste jeito, que chegou a fazer recear pela manutenção da boa ordem dentro do campo, perdeu imenso o espectáculo, obrigatoriamente, e ter-se-á perdido o União, que mais não conseguiu, até cerca da meia hora, do que «despejar» a bola sobre a grande área belenense que «cerrou fileiras», acantonando ali a quase totalidade dos seus onze elementos.

Não se desgastaram, por isso, os jogadores «azuis», mas sim os tomarenses, que acabaram por ver os adversários sacudirem aquela enorme e atabalhoada pressão e, nos derradeiros quinze minutos, serem até os lisboetas (substituído Sérgio por Ernesto, sem vantagem, e Cardoso por Adelino, que trouxe algo mais de clareza ao jogo) a estarem mais perto de consolidar o seu avanço – para o que teria bastado um Ernesto na sua «forma» normal.

Duas substituições se fizeram, entretanto, também, nos nabantinos, que, desde o intervalo, ainda colocaram Faustino ao lado de Alberto, como «ponta-de-lança», derivando Leitão para a direita e passando a equipa a ter, assim, quatro homens fixos na frente. Mas nem a mudança táctica trouxe benefícios (dado o processo de jogo seguido), nem a acção de Barnabé (se bem que superior à de Santos) pôde influir grandemente (por se tratar de um defesa), nem Lecas mostrou vantagem sobre Leitão – até por ter jogado, apenas, sete minutos e sete minutos de um período em que só o Belenenses existia como equipa organizada e confiante.

Ao União de Tomar, fez muita falta, sem dúvida, o seu «capitão» Ferreira Pinto, cuja experiência e qualidade técnica teriam impedido, naturalmente, aquele contra-indicado processo do segundo tempo.
Mas, mesmo sem «pedra» de tanta influência, esperávamos mais dos tomarenses, que, em serenidade, sob todos os aspectos, em nada se assemelharam à equipa esclarecida que viramos, uma semana antes, ganhar tão bem na Tapadinha.
As circunstâncias eram diferentes. Bem o sabemos. Na Tapadinha, houve que defender e tentar o contra-ataque; ontem, em «casa», sentiu-se a necessidade de atacar e… aquele segundo tempo, esquecido como e o que se havia feito no primeiro, foi um «desastre».

Arsénio não pode ficar isento de culpas no golo, bem como os dois «centrais», onde Caló, mesmo assim, esteve melhor do que Dui (e aquele arremesso de terra à cara de Esteves…), enquanto Barnabé justificava a chamada, suplantando, a boa distância, Kiki e Santos.
Dali para a frente, menção honrosa para Cláudio (o único que procurou contrariar sempre o levantar da bola e os lances de choque) e renovação de ásperas censuras para Bilreiro, o mais flagrante «caso» de «descomando» nervoso.
Os restantes, todos muito iguais, num plano bem modesto.

Brio, brio e dignidade foi o que o jogo mais exigiu aos homens da camisola azul. E eles tiveram as duas coisas, exuberante e muito louvavelmente. Só por isso, teriam merecido o triunfo.
Mas não foi tudo o que se lhes viu. No Belenenses de ontem, também houve uns lampejos de futebol, na execução e nas intenções, sempre que o duelo se travou mais em jeito do que em força.
Ficou-nos a sensação de que a equipa pode entrar noutro ritmo, de exibições e de resultados, logo que recupere, por completo, a confiança em si própria. E talvez tenha começado ontem, com esta vitória, pois, antes, empates (excelentes, embora!) em Setúbal (1-1) e Matosinhos (0-0) eram os únicos desfechos não «negativos» alcançados em terreno alheio.

Excelentes todos os elementos a quem atribuímos a «nota» máxima: Mourinho, Assis, Quaresma, Murça, Esteves, Luciano e Laurindo.
A seguir, Saporiti e Godinho, se bem que Cardoso, Sérgio, Ernesto (um evidente caso de falta de «forma») e Adelino (jogou pouco tempo), embora rendendo menos, tenham sido iguais aos melhores, no muito de sacrifício que o desafio exigiu.

Não agradou a arbitragem ao público local. Mas sem razão, pois Porfírio da Silva, numa tarefa assaz ingrata, teve actuação bastante boa e, na maior parte das vezes que errou, não foi em prejuízo dos tomarenses.
O exemplo mais flagrante: – permissão, sem medida drástica, de tantas «tropelias» de Bilreiro – mas aqui, com as mais vincadas responsabilidades a recaírem no «bandeirinha», Vicente Fernando, que… esteve muito distraído, certamente…»
(“A Bola”, 06.01.1969 – Crónica de Cruz dos Santos). Post amavelmente cedido pelo Blog Amigo, UNIÃO DE TOMAR

Jogou «Sobre brasas» a equipa de Belém - Belenenses, 2 - União de Tomar, 2


Estádio do Restelo, 15.09.1968. Árbitro – Rosa Nunes, de Faro
BELENENSES – Gomes (2); Assis (1), Quaresma «cap.» (1), Cardoso (1) e Esteves (1); Luciano (2) e Freitas (1); Fernando (3), Dorado (1) (45m – Walter (2)), Ernesto (2) e Laurindo (3)
U. TOMAR – Conhé (1) (Arsénio (3)); Kiki (1), Caló (2), Faustino (2) e Santos (1); Dui (1) (Vicente (1)), Ferreira Pinto «cap.» (2) e Cláudio (2); Leitão (2), Alberto (1) e Totoi (1)
Golos: 1-0 – Laurindo –14m, 1-1 – Leitão, 2-1 – Luciano, 2-2 – Alberto. Ao intervalo, 2-1.
Golo do Belenenses, aos 14 minutos: um lançamento da linha lateral foi captado por Ernesto, que levou a bola até à cabeceira, do lado direito, de onde tirou um bom centro. Dorado saltou com Conhé mas o esférico passou e Laurindo, surgindo rapidamente, atirou de cabeça.
Logo a seguir, o empate: Fernando pretendeu atrasar para Assis, mas o passe saiu-lhe defeituoso ou com demasiada força. E Leitão levou a bola. Quaresma falhou, espectacularmente, a dobra e o dianteiro do U. Tomar acabou por entrar na área e rematar rasteiro.
Perto do fim da primeira parte, 2-1: os «azuis» atacaram pela direita. Ernesto surgiu de novo a centrar. Conhé não conseguiu chegar ao esférico e Laurindo, na ponta esquerda, rematou. A bola subiu por ter batido num adversário, Conhé saiu a soco, mas apenas pôde desviá-la uns metros. E Luciano, sobre a linha limite da grande área, em posição frontal, atirou em arco.
No último minuto, Dorado apareceu caído no terreno. Tinha feito uma séria rotura de ligamentos ao torcer o corpo para iniciar a corrida. Foi substituído por Walter (2).
Segundo tempo, 0-1.
Substituições: Arsénio (3) e Vicente (1) substituíram, respectivamente, Conhé e Dui.

O ponto que deu o empate ao União de Tomar teve, de novo, a colaboração da defesa da «casa»: Alberto encontrou espaço para levar a bola e levou-a até à linha da grande área, onde lhe surgiram, depois de uma corrida de galgos, Quaresma e Cardoso. O n.º 9 do União acabou por atrasar para Leitão, que se meteu na área. Falhou Quaresma, mergulhou Gomes em última tentativa, mas o centro saiu rasteiro para Alberto, à boca das redes, fazer o golo com toda a calma.

O União de Tomar fez a sua primeira visita a Lisboa como equipa da I Divisão. E foi uma visita produtiva. Ganhou um ponto no Estádio do Restelo e pode muito bem acontecer que este pontinho, visto um dia de larga distância, tenha o valor do oiro.

Os jogadores de Tomar não se apresentaram ainda na melhor da sua «forma», mas, num pormenor, evidenciaram melhoria em relação ao jogo de domingo passado, no seu campo, onde também conseguiram amealhar o ponto correspondente ao empate: na forma física. A equipa começa a ter elementos que «aguentam» os noventa minutos. Por outro lado, acontece que a «manta de retalhos» está a ganhar unidade e a transformar-se num conjunto que sabe o que quer.

Aliás, foi essa a grande diferença entre as duas equipas em presença: O União, não sendo um «team» famoso, tem coesão e sentido de jogo; o Belenenses assemelha-se a um muro com muita areia e pouco cimento. Qualquer golpe de vento o deita abaixo, qualquer contrariedade o desorienta. Toda a equipa parece frágil e, no entanto, quem a veja naquela sua ânsia de resolver os assuntos num momento, num fôlego, desvairadamente, imagina-a a jogar sem brasas. E imagina-a bem.

Mas por que razão há-de o Belenenses assim? Olhe-se para a estatura dos seus jogadores, olhe-se para as suas características e diga-se se é possível ao Belenenses adoptar um tipo de futebol que obrigue a equipa a impôr-se pela força, por meio de um futebol que não convence e mete, até, por vezes, o esférico no ar.

Bem sabemos que se jogaram apenas duas jornadas do «Nacional», mas o Campeonato cada vez se compadece menos dos atrasados. Um ponto em dois jogos, mesmo descontando o facto do primeiro se ter jogado na Luz, parece um mau começo da turma de Belém, aliás a condizer com os encontros que antecederam o torneio máximo.

A angústia do Belenenses será um mal de tal forma enraizado que nada o possa extirpar? Todo aquele movimento de turbilhão, que arrasta consigo todo o processo de organização de uma equipa, precisa de ser sustido e o futebol da equipa devidamente controlado.

A velocidade de uma equipa não é somente a velocidade de desmarcação e antecipação dos seus jogadores, mas, essencialmente, a velocidade da bola, a rápida variedade de lances. E tudo isso tem de ser doseado e organizado de forma a que os onze jogadores não cheguem ao fim do jogo estafados e profundamente convencidos da inutilidade do seu esforço.

Querer jogar a bola
O que mais admiramos na equipa do União de Tomar é a sua intransigente toada futebolística. Recém-chegado de uma Divisão onde não se pratica um futebol evoluído, salvo raras excepções, o União consegue estar entre os maiores sem a preocupação de baixar a donde veio, sem receio de jogar o que sabe e sem vergonha de mostrar o seu estilo. Não é consigo a defesa cerrada das balizas, o jogo «mastigado» à espreita do momento «X» para o contra-ataque.

Pode acontecer que em luta com equipa muito poderosa, os unionistas não tenham outro remédio que não seja praticar um futebol vincadamente defensivo, mas, se assim acontecer, será mais uma consequência da superioridade alheia do que complexo de inferioridade própria disfarçada pela necessidade de ganhar pontos.

O ponto que a equipa ontem conquistou num relvado para si naturalmente difícil, poderá ter sido ganho com certa dose de felicidade, mas não foi conquistado através de noventa minutos vincadamente defensivos, que não deixam uma nesga ao adversário, que o cansa, o satura, o predispõe ao relaxamento que pode, então, ser explorado pelos golpes de contra-ataque.
É uma equipa arrumada.

Nota-se o que se sabe, quando tem a bola e tenta conservá-la, fazendo-a correr de jogador para jogador em triangulações ou toques certeiros.
Não existe, na equipa de Tomar, um padrão de jogo caracteristicamente ofensivo ou acentuadamente defensivo. A equipa joga com certa elasticidade ocupando os diversos sectores do campo consoante as situações que se lhe deparam. Há mobilidade e descontracção. Os jogadores também podem tomar iniciativas, conforme a inspiração de momento sem receio de comprometerem o conjunto.

Daí termos visto a equipa nas escalas mais diversas do conjunto de tácticas modernas: Ora interpretando o «4x2x4», ora formando em «4x3x3», ora desdobrando-se por variantes que sacrificavam elementos à defesa para os integrar no ataque ou linha média, ora indo buscar ao ataque reforços para a estrutura do meio-campo, o União demonstrou a sua capacidade de assimilação dos processos que tornam maleáveis os sistemas.

É claro, as coisas também saíram bem à equipa. O Belenenses podia ter ganho o jogo se toda a sua força ofensiva, que a pôs no campo (indiscriminadamente, mas pôs), tivesse colectado lucros dessa insistência. Mas, em nossa opinião, há quem tenha sorte porque ela lhe cai do céu, e há quem a mereça porque a procurou. O União procurou a felicidade tanto da defesa das suas balizas, como no duelo do meio campo que conseguiu equilibrar, quando a equipa parecia vítima do «bombardeamento» do Belenenses, e ainda, especialmente, por nunca ter abdicado da ideia de atacar as redes de Gomes.

Lampejos
O Belenenses foi uma equipa muito pouco esclarecida, na primeira parte do jogo. E preocupado, na segunda, embora se deva reconhecer que jogou de forma a poder ter conseguido até um resultado largo.

Onde está o mal? Existe um círculo vicioso. A defesa, pouco segura, influencia, de certo, o comportamento dos médios e estes, na medida em que não conseguem «segurar» a bola, criam os mais diversos problemas a um sector que se encontra longe da «forma». E os homens da frente ficam um tanto entregues à própria inspiração.

É que o futebol de ataque não é uma situação que se possa criar queira o adversário ou não, a menos que a superioridade em relação a este seja muito grande. E não entendemos como haver futebol ofensivo sem uma defesa à altura de anular os contra-ataques e sem uma linha média que desempenhe o importante papel de apoio.

Os «azuis» viveram todo o segundo tempo, que foi o melhor da equipa, em pânico. Há uma falta de auto-confiança nos recursos, um receio imenso do poder ofensivo do antagonista, de um golo que torne as coisas trágicas. E, em contrapartida, a expectativa do ponto nas redes adversárias torna-se em obcecação. Esse estado de espírito, que obriga os jogadores a estar no campo em luta contra o relógio, em busca da tranquilidade, é que rouba recursos a um conjunto que pode fazer muito mais.

Em primeiro lugar os «azuis» precisam de vencer a barreira do fatalismo.
Ontem, observámos as atitudes de Assis, Ernesto, Laurindo, Walter, quando bolas que pareciam bem dirigidas para as redes foram defendidas por Arsénio. Foram exemplos de desalento, pormenores que revelaram desânimo e, ao mesmo tempo, o tal fatalismo que os belenenses têm de expulsar.

A necessidade premente de marcar golos, de distanciar o adversário no marcador, de conquistar tranquilizante posição, gera na equipa um estado psicológico que a leva, no caso de ser contrariada pelos jogadores antagonistas (que também jogam), ou pelo azar, a desenfrear-se num futebol onde apenas existe uma coisa: garra.

É pouco. O Belenenses tem de conquistar o auto-domínio de si próprio. E afinal não nos parece que seja muito difícil. Ainda ontem lhe vimos uma meia dúzia de jogadas que podem servir de exemplo de um estilo que o conjunto deve adoptar: bola pelo chão, futebol muito apoiado. Num desses lances – o melhor do jogo – Laurindo perdeu o golo que teria coroado excelente lance. Mas, se quisermos rever a jogada, encontraremos motivos para creditar à falta de calma de Laurindo o infeliz remate do lance: Walter estava colocado em muito melhor posição e logo um metro atrás.

Dois extremos
Numa altura em que se diz que em Portugal há poucos extremos dignos desse nome, o Belenenses apresentou nada menos de dois: Laurindo e Fernando. São dois jogadores diferentes no estilo, mas ambos caminham para uma «forma» que os há-de notabilizar. E isso porque possuem «conteúdo» técnico.
É provável que Laurindo possa ter ainda maior utilidade jogando no meio campo ou na posição de «ponta-de-lança», mas a maneira como executa e sabe procurar a bola, aliada à necessidade que as equipas têm de recuar, por norma, um dos extremos que pode desempenhar papel relevante na manobra do «miolo», não o impede de jogar num dos lados do campo. Com Fernando, as coisas parecem diferentes: o madeirense sente-se muito mais à-vontade junto à linha. Os dois foram, porém, os melhores jogadores do Belenenses.

Ainda na linha dianteira, a entrada de Walter ainda afastado da «forma» melhorou imenso o sector. De qualquer maneira, Dorado teria de ser substituído. Ernesto, um tudo nada pesado, precisa de mais uns treinos a «sério». Quando ambos estiverem fisicamente bem, o problema da linha avançada do Belenenses pode estar resolvido.

Luciano teve uma primeira parte inferior à segunda. Mas é um jogador de utilizar. Quanto a Freitas, achamo-lo muito mais útil no quarteto defensivo, onde não há segurança. Quaresma está em má «forma». Assis também não se encontra bem. Cardoso, com altos e baixos. Esteves o mais certo. E em cima de tudo isto, um mau jogo colectivo, com desacerto nas dobras e constantes erros no tempo de entrada.

Gomes não teve culpas nos golos.

Do União de Tomar, veio um exemplo magnífico de colectivismo. A equipa teve, também, a virtude de nunca ter acreditado que perdia. E a sorte ajudou ao resto.
A substituição de Conhé por Arsénio foi muito bem observada. O ex-Sanjoanense fez defesas extraordinárias. A defesa teve nos «centrais» os melhores elementos. Os «laterais» não estiveram tão bem, embora tivessem sabido explorar os corredores dos seus lados para apoio do ataque.
Cláudio, Ferreira Pinto e Dui (na segunda parte, Vicente) formaram um sector de certo relevo.
E Leitão foi o jogador mais em evidência no ataque.

O árbitro
Rosa Nunes não nos agradou totalmente. Pequenas desatenções (que as teve) podem originar graves prejuízos. No jogo de ontem o Belenenses terá sido o mais prejudicado pela displicência do árbitro.»
(“A Bola”, 16.09.1968 – Crónica de Homero Serpa). Post amavelmente cedido pelo Blog Amigo, UNIÃO DE TOMAR

Rolando pelo lápis de Galvão

ROLANDO Jorge Pires da Fonseca, nascido em São Vicente (CV) a 31 de Agosto de 1985,
embora representando outro clube, é um dos elos, o outro é Rúbem Amorim, que liga o Belenenses ao plantel da selecção nacional, que inicia hoje a sua participação no Campeonato do Mundo.
A "malta" do Belém não esquece os «seus», por isso, boa sorte, Rolando e Rúbem Amorim!

Lembramos que o último dos 61 internacionais "A" Belenenses foi o Neca, no já longínquo dia 20 de Novembro de 2002.

Clicando aqui pode ver todos (61) internacionais "A" do Belenenses.

José Cardoso Pinto de Queiroz, "Zecas"

"Zecas" ladeado por Feliciano e Sério

Na qualidade exibicional da equipa Campeã há, para além da excepcional qualidade técnica e artística dos seus componentes, algo que "revolucionaria", à época, o futebol português e que inclusive iniciaria a discussão sobre a necessidade de profissionalizar o futebol: a qualidade e intensidade da preparação física das equipas.
De facto, a preparação física, de um novo tipo - muito mais que uma simples ginástica que era até então ministrada de uma forma incipiente - foi algo de novo no futebol português.
A inovação, de que o Belenenses foi percursor, e que teve Augusto Silva como responsável, veio pela "mão" dos conhecimentos técnicos de "Zecas", o «professor de ginástica", como então se dizia.
Em entrevista que António Feliciano deu à revista Flama, em Dezembro de 1945, fica patente a satisfação e reconhecimento, dos jogadores, por esse valor acrescentado: «Penso ser a ginástica uma das causas fundamentais dos resultados que temos obtido.
O nosso professor de ginástica, José Queiroz, tem sabido tirar muito rendimento de que somos capazes, e certamente no futuro faremos melhor, se os outros clubes não olharem a sério para a preparação física dos seus jogadores, quer proporcionando-lhes boas condições para o fazer, quer incutindo-lhes no espírito as vantagens incalculáveis da ginástica bem orientada».
Clique aqui para ler a entrevista na integra.

Documentos, de relevo para a historia do Belenenses, cedidos pelo Amigo do BI no Facebook, Augusto Cardoso.

Jogadores do Belenenses celebram a conquista do título de Campeão de Lisboa da época de 1945-46




Domingo, 18 de Novembro de 1945. Belenenses, 6 - CUF, 0. Com esta vitória o Belenenses acabava de se sagrar campeão de Lisboa. Sábado, 1 de Dezembro de 1945, com o título garantido na jornada anterior, o Belenenses jogou contra o Atlético (3-1) a partida da consagração e celebração. 
Os jogadores, de uma forma aparentemente contida, celebram a vitória.
Reconhecem-se entre outros: Mariano Amaro com o "bouquet" de flores, Rafael, Capela de mãos nas ancas, Armando, Zeca Queiroz, Vasco, Feliciano, Gomes, o massagista Pama. 
Até na vitória os Belenenses demonstravam ser diferentes... nada de exuberâncias, aceitando o êxito como resultado do trabalho colectivo e da soma da categoria individual de cada um dos componentes da equipa.
Em "estágio" para mais um jogo: Rafael Correia, Feliciano, José Cardoso Pinto de Queiroz "Zecas" (preparador físico), Augusto Silva (treinador), Artur Quaresma e a filhinha, Capela, Serafim das Neves e Mariano Amaro

Equipa do C.F, «Os Belenenses» Campeã de Lisboa em 2ªs categorias da época de 1947/48


Leoneto Correia, Caetano, Ayres Martins, Joaquim Fernandes, José Baltazar, Henrique Silva
Fernando Matos, Marques Almeida, João Orey, Pinto de Almeida e Santos

À excepção de Orey todos os outros elementos vieram da categoria de juniores. (...) no 1º jogo deste campeonato, contra o Benfica, houve uma coisa curiosa: entrou um boi para dentro do campo, mas o bicho viu que estava ali a mais e.... foi-se embora...(...). Colaboração do Amigo do BI, Joaquim Caetano.

Chiquinho e Kobla

Chiquinho Conde e Kobla Kolokota

Faleceu um grande Belenense: o ex-presidente do clube, Major Baptista da Silva

O Belenenses e o universo desportivo ficaram mais pobres.
Major Baptista da Silva faleceu hoje, no Hospital da Luz, onde se encontrava há algum tempo devido a doença prolongada.
Condecorado a 6 Maio passado com a Cruz de Cristo de Ouro-Dedicação e Valor, Baptista da Silva, que nesse dia comemorou 81 anos, esteve ligado a períodos dourados da história do Belenenses, com destaque para os anos 1972/74.
Com o major na liderança da direcção, os azuis conquistaram a melhor classificação dos últimos 50 anos.
Um segundo lugar na temporada de 1972/73 numa equipa onde pontificavam Quaresma, Mourinho, Freitas, Luís Carlos, Eliseu, Pietra, Quinito, entre outros. Foi também com Baptista da Silva que o Belenenses inaugurou a iluminação do Estádio do Restelo e a sala de troféus.

Foto e texto retirados da "A BOLA Online".

"A equipa do Major Baptista da Silva"

Chalana, Morato, José Mário e José António

Chalana e Morato
Zé Mário e Zé António

Como foi possível o Belenenses descer de divisão com um plantel de luxo !?


Como foi possível o Belenenses descer de divisão com um plantel de luxo ? Na nossa opinião encontra grande parte da resposta no final deste "post".
⮚ Plantel da época 1990-91:
⛹Guarda-redes: Mihaylov, Justino e Pedro Espinha
⛹Defesas: Galo, Nito, José António, Morato, José Mário, Rui Gregório, Oliveira, Carlos Ribeiro, Edmundo e Grosso.
⛹Médios: Teixeira, Juanico, Taira, Sadkov, Jaime, Paulo Monteiro e Fernando Macaé.
⛹Avançados: Chalana, Chico Faria, Chiquinho Conde, Raudnei, Saavedra, Mirandinha, Gonçalves, Kobla, Paulo Sérgio e Serralha.
⮚Treinador(es): Moisés de Andrade, Henry Depireux, António Lopes e Vicente Lucas.
⚽Melhor(es) marcador(es) da equipa: Sadkov e Chiquinho Conde (4 golos) e Paulo Sérgio (3 golos).
⛹Jogadores mais utilizados: Morato (34 jogos), Chiquinho Conde (29 jogos) e Nito (28 jogos).
O Belenenses, classificou-se em 19º (29 pontos) a 2 pontos do último (Nacional) e a 3 pontos do ante-penúltimo (E. Amadora).
🏆Morato, foi considerado pelo jornal "A BOLA" o jogador mais regular do campeonato, recebendo o então prestigiado Troféu "Somelos Helanca". 
⮚Presidente: Joaquim Ferreira de Matos

O «onze» do Club de Football «Os Belenenses», campeão de Portugal de 1927

Da esquerda para a direita: Francisco Assis, Augusto Silva, Joaquim Almeida, José Luíz, José Manuel Soares 'Pepe', Fernando António, Alfredo Ramos, César de Matos, Silva Marques, Júlio Marques e Eduardo Azevedo

Belenenses, Campeão Nacional da 2ª divisão, época 83/84

"A «cósmica» diferença entre um «Boeing» e um táxi aéreo, no jogo de ontem com o Vizela (5-0)" In primeira página de "A Bola" de 11 de Junho de 1984
Resultados dos jogos referentes ao torneio para o apuramento do Campeão Nacional da 2ª divisão:
20/05/1984 Vizela, 2 - Belenenses, 2 (golos de Meneses e José António)
27/05/1984 Vizela, 4 - Académico, 1
03/06/1984 Belenenses, 2 - Académico, 0 (golos de Djão e Joel)
10/06/1984 Belenenses, 5 - Vizela, 0 (2 golos de Dudu, 1 de Djão e 2 de Joel) Belenenses sagra-se campeão a duas jornadas do fim do torneio de apuramento.
15/06/1984 Académico, 3 - Vizela, 2
21/06/1984 Académico, 3 - Belenenses, 3 (2 golos de Joel e 1 de Meneses, g.p.) 
Clique aqui para ver todos os resultados dos jogos e marcadores dos golos do Belenenses, na época de 1983/84.

Aos Amigos e Camaradas do futebol, um afectuoso abraço do Mariano Amaro

Festa de Homenagem a 26 de Dezembro de 1948 no Campo José Manuel Soares (Salésias)



Palmarés desportivo de Mariano Amaro da autoria de Ricardo Ornellas

Um feixe de notícias sobre Mariano Amaro


"MARIANO AMARO é uma figura inconfundível de atleta grande entre os grandes, que bem define as excelsas virtudes da nossa raça.
Valentia, lealdade, vontade decidida e espírito de sacrifício são atributos deste excepcional jogador, que tantas tardes de glória deu ao desporto português.
Despedindo-se, agora, dos campos de desporto, Mariano Amaro continuará, porém a ser - como grande exemplo - seguro guia para todos os jovens desportistas da nossa terra"
(…) Foi no dia 4 de Julho (1948) p.p. Era domingo, final da taça de Portugal.
Vim cedo para a Baixa - para tomar o meu cafezinho e para matar o vicio de palestrar um pouco antes de seguir para o Estádio.
- O Amaro não joga !!!...
Não quis acreditar. Era impossível. E foi então que o meu prezado amigo Dr. Silva Rocha me trouxe para fora do Nicola e ali, à borda do passeio em ar de confidência, me disse cheio de amargura:
- É verdade, infelizmente é verdade. O Amaro não joga hoje - nem voltará a jogar!
Senti, confesso, um verdadeiro baque no coração, porque eu sou verdadeiramente amigo do rapaz.
E, além disso, era e serei um admirador incondicional do seu génio futebolista.
Tive um arrepio indefinido - mas desagradável e doloroso até.
Pior do que a mágoa sofrida a quando da derrota dos 0-10 de Portugal - Inglaterra, o que aliás, se compreende: - contra os Mestres Ingleses, perdeu-se apenas um desafio em hora e meia de jogo, mas na madrugada de 4 de Julho de 1948, Portugal perdeu para sempre um dos seus melhores jogadores de todas as gerações!
Um daqueles que ficam fazendo falta perpétua. Um dos insubstituíveis…
E querem então, que eu tenha palavras de homenagem para com Amaro?
Sinceramente - desisto.Porque, dentro de mim, só tenho saudades - muitas saudades do grande jogador…(…) Alberto Valente

Personalidades como: André Navarro, Francisco dos Reis Gonçalves, A. Ribeiro Reis, Alberto Valente, Alberto de Brito, António Sequeira, Augusto Silva, Cândido de Oliveira, Fernando Soromenho, Lança Moreira, Quádrio Raposo, Raul de Oliveira, Rebelo da Silva e Tavares da Silva escrevem sobre Mariano Amaro aquando da sua festa de homenagem.
Uma minibiografia de Mariano Amaro, centrada sobre o seu caractér de homem e desportista. Um documento de grande valor histórico para os Belenenses e para o desporto português.

A doença de Mariano Amaro

"Chegam-nos notícias animadoras de Mariano Amaro, o internacional belenense que, em vésperas da final da Taça de Portugal, se sentiu adoentado e teve de abandonar a prática do futebol.
Submetido a rigoroso tratamento médico, e ao mesmo tempo carinhoso acompanhamento na sua doença pelo clube e por grande número dos seus amigos, Mariano Amaro, na sua quietude de Lousa, numa casinha lá do alto, vai arribando.
Mas não vemos que se promova a sua festa - que será uma grande manifestação do futebol português.
Amaro, viu-se obrigado a abandonar para todo o sempre o jogo da bola - e precisa encarar o futuro confiadamente.
Se alguém merece um sacrifício do futebol é este rapaz, que marcou uma posição inconfundível. Porque se espera, então? Que se aguarda ?" In "Stadium" de 15 de Setembro de 1948.
Mariano Amaro, capa da "Stadium" de 11 de Junho de 1941

O Belenenses vence o Porto por 3-0 e aproxima-se do título...


 época 1947/48
  1. Sério defende, sob a protecção de Serafim; Correia Dias e Amaro observam com atenção
  2. Sério mergulha aos pés de Sanfins
  3. Barrigana evitou a entrada de Teixeira da Silva, e um defesa aliviou o campo
  4. Teixeira da Silva disputa a bola, num ataque

Belenenses lanterna vermelha após ser goleado em Alvalade

Sporting, 6 - Belenenses, 2:
Um golpe pleno de movimento e acção.
O esforço dos três homens - Caetano, Wilson e Serafim - é um certificado de luta !
Capa da revista "Stadium" de 15 de Novembro de 1950

Belenenses-Benfica: O tira-teimas da meia-final da «Taça de Portugal» de 1941

Belenenses e Sporting disputam amanhã (22 de Junho de 1941) a «final» da «Taça de Portugal»
"Foi assim que Lourenço marcou o 1º ponto do Benfica, que foi também o primeiro «goal» do desafio em que o Belenenses o eliminou. 
À DIREITA: Gomes do Belenenses alivia o seu terreno.
NO ALTO DA PÁGINA: Uma emocionante jogada; Martins defende um potente «tiro» de Tellechea."
Em cima: Um lance de grande perigo junto às balizas do Benfica.
À direita, vê-se Martins, guarda-redes do Benfica, caído por terra, após uma colisão com um avançado de Belém e (a seguir) numa oportuna defesa por alto.
In "SÉCULO ILUSTRADO" edição de 21 de Junho de 1941.
Resultados das meias finais:
Belenenses - Benfica: 0-1, 2-1, 3-2 (após prolongamento)
Sporting - Unidos: 8-1 e 3-1

🏆Jogo de desempate: Estádio do Lumiar, 15 de Junho de 1941, com uma assistência longe de corresponder à importância do encontro, embora ainda avultada. Árbitro: Vieira da Costa, do Porto.

 - Os grupos alinharam:

⛹Belenenses - Salvador; Simões e Feliciano; Amaro, Gomes e Varela Marques; Gilberto, Oscar Tellechea, Horácio Tellechea, Bernardo Soares e Rafael.

⛹Benfica - Martins; Gaspar Pinto e Elói; Baptista, Francisco Albino e César Ferreira; Lourenço, Pires, Francisco Rodrigues, Teixeira e Valadas.

⚽Marcadores: 0-1, aos 42' por Lourenço; 1-1, aos 57' por Rafael; 2-1, aos 60' por Horácio Tellechea; 2-2, aos 79' por Rodrigues, em jogada muito confusa; Prolongamento: 3-2, aos 110' por Oscar Tellechea. 

A melhor equipa de sempre do Belenenses

 Página do "Record" de ontem, 26 de Maio de 2010
Goleador Andrade recorda o título de campeão nacional de futebol, fez ontem 64 anos: «No final do jogo vi directores e jogadores a chorar, o Amaro e o Rafael não paravam»
"O Elvas marcou no 1º minuto; os golos de Quaresma e Rafael valeram a reviravolta" Artur Quaresma: "Todos queriam vencer-nos" José Sério: "Havia pessoas nas árvores"

O Belenenses foi Campeão Nacional há 64 anos

Um Campeão que honra o futebol português

(…) Em certo momento coube-lhe defrontar o Benfica, que se apresentava pletórico de jogo e rico de energias.
Vencendo-o em bolas e em jogo, o Belenenses como que recuperou novas energias.
Assim, todos os adversários que, sucessivamente, terçaram armas com ele - foram vencidos.
E essas lutas adquiriram rara beleza porque os adversários procuraram dificultar ao máximo a conquista do título.
A última jornada sintetiza bem o que foram as pugnas derradeiras.
Basta dizer-se que o Belenenses só conseguiu arrancar o triunfo quase no fim - depois de um sofrimento atroz…

Para muitos, os escolhos que o Belenenses encontrou no seu caminho diminuem a grandeza do seu belo triunfo.
Para nós indiferentes a cores no nosso papel de críticos, isso avoluma uma das mais belas vitórias de todos os tempos.
A verdade nua e crua, é que o Belenenses nos surge na competição como team mais apetrechado para o título de campeão - o que não significa que este não pudesse emoldurar o distintivo do Benfica.

O Belenenses foi um grande grupo!
Acusando uma linha de harmonia que constitui o segredo do seu êxito.
Com um trio defensivo seguríssimo (o número de bolas sofridas depõe a favor !), há em todos os seus sectores a interdependência que caracteriza os grandes onzes de clube.
Da linha medular pode afirmar-se que é a mais equilibrada e homogénea, aquela em que as qualidades dos seus componentes tapam os seus defeitos.
Quando passamos para a linha da frente, ainda não encontramos motivos de aplauso, embora muitos julguem (talvez com razão) o compartimento menos apto do conjunto.
Mas um grupo é um todo, e deve ser observado neste ponto de vista.

Além de tudo, o Belenenses é o team que joga mais em conjunto e mais consistentemente pratica um plano de futebol estudado e analisado em minúcias.
Os seus componentes são também executantes de mestria que se integram no plano e lhe dão realização com facilidade de movimentos.
Mais. O team de Belém consegue dar ao seu futebol um cunho de habilidade que não é mais do que a arte do jogo.
Deste modo, em dia de acertos, o Belenenses parece-nos um team em que tudo está bem e no seu lugar, e em que todos os jogadores contribuem para a unidade do conjunto

Chegando ao fim, o Belenenses marcava na tabela 38 pontos, isolado, com 18 vitórias, três empates e duas derrotas, 74 bolas a favor contra 24.
Quem poderá contestar o mérito do seu triunfo? (…)

Belenenses Campeão de Portugal em 1946 - Ao titulo de Lisboa juntou o de Campeão de Portugal.
"O Belenenses ganhou o campeonato nacional. O jogo foi difícil - naturalmente. O S. L. Elvas fez tudo para não perder.
Vê-se em cima, à direita, o grupo campeão, a que só falta José Pedro, que publicamos na Capa, por ter sido um dos melhores homens no terreno.
Ao lado, uma boa defesa de Semedo, apertado por José Pedro; a seguir, à esquerda e à direita, novas ofensivas belenenses, a que não falta nova defesa oportuna de Semedo."

In "Stadium" de 29 de maio de 1946


Feliciano, Vasco, Gomes, Serafim das Neves, Mariano Amaro e Capela
Mário Coelho, Elói, Armando, Artur Quaresma e Rafael Correia

Lucinda Simões é uma das mais valorosas atletas do Belenenses

revista "Stadium" de 20 de Novembro de 1946
Legenda da foto: «Lucinda Simões, uma das mais valorosas atletas do Belenenses, que é ao mesmo tempo uma fresca e graciosa rapariga»

📷 A foto: a revista "Stadium", certamente por lapso, ao invés de publicar a  foto de Lucinda Simões, publicou a de Georgete Duarte.

MATATEU DÁ-ME A TUA CAMISOLA

Anúncio do jornal i

T-Shirt do "estilista" Gennaro

O jornal "i", criou um anúncio para divulgar a venda de camisolas retro.
Esse anúncio que reproduzimos neste "post" refere, em letra envergonha e remetida para a lateral da página, que" Esta é uma homenagem a Matateu e a todos os jogadores que como ele honraram as cores nacionais".

Não achamos que este anúncio seja um primor de criatividade.
Não obstante, é um anúncio de novo tipo, que rompe com os já tradicionais apelos ao mercado/leitores dos 3 "grandes".
É um anúncio justo, porque nunca foi feita justiça a um dos melhores futebolistas da história do futebol português, Matateu.
É um anúncio "democrático" porque não apela directamente aos habituais 6 milhões, mais os que dizem que têm um número aproximado de adeptos, o que nos torna num país com o dobro dos habitantes apesar do Instituto Nacional de Estatística insistir, à décadas, em dizer que somos só 10 milhões.

Finalmente, este anúncio tem a virtude de lembrar a quem ama o Clube, algo que magoa porque demonstrativo do descaso com o que o clube tem sido "governado":
Ou seja, como é possível que as sucessivas direcções do clube nunca tenham tirado partido, das figuras/símbolo de maior relevo do Clube?
Ou dos equipamentos históricos (dêem uma olhada nas fotos da lateral do BI...)?
Ou da evolução do emblema ao longo de 90 anos, ou da falta de bibliografia oficial, etc, etc, fazendo "merchandising" com um mínimo de profissionalismo ?
O "mercado" é pequeno? olhem que não ! é que os belenenses têm a tradição da família, ou seja há um factor de multiplicação por cada belenense sócio ou não-sócio, por cada simpatizante.

PS: com outra "gente" a dirigir o Clube, há muito tempo que se tinha iniciado uma subscrição, entre os belenenses, de modo a erigir uma estátua, um busto, algo que fosse digno e perpetuasse a memória de Sebastião Lucas da Fonseca "o Matateu", tal qual foi feito relativamente ao Pepe.